sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

À janela de Taraio (3)

Aqui se recorda Manuel Taraio, o amigo, o pintor, o homem. Mais depoimentos e memórias sobre Taraio enviados para este blog. 


Olá, provavelmente lembra-se de mim... Chamo-me Ana Sofia Almeida, tenho 15 anos e tive, infelizmente conhecimento da terrível notícia que abala a família de Manuel Taraio, neste momento e para sempre.Sei o que estão a sentir, pois já senti o mesmo, e sei que nada do que os outros façam ou digam nos pode fazer sentir melhor. Porém espero com a minha experiência poder ajudar-vos a lidar com o sofrimento que é perder alguém que amamos.Deixo, para finalizar uma mensagem de apoio e de esperança de que melhores dias virão...
Ana Sofia Almeida
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Olá, deverão estar a perguntar-se quem sou e porque escrevi este pequeno comentário. Não o faço por um bom motivo por isso desejava nunca o fazer, mas assim não foi possivel, infelizmente.Sou uma jovem de 15 anos, chamada Filipa, que teve o enorme prazer de conhecer Manuel Taraio, bom homem, bom pai, bom marido, bom pintor.
Conheci-o no condominio da quinta da rosa, onde ele habitava, era vizinha dele.Não falámos muito, mas deu para perceber que tinha prazer na vida que levava e que fazia o que gostava.
Em relação à familia, só posso dar os meus pêsames, e mostrar-me ao dispor para prestar qualquer ajuda que seja necessária.
Também já passei pela morte de um familiar, mas de forma mais leve porque era mais nova, mas sei o quanto custa a perda de alguém.
Irei sempre relembrar Taraio como um homem muito bem disposto e simpático.
Para a familia lembro que ele estará sempre a olhar por vocês e que gostaria de vos ver alegres, pois assim também ele o era.
Cumprimentos,
Filipa (vizinha de Manuel Taraio).
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Privei com o Taraio (para nós, Luís) algumas vezes, sei-o hoje que foram insuficientes. Sabemo-lo sempre tarde demais.
O Luís foi sempre um homem íntegro, de família, amante dos espaços abertos, dos amanheceres e entardeceres, da luz especial que cada dia vai depositando na nossa vida.
Tinha um sentido estético superior e transportava-o de forma magistral para os quadros que pintava.
O Luís foi sempre (na vida, na família e nos quadros) a serenidade.
O mundo perde um excelente pintor, nós perdemos um amigo apaixonado pela luz e pelos outros.
Permanecer no coração de quem fica, não é morrer.
Até logo,
Luís!
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Taraio ocupou durante 2 anos, a carteira imediatamente atrás da minha, na turma F do Liceu D. João III, em Coimbra.
Para além de grande jogador de andebol da Académica, já tinha bem vincado o seu futuro profissional. 
Queria ser pintor!
Aliás, já o era.
Deliciava-me vê-lo a desenhar durante aquelas aulas mais "chatas".
Adeus, Querido Colega de Turma
Carlos Rodrigues de Carvalho

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Tive o prazer de conhecer e privar com o Sr. Manuel Taraio em duas das Exposições que fez na Audiomania. Era um senhor muito simpático, nada parecido com a imagem que geralmente temos de um artista.
Nunca pude infelizmente comprar nenhum dos seus quadros mas não os apreciava e admirava menos por isso. Era um grande pintor, como o João Jales diz, e não digo isto por vivermos ambos nas Caldas. 
Não sei falar da sua morte como o João Jales, não tenho aquele dom da escrita, mas achei que devia escrever a tristeza que sinto e apresentar os meus pêsames à Família.
Pedro Simões

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Não conhecia pessoalmente Taraio. Tenho no entanto visto trabalhos seus, em casa de amigos, e vi a exposição que levou este ano à galeria do Casino Estoril. É um bom pintor, numa fase  de maturidade, propícia a novas "aventuras". Houve aqui uma mão cruel do destino. Mas há uma obra, um legado valioso.
MT
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5 de Dezembro
O dia tornou-se mais pesado e triste quando olhei o quadro, assinado TARAIO, e datado de 1994. 
Já lá estava a saudade. O adeus. O irremediável.
Conhecemo-lo desde que ele chegou às Caldas, através do Carlos Mota, na altura, dono de uma galeria no Terreiro das Gralhas. Passámos a contactar muito directamente com os seus trabalhos e aprendemos a apreciá-los. Encontrávamo-nos com frequência, à volta de agradáveis conversas e petiscos. Um dos convivas, o Nuno, desapareceu para sempre e os encontros rarearam. As notícias do Taraio vinham de fortuitos encontros e da Mizá.
Um dia, em Atenas, entrei num café da Plaka, onde encontrei vários quadros dele. Espanto, surpresa e contentamento. Dirigi-me ao patrão… para falar dele, o autor dos seus quadros, e para saber mais. Que não, disse-me ele, estes são de um pintor grego chamado Cristo. Mas não desisti. Fotografei-os e trouxe-os comigo, em slides que entreguei à Guidó, fiel depositária de elementos que pudessem contribuir para a biografia de Taraio. Guardo-os na memória e não os distingo facilmente dos dele. Ambos falámos sobre este fenómeno da criação que parece mostrar que tudo está inventado.
E os encontros espaçavam-se, mas lembro muito bem do último, aqui em casa, à volta de bibliografia que pudesse ajudar a investigar os temas que estava a preparar para a exposição no Estoril. Vimos traje português e joalharia em filigrana, com motivos portugueses. Falámos também da ausência do Nuno, e da morte. Mal eu poderia imaginar que o dia de hoje fica para sempre associado ao desaparecimento de ambos. 
Olho para o teu corpo, Taraio, e interrogo-me se ainda estás aqui ou lá, dando-lhe notícias…E assim, o dia tornou-se ainda mais pesado e triste.
Teresa Perdigão
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Olá João
Só agora ouvi da São que o teu amigo Taraio faleceu e quero dizer-te o quanto lamento! 
Que difícil seguir na vida quando sabemos que um amigo já não vai continuar a estar presente fisicamente...
E quanto dói perdermos tão definitivamente uma pessoa que nos é querida.
É este definitivo, tão radical, que acho imensamente doloroso.
Fiquei impressionada quando, graças a ti, tive a oportunidade de ver quadros dele...tão impressionada que falei deles à São
Eram tão macios e tão movimentados...as cores e a textura duma macieza invulgar.
Lindíssimos todos eles!

Acredito em vida depois da morte! 
Acredito também que o Taraio vai continuar a acompanhar quem lhe era querido e agora mais livre e sem o sofrimento físico que a doença inflige.
Gostaria de poder suavizar o teu sofrimento mas também sei que só o tempo tem esse condão.
Assim resta-me desejar que em cada dia que passe a tua tristeza, vá sendo substituída por imagens alegres, vivas e felizes das vivências que partilharam.
Sê forte.
Um beijinho querido
Isabel Caixinha


1 comentário:

Francisco Jesus disse...

Tive o prazer de conhecer Taraio, em pelo menos duas exposições colectivas,homem simples, nada prepotente, humilde, e um excelente pintor. Taraio, não morreu "ausentou-se".
Depois existiu a oportunidade de nos encontrarmos nas Caldas, onde resido também, de trocarmos impressões sobre os nossos estilos de pintura.As nossas conversas, eram sempre muito salutares. Taraio até breve, pois eu também tenho a mesma doença (dupla).
Guilherme d'Almeida
Pintor de artes Plásticas