segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

domingo, 30 de dezembro de 2012

À janela de Anselm Kiefer

Anselm Kiefer, Parsifal I. 1973

sábado, 29 de dezembro de 2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A somar aos três anteriormente aprovados

Fernando da Costa
Lidia Pereira
Isabel Xavier

Quatro novos mestres em Gestão Cultural pela ESAD.CR

Daniela Ambrósio
 Rui Venâncio
 André Conceição
Patrícia Martins

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

À janela (com verde) de Pablo Picasso

Pablo Picasso (1881–1973), Woman by a Window. 1956.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

domingo, 23 de dezembro de 2012

sábado, 22 de dezembro de 2012

Então ficamos

Quando, num dia qualquer de muitos táxis e viagens, a trupe de São Torcato nos contou, a todos, algumas das histórias mais dramáticas das idas, a salto, para França, logo ali se vislumbrou uma baliza de interesse, um pedaço de história onde poderíamos coser a nossa história.
Andávamos a conviver com os tantos grupos e comunidades, e precisávamos de uma ignição qualquer para começar a contar a história que, todos, sem que o soubéssemos, já éramos.
E foi nesse momento, que uma velha mulher falou. E nos confessou o seu caso, naquela manhã friorenta, porventura como hoje, nos idos cinquenta ou sessenta, na paris capital do eldorado, que afinal não era. Pelo menos para ela. Que às dificuldades vimaranenses se sucederam as dificuldades do estrangeiro. E que um dia, entre a casa e a escola da criança, antes do trabalho, caíra com a filha no colo, no colo da neve. Que por um momento pensou que, ficando tombada na neve, terminaria ali o seu calvário. Que a morte de ambas poderia ser a solução para as tantas dificuldades. Que bastava uma pequena decisão, responsabilidade sua. Ficariam: uma, no colo da outra, agarrada ao seu pescoço; a outra, segurando aquele tesouro, dizendo-lhe – quem sabe? – uma derradeira cantiga de embalar. Mas que, finalmente, numa espera que parecera ter durado uma eternidade, ela decidira erguer-se, sacudir a neve e, com aquele impulso, se erguera uma esperança. Que tudo, afinal, não passara de uma espécie de lapso no tempo, matéria que também estava em estudo, naqueles tempos de pesquisa e audição, para nós.
E com esta peça, se arrancou para o puzzle deste acontecimento. Para uma espécie de coisa que é o espetáculo que julgamos estar a fazer.
Com esta chave, virava-se uma página da nossa demanda. Mas isso só o saberíamos mais tarde. Sabíamos ao que andávamos, sem que soubéssemos o que queríamos. Que a queda seria a metáfora do que queríamos fazer. E que aquele lapso de tempo experimentado na neve, seria o tempo que o espetáculo duraria: três segundos só.
E caminhámos.
Íamos sendo engravidados (um pouco em cada conversa, um muito em cada gesto espetacular a que assistíamos e sofríamos) pelas reflexões para-artísticas destas gentes que aproveitaram esta oportunidade e a voz que, por fim, tiveram. E, então, estas pessoas falaram. E disseram das suas fragilidades, expondo a alma, como quem mostra a casa em dia de Páscoa. E das suas ambições. E das suas desesperanças.
Mais de dois anos volvidos, hoje todos somos a mulher que caiu (que continua a cair) e todos somos os que habitamos essa mulher, porque todos somos a mulher em estado de casa e de memória. Somos protagonistas e antagonistas dessa história, porque neste jogo, podemos ser tudo ao mesmo tempo. Estamos metidos nesta espécie de festa, coisa séria, urdindo a teia enquanto nos aperta a trama. Livres e cativos, somos um bravo coro em procissão ardente, não já constituído pelos doze ou quinze da antiguidade grega, mas pelos seiscentos que agora somos. De onde, pontualmente, há de emergir o corifeu que se precisa para nos lembrar que a Cidade é uma utopia possível e, por isso, sonhável. E, porque todos sabemos e tudo conhecemos, podemos autorizadamente comentar o gesto que acabámos de fazer, porque fomos nós que o fizemos, mesmo tendo sido outro corpo e, porventura, outra voz a protagonizá-lo.
E ficamos. Pois então. No momento seguinte ao filet mignon, ficamos no tempo do feijão, da salsicha e do atum. Da precariedade do argumento que sabe que não terá uma resposta. Uma dança sem par. Ficamos, pois. Para onde havemos ir? Pode ser opção, ou pode ser vocação. Importa de menos porque, o que vale é este estar estando, de quem fica, militantemente, ficando.

António Durães
Diretor Artístico de ENTÃO FICAMOS


FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Encenação e direção artística: António Durães
Orquestração e direção musical: Fernando C. Lapa e José Mário Branco
Maestro: Peter Bergamin
Cenografia: Fernando Ribeiro
Figurinos: Cláudia Ribeiro
Assistente de figurinos: Berta Cardoso
Mestra costureira: Celeste Marinho
Assistente mestra costureira: Alice do Vale
Costureiras: Mónica Melo, Emília Dias, Goreti Pimenta, Maria José, Nélinha, Cidália, Assunção
Alfaiate: Joaquim Azevedo
Assistente de alfaiate: Mª Lurdes Azevedo
Adereços: Tiago Magalhães
Desenho de luz: José Álvaro Correia
Direção de som de sala: Tó Pinheiro da Silva
Direção de som de palco: Mário Seco
Direção de cena: Inês Maia
Assistência a direção de cena: Inês Gregório, Vanessa Santos, Vanessa Freitas, Sofia Peralta
Assistência de encenação: Nuno Preto
Movimento: Cristina Mendanha
Coordenação vocal: Magna Ferreira
Ensaio de cena com comunidades: Cristina Mendanha, Rafaela Salvador, Maria João Mota (Pele)
Ensaio musical com comunidades: Luísa Barriga, Magna Ferreira, João Guimarães, Carlos Correia, Joaquim Alves (Percussão), Tiago Simães
Textos (a partir das comunidades): Amélia Muge, José Mário Branco, Adolfo Luxúria Canibal, Carlos Nobre
Música: Amélia Muge, Miguel Pedro, António Rafael, José Mário Branco, Fernando C. Lapa, Carlos Nobre
Identificação e articulação temática comunidades / Equipa criativa: Rui Pereira
Produção executiva - A Oficina: Mauro Rodrigues
Produção técnica - A Oficina: Francisco Grilo
Coordenação de projeto: Suzana Ralha
Assistência de coordenação: Florbela Castro, Júlia Rodrigues

ORQUESTRA DAS BEIRAS
Diretor artístico: António Vassalo Lourenço

Participantes:
Abel Cerca da Cunha; Abílio Lima de Freitas; Adão Vilela Beltrão; Admilson Pereira Cabral; Adriano José Silva Lemos; Afonso Ribeiro; Albano Manuel Alves; Alexandre Ferreira Moreira; Alexandre Mendes Teixeira; Alice Manuela Silva Cunha; Ana Benedita Santos Morim; Ana Carolina Guise Pereira; Ana Catarina Freitas Martins; Ana Catarina Freitas Vale; Ana Catarina Mendes Pinto; Ana Catarina Vieira Portela; Ana Cláudia Faria Ribeiro; Ana Cristina Azevedo Silva; Ana Cristina Ferreira Pereira; Ana Fernandes Pereira; Ana Filipa Ferreira Freitas; Ana Francisca Costa Pereira; Ana Francisca Ferreira; Ana Isabel Costa Gomes; Ana Isabel Faria Moreira; Ana Isabel Paiva Neto; Ana Luís Cardoso; Ana Luísa Pereira César; Ana Luísa Silva Gonçalves; Ana Manuela Martins Silva; Ana Maria Freitas Cardoso; Ana Maria Pimenta; Ana Marta Caetano; Ana Miguel Fernandes; Ana Paula Barbosa Castro; Ana Paula Ramos Soares Costa; Ana Raquel Fernandes Azevedo; Ana Salgado de Almeida; Ana Sofia Barbosa Sampaio; Ana Sofia Silva Oliveira; Anabela Antunes; Anabela Sousa Pereira; André Almeida; André Filipe Fernandes Silva; André Miguel Alves Matos; Andreia Félix; Ângela Pereira Ribeiro; Ângelo Emanuel da Silva Campos; Anísia Nadine Silva Teixeira; Antónia Maria Ribeiro da Silva; António da Silva Pinto; António Filipe Oliveira Gomes; António Nicolau Nunes de Almeida; Armanda Guimarães; Armando Jesus Machado Sousa; Aurora Maria Pereira de Faria; Bárbara Fernandes Silva Gonçalves; Bárbara Inês Pereira César; Beatriz Abreu Lemos; Beatriz Freitas; Beatriz Silva Fernandes; Beatriz Susana Teixeira Pinto; Bebiana Pereira Sousa; Benjamim Rodrigues Machado; Bernardo Salgado; Bruna Catarina Silva Ramos; Bruna Filipa Peixoto; Bruna Ribeiro; Bruno Miguel Machado Silva; Cacilda Fátima Ferreira; Camila Macedo; Carina Isabel F. da Silva; Carla Alexandra P. L. Miranda; Carla Gameiro Cruz; Carla Marisa da Silva Pinheiro; Carla Silva; Carlos Bruno P. Freitas; Carlos Daniel Silva Félix; Carlos Duarte; Carlos Jorge Soares Palavras; Carlos Oliveira; Carlos Xavier Mendes Araújo; Carmen Maria Teixeira da Silva; Carminda Maria Castro; Catarina Correia Cardoso; Catarina Dias; Catarina Gonçalves Guimarães de Castro; Catarina Lopes da Silva; Catarina Silva; Catarina Silva Pacheco; Cátia Sofia Lopes Mendes; Cecília A. M. Silva Soares; Cecília Pereira da Silva; Cédric Alves da Cunha; Cláudia Sofia Coelho Pinto; Cláudia Agostinha Pereira e Pereira; Cláudia Catarina Soares Sampaio; Cláudia Filipa Leite; Cláudia Sofia Nogueira Oliveira; Conceição Pires; Cristiana Isabel Duarte Alves; Cristiana José; Cristina Leite Magalhães; Dana (Ona Danute); Daniel Firmino da Silva Henriques; David Eduardo Pereira; David Meireles; David Oliveira Fraga; Débora Gabriela L. Gomes; Delfina Silva Castro; Diana Beatriz Silva Moura; Diana Isabel Dias Machado; Diana Roriz; Diana Silva Félix; Diogo André P. Andrade; Diogo António Alves Costa; Diogo Filipe de Lemos Silva Canário; Domingos Alberto Almeida Ribeiro; Domingos Faria; Domingos Fernandes Ribeiro; Domingos Ferreira Marques; Domingos Luís Freitas Abreu; Dorinda Soares Cardoso; Eduarda Manuela da Cunha Ribeiro; Eduardo Ferreira Pereira; Eileen Dias; Élia Sousa Alves; Elisa Maria Costa Nogueira; Elisabete Abreu; Elisabete Ribeiro Silva Teixeira; Ellen Antunes; Elsa Catarina Ribeiro Ferreira; Elsa Maria Pereira Machado; Esmeralda Rosa Freitas Mendes; Estrela Joana Costa Salgado; Eugénia Monteiro; Eunice F. Barbosa Oliveira Bastos; Felizardo Dirceu Mendes Ferreira; Fernanda Lima; Fernando Ribeiro; Filipa Manuela Salgado Morais; Filipa Orquídea Silva Pinheiro; Filipe André da Costa Andrade; Filipe Manuel Freitas Mendes; Filipe Manuel S. Fernandes Costa; Filipe Manuel Silva Ribeiro; Filipe Nuno Brito Esteves; Flávio José Araújo Ribeiro; Francisca F.M.R. Leite; Francisca Gomes; Francisca Ribeiro; Francisca Sampaio Neves; Francisco Peixoto Ferreira; Francisco Silva; Gabriel Ribeiro Teixeira; Gabriela Susana Freitas Silva; Glória Silva Monteiro; Goretti Ferreira; Helena Sousa; Helga Sofia Sousa Alves; Hélia Filipa Sousa Alves; Igor Gonçalves; Ilídia Barbosa; Inês Magalhães Monteiro; Inês Marques Antunes; Inês Oliveira; Inês Sofia B. Borges; Inês Sousa Donas Oliveira; Isabel Cunha Lopes Fernandes; Isabel Freitas do Amaral; Isabel Silva; Ivo Jorge Castro Moreira; Joana Abreu Lemos; Joana Alexandra Lima Freitas; Joana Fernandes Peixoto; Joana Filipa Leite Costa; Joana Margarida Silva Mendes; Joana Rita Costa Machado; Joana Rita Mendes Pinto; João Artur Fernandes; João Baptista Ferreira Fontão; João Carlos Pedrosa Teixeira; João Carvalho; João Cunha; João Manuel Ferreira Pereira; João Manuel Lemos Silva Canário ; João Miguel Correia Novais Granado; João Miguel G. Lopes Ferreira; João Miguel Oliveira Bastos; João Óscar Amaro das Neves; João Pedro Faustino Cardoso; João Pedro Machado; Canário; João Pedro Oliveira Ribeiro; João Sousa; Joaquim Castro Matos; Joaquim Gonçalves; Jorge Carvalho; Jorge Lemos Abreu; José Amadeu Ferreira; José António Vieira Machado; José Carlos Silva; José Freitas Abreu; José Leonel Costa Meneses; José Luís Costa Novais; José Luís Gonçalves da Silva; José Manuel Mesquita; José Manuel Queirós; José Maria Silva Gomes; José Marques; José Miguel; José Paulo Fernandes Azevedo; José Rui Xavier Matos; Josefa da Silva Matos; Josefa Graça Pinheiro Costa; Josefa Oliveira Freitas; Josefina Maria Magalhães Araújo; Judite Alves; Judite Machado; Júlia Ana Silva Leite; Juliana Ferreira; Juliana Gomes Dias; Juliana Maria Lima Silva; Júnior Soares; Laura de Belém Mendes Lopes; Laurinda Matos Salgado; Leonel Lima Gomes; Liliana Marcela Soares Silva; Lino Alexandre Silva; Lucas Oliveira; Ludovina Vieira Martins; Luís Cunha; Luís Machado da S. F.; Luís Miguel Costa Vieira; Luís Miguel Martins Fernandes; Luís Miguel Mendes Pinto; Luís Miguel Sampaio; Luísa Martins; Madalena Gameiro Cruz; Mafalda Costa Reis; Mafalda Ribeiro Ferreira Silva; Manuel Agostinho Freitas Oliveira; Manuel Alberto S. M. Sousa; Manuel Costa Cunha; Manuel Costa Teixeira; Manuel da Silva; Manuel Inácio Novais; Manuel Jorge Ribeiro Alves; Manuel Paulo Leite Silva; Manuel Santos Alves; Manuel Silva Ribeiro; Manuela Bourbon; Manuela Freitas; Mara Eulália F. Silva; Mara Raquel Pereira Marinho; Márcia Alexandra P. Meneses Pacheco; Márcia Filipa Mendes Carvalho; Margarida Adelaide Lopes Teixeira; Margarida Atilano Peixoto; Margarida Guerreiro; Margarida Mendes; Margarida Oliveira; Maria Adelaide Araújo Fontão; Maria Adelaide Magalhães Silva; Maria Aidé Silva Nogueira; Maria Antónia Fernandes Lopes; Maria Ascensão Fernandes Magalhães; Maria Aurora Machado Silva; Maria Barbosa Lopes; Maria Benedita Santos; Maria Cacilda Alves Coelho; Maria Carmo Fernandes Batista; Maria Celeste Ferreira Pinto; Maria Conceição Araújo; Maria Conceição C. Cunha; Maria Conceição Carvalho; Maria Conceição Ferreira; Maria Conceição Ferreira Machado; Maria Conceição Pinhão Leite; Maria Conceição Vieira Freitas; Maria Emília E. Pimenta Pacheco; Maria Emília Lopes Pereira Abreu; Maria Esmeralda Lobo Ribeiro; Maria Esquível Costa Freitas Fernandes; Maria Fátima Costa e Silva; Maria Fátima Marques; Maria Fátima Pinhão Leite; Maria Fátima Pinto Fernandes; Maria Felismina Pimenta Oliveira; Maria Fernanda Carneiro; Maria Fernanda Castro; Maria Fernanda Silva Braz; Maria Glória Cardoso Marques; Maria Gonçalves Carneiro; Maria Helena Flores e Santos; Maria Inês Santos Costa; Maria Isabel Sousa Araújo; Maria João Faria Costa; Maria João Faria L. do Carmo; Maria João Luís; Maria João Machado Mendes; Maria João Silva Ribeiro; Maria José F. Nobre Machado; Maria José Faria Marques; Maria José Lima; Maria José Maia Carvalho; Maria José Sampaio; Maria Júlia Vieira Veloso; Maria Laura de Matos; Maria Lopes; Maria Luísa Ferreira Sousa; Maria Lurdes Ferreira Alves; Maria Macieira; Maria Madalena Queirós; Maria Manuela S. Mendes; Maria Nazaré Cotas; Maria Rita Ribeiro Fernandes; Maria Rosa Fernandes Silva; Maria Rui Sampaio; Maria Sofia Machado Freitas; Maria Soledade Bastos; Maria Sousa Donas; Mariana Freitas; Mariana Helena Matos Dias; Mariana Pinto Sarmento; Mariana Santiago; Mário Gonçalves; Mário José Fernandes; Marta Alexandra Guimarães Machado; Marta Carvalho Oliveira; Marta Cristina Ferreira Xavier; Marta Gabriela Ribeiro; Marta Manuela Mendes Freitas; Marta Sofia Pinto; Martinho Lobo; Matilde Bastos; Matilde Fernandes; Miguel Fernandes Azevedo; Miguel Medeiros; Mila Oliveira; Moisés Ferreira; Nayara Pinto Diaz; Nelson Cristiano Ferreira da Silva; Nuno Francisco Salgado; Olga Maria Ferreira Dias; Olga Neiva; Olímpia Armanda Pereira Silva; Olinda Maria Pereira Ribeiro; Olinda Maria Silva Melo; Olívia Manuela Marques Antunes; Patrícia Azevedo; Paula Catarina Magalhães Coutinho; Paula Cristina Fernandes Alves; Paulo Gabriel Gonçalves Lemos; Paulo Jorge Alves; Paulo Renato Fernandes Faria; Paulo Silva Ribeiro; Pedro Almeida; Pedro Andrade; Pedro Bruno Lopes da Costa; Pedro Manuel Rodrigues Martins; Pureza Azevedo Silva; Raquel Maria Marques Lima; Raquel Sousa Pereira; Regina Anjos Silva; Regina Isabel Vieira; Renato Alexandre Silva; Rita Esquível Costa Coelho Lima; Rita Pimenta Bourbon Sampaio; Rita Sofia Alves Pereira; Rodolfo Domigos Macedo Moreira; Rosa Alves dos Santos; Rosa de Jesus Leite; Rosa Machado Silva; Rosa Maria Lopes Teixeira; Rosa Pereira Félix; Rúben Ribeiro Oliveira; Rui Jorge Ribeiro Guise; Rute Isabel Silva Fernandes; Sandra Palavras; Sara Carvalho; Sara Gisela Novais Pinheiro; Sara Pacheco; Sílvia Fraga da Nóbrega Pereira; Sílvia Freitas; Sílvia Marlene Silva Teixeira; Simão Pedro Vaz Sampaio; Sofia Maria M. P. Silva; Sónia Cristiana Gonçalves Silva; Sophia Freitas; Susana Pereira Fernandes; Sylvie Marinho; Tânia Rafaela Castro Oliveira; Teresa Brito V. Oliveira Bastos; Teresa Marques; Teresa Nobre Machado; Teresa Rosa Silva; Tiago; Alexandre M. Silva; Tiago José Alves Matos; Tiago Morais Carvalho Candal; Tomás Barreto Cabral; Tomás Canário Guimarães; Vanessa Catarina Santos Morais; Vânia Salgado; Vasco António Correia Rocha; Verónica Costa; Verónica Santos Morim; Victor Manuel Pereira Abreu; Viktoriya Dukró; Virgílio Machado; Vítor Hugo Pacheco Silva; Zulmira Fern. Nogueira.

Outros participantes

MÃO MORTA António Rafael; Adolfo Luxúria Canibal; Miguel Pedro; Joana Longobardi; Vasco Vaz; Sapo
OUTRA VOZ EM CORO FIXO Ana Cristina Azevedo Silva; Carla Silva; Cristiana José; Elisabete Abreu; Fernando Ribeiro; Filipe Manuel S. Fernandes Costa; Ilídia Barbosa; João Miguel G. Lopes Ferreira; João Miguel Oliveira Bastos; Maria José F. Nobre Machado; Marta Gabriela Ribeiro; Matilde Fernandes; Teresa Nobre Machado
ORFEÃO COELIMA Anabela Sousa Pereira; Antónia Maria Ribeiro da Silva; Armando Jesus Machado Sousa; Aurora Maria Pereira de Faria; Joana Margarida Silva Mendes; João Batista Ferreira Fontão; Júlia Ana Silva Leite; Laura de Belém Mendes Lopes; Manuel Alberto S. M. Sousa; Manuel Silva Ribeiro; Maria Adelaide Araújo Fontão; Pedro Bruno Lopes da Costa; Raquel Sousa Pereira
VILANCICO António Filipe Oliveira Gomes; Maria Esmeralda Lobo Ribeiro
ACADEMIA DE MÚSICA VALENTIM MOREIRA DE SÁ Leonel Lima Gomes
CORAL DE LETRAS DA UP: Diretor Artístico José Luís Borges Coelho / Sopranos Ana Carvalho; Anita Faria; Carolina Santos; Célia Araújo; Isabel Pereira; Paula Brochado; Paula Oliveira; Paula Santos / Contraltos Albertina Brochado; Aldina Pereira; Ana Almeida; Andreia Fernandes; Gabriela Marques; Guilhermina Costa; Isabel Ferreira; Lurdes Castro; Rumi Sakamoto; São Luís Castro / Tenores Daniel Moreira; Fernando Adérito; Ilídio Brochado; José Dias; Rui Castro; Sérgio Santos / Baixos Agostinho Magalhães; David Pantoja; João Rodrigues; Jorge Grave; Jorge Pinheiro; José Silva; Matias Schoner; Paulo Gusmão
GRUPO DE CAVAQUINHOS DE MOREIRA DE CÓNEGOS António da Silva Pinto; Carlos Xavier Mendes Araújo; David Eduardo Pereira; Eduarda Manuela da Cunha Ribeiro; Eduardo Ferreira Pereira; Felizardo Dirceu Mendes Ferreira; Filipe André da Costa Andrade; João Manuel Ferreira Pereira; João Pedro Faustino Cardoso; José Manuel Mesquita; Manuel Agostinho Freitas Oliveira; Maria Celeste Ferreira Pinto; Maria José Faria Marques; Marta Alexandra Guimarães Machado; Nelson Cristiano Ferreira da Silva; Paulo Renato Fernandes Faria; Rúben Ribeiro Oliveira
GRUPO DE PERCUSSÃO RITURB Ana Raquel Fernandes Azevedo; Bruna Filipa Peixoto; Bruno Silva; Cláudia Sofia Nogueira Oliveira; Gabriela Susana Freitas Silva; Luísa Martins; Maria João Luís; Miguel Fernandes Azevedo; Patrícia Azevedo; Paulo Silva Ribeiro
GRUPO DE PERCUSSÃO ALLCATEIA Igor Gonçalves; João Carvalho; João Cunha; João Sousa; Jorge Carvalho; José Miguel; Luís Cunha; Mariana Santiago; Mário Gonçalves; Miguel Medeiros; Pedro Almeida; Pedro Andrade
GRUPO DE PERCUSSÃO TOKAKI Ângelo Emanuel da Silva Campos; Carlos Daniel Silva Félix; Carlos Jorge Soares Palavras; David Oliveira Fraga; Diogo Filipe de Lemos Silva Canário; Elsa Maria Pereira Machado; Francisco Silva; Ivo Jorge Castro Moreira; João Manuel Lemos Silva Canário; João Pedro Machado Canário; José Luís Gonçalves da Silva; José Paulo Fernandes Azevedo; Lino Alexandre Silva; Paula Cristina Fernandes Alves; Sandra Palavras; Sónia Cristiana Gonçalves Silva; Sílvia Fraga da Nóbrega Pereira; Vasco António Correia Rocha.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Registo

Senhor Presidente da Câmara, Senhor Secretário de Estado da Cultura
Devo, em primeiro lugar, fazer deste momento um símbolo partilhado. Nele se concentram, tanto a lembrança emocionada do esforço dispendido, como o impulso da continuidade, tanto a energia acumulada na acção cumprida, como a confiança no desafio lançado ao futuro.
É um momento de conclusão e também de prospectiva. Ao andar, fizemos o caminho, como disse o poeta António Machado. Continuando a andar, Guimarães prosseguirá o caminho. Prosseguindo o caminho, Guimarães irá mais longe.
É justo referir agora e saudar as organizações e instituições que caminharam connosco: dos órgãos de soberania: Presidente da República; Assembleia da República; Governo (e permitam-me aqui uma menção especial aos responsáveis pela Cultura - cuja presença nesta sessão nos é muito grata - pela Economia e Desenvolvimento Regional e pelo Turismo); Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte; a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu; as inúmeras entidades, públicas e privadas, que pelas mais diversas formas de parceria e apoio, participaram com particular desvelo, no projecto Capital Europeia da Cultura.
Permitam-me que signifique na pessoa do Dr. António Magalhães, e na Câmara a que preside, o agradecimento caloroso que é devido a toda a cidade, uma cidade que exibiu e viveu o título de Capital Cultural da Europa com entusiasmo, sedução e brilho. Sr. Presidente, a nossa gratidão só encontra paralelo na admiração pela combatividade, pela visão e liderança que todos lhe reconhecem.
Neste momento, quero agradecer também a todos aqueles – e tantos foram! – que fizeram deste projecto o seu projecto, programando, produzindo, planeando, criando, trabalhando. A todos – órgãos e colaboradores da Fundação Cidade de Guimarães e de A Oficina envolvo num abraço de reconhecimento e afecto. Sei que não esqueceremos este ano e o que dele fizemos.
Toda a comunicação social nos acompanhou de forma exemplar, conferindo a este ano de cultura relevo e impacto. A todos os meios envolvidos no imenso Fazer Parte desta Capital endereço um profundo agradecimento, com um destaque especial ao grupo RTP, cujo o esforço e o empenho, dignificando um serviço publico que importa tenha continuidade, quero aplaudir.

Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Nesta senda, a nova criação juntou-se ao património, seguimos as raízes até ao presente, trazendo-as ao encontro do que é diferente, específico e irredutível na contemporaneidade. Neste projecto, a cultura não perdeu de vista a dimensão económica e urbana e integrou a dimensão educativa e social. Acrescentou lajes e rastos aos que tinham sido legados pelas gerações anteriores. Um dos mais importantes desses rastos liga Guimarães à Europa e ao resto do mundo, consciente do lugar próprio da cultura e das cidades na curva apertada que temos pela frente.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar
Os sulcos abertos revelaram a cultura como sistema urbano, dotado de estruturas e profissionais, que planeia e adapta, que presta serviços e produz, que capta recursos e fixa talento, que articula interesses e expectativas. Aqui, a cultura fez-se enquanto política pública e em colaboração com o nível associativo e privado/empresarial.
Esses sulcos foi a cidade que os recebeu e fomos todos nós que os abrimos. Cada um desses sulcos pontua uma malha que, ao mesmo tempo, se apertou e se estendeu. É malha de uma rede regional e nacional, europeia e internacional.

No princípio deste caminho estava a cidade. E ela aí está, de novo, perante nós: é a mesma e já é outra.
Agora, sabe melhor que andar é trânsito e transição, passada e passagem, reconhecimento e descoberta. Neste ano memorável, transportámos memórias acrescentadas de novas memórias e actualizações de memórias antigas. Ampliámos a cidade com novas experiências e novos saberes. Forjámos laços de sentimento e compreensão que nos ajudam a ambicionar um futuro com mais sentido do colectivo e mais afirmação do singular.
O espectáculo que vai em seguida ter lugar é um resumo e uma metáfora do caminho andado. Nele intervêm mais de meio milhar de pessoas vindas de todos os lugares do concelho e arredores. Como estas:
- O Carlos que tem 16 anos. Em 2011 aderiu ao projecto Uma História do Futuro e descobriu em si o gosto da escrita. Foi seleccionado para uma visita a Maribor e acompanhou em Guimarães os jovens eslovenos que dali partiram. Participou no projecto Krisis e agora neste. Fez novas relações. Ao fim da noite procura boleia para a freguesia onde vive, Gonça, uma das mais distantes da sede do concelho.
- A Maria do Carmo que trabalha numa loja no Toural. Com o marido, desempregado, entraram no Outra Voz porque “faz bem estar com outros”. Começa a trabalhar às 7h da manhã e nunca sabe a que horas consegue chegar ao ensaio da noite. A patroa deu-lhe agora a tolerância horária bastante para que pudesse concretizar o seu sonho de fazer um grande espectáculo.
- O Fernando que é professor associado no Departamento de Electrónica Industrial da Universidade do Minho. A sua vida académica é muito preenchida e tem 4 filhos. Faz parte do corpo de voluntários e integra o coro Outra Voz. Abriu a sua casa ao Mi Casa es Tu Casa e realizou um projecto no Guimarães Noc Noc. No dia seguinte às provas de agregação, o Prof. Fernando corria a Feira Afonsina trajado de guerreiro medieval.
- O Senhor Domingos que está reformado. Entrou, pela primeira vez, na fábrica de cutelaria onde o pai trabalhava, aos 4 anos. Um dia, na Herdmar, viu entrar pela fábrica as crianças envolvidas nas residências artísticas da Capital Europeia da Cultura e sentiu um grande alegria pela diferença do seu tempo de menino. Quando soube que algumas das peças que construiu nestas residências estariam aqui, lançou de novo mãos à obra, retocando os corações que martelara com as crianças.
São histórias de pessoas concretas, que fazem o arco, tantas vezes invisível, que desenha a ponte, como notou Ítalo Calvino. Estas histórias, que poderia multiplicar por mil, por 10 mil. Testemunham que valeu a pena.
São histórias de cidadania, de confiança na energia que cada um pode dar e receber, transmitindo-a a um projecto de todos e de cada um. Esta é a cidadania que não tem dúvidas em responder à pergunta: que podes fazer pelo teu País, pela tua cidade, pela tua terra?

A cidade está no princípio e no fim deste projecto. Está na transição que agora começa. Com um espaço público enriquecido, vivido de forma intensa. Com uma abertura renovada à pluralidade cultural e artística e ao cosmopolitismo. Com fronteiras mais porosas entre produtor e consumidor, entre público e privado, entre erudito e popular, entre antigo e jovem. Ficámos com um território mais apetrechado com parcerias para a cultura. Um território mais consciente de que a solidariedade se revaloriza também pela colaboração em processos artísticos e culturais.
Guimarães viveu a utopia da sua capital da cultura na realidade do seu dia a dia. Fê-lo com inovação e com realismo. Com entusiasmo e com criatividade.
É uma cidade e é todas as cidades, que se revêem na mesma ambição.
A criação artística e cultural reelabora o imaginário das cidades. Mas deve, como aqui sucedeu, ancorar-se no real, encontrando-se com as percepções, as necessidades e os sonhos dos seus habitantes.
A cultura é a casa do homem, aquela em que ele se pode sentir mais abrigado do inumano. Os humanistas acreditam nisto, desde sempre. É em nome desse humanismo cultural e crítico que a Europa se fez e tem de continuar a fazer-se. De Guimarães, cidade portuguesa, europeia e universal, nós afirmamos a nossa vontade de construir o futuro em nome do melhor que somos.

Viva Guimarães!
Viva Portugal!
Viva a Europa!
Viva a Cultura!


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

À janela de João Guimarães Rosa

Ela era. Tal que assim se desencantava, num encanto tão terrível; e levantei mão para me benzer — mas com ela tapei foi um soluçar, e enxuguei as lágrimas maiores. Uivei. Diadorim! Diadorim era uma mulher. Diadorim era mulher como o sol não acende a água do rio Urucúia, como eu solucei meu desespero.
O senhor não repare. Demore, que eu conto. A vida da gente nunca tem termo real.

Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci, retirando as mãos para trás, incendiável; abaixei meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca.
Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com tesoura de prata… Cabelos que, no só ser, haviam de dar para abaixo da cintura… E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo:
— ‘Meu amor!…’
Foi assim. Eu tinha me debruçado na janela, para poder não presenciar o mundo.

João Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas. 1958.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

À janela de João Guimarães Rosa

Janela do amor imperfeito

Alta esquina no céu, tua janela
surge da sombra e a sombra faz dourada.
Já não me sinto só defronte dela,
me chega doce o fel da madrugada.
Atrás dela te estendes alva e em sonho
me levas desamado sem saber
que mais amor te invento e que te ponho
sobre o corpo um lençol de amanhecer.
Doce é saber que dormes leve e pura,
depois da sura e fatigante lida
que a vida já te deu. Mas é doçura
que sabe a sal no mais azul do peito
onde o amor sofre a pena malferida
de ser tão grande e ser tão imperfeito.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

À janela de João Guimarães Rosa


Foi de incerta feita — o evento. Quem pode esperar coisa tão sem pés nem cabeça? Eu estava em casa, o arraial sendo de todo tranqüilo. Parou-me à porta o tropel. Cheguei à janela.

Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e, embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo, num relance, insol
itíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse — o oh-homem-oh — com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera, aquele homem, para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, ferrado, suado. E concebi grande dúvida.

"Famigerado", in Primeiras Estórias, Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 1988, pág. 13.

Caminhar


- "Gatinho de Cheshire"... começou um pouco tímida, pois não sabia se ele gostaria do nome, mas ele abriu mais o sorriso.
- "Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?"
- "Isso depende bastante de onde você quer chegar", disse o Gato.
- "O lugar não me importa muito...", disse Alice.
- "Então não importa que caminho você vai tomar", disse o Gato."
- ... desde que eu chegue a algum lugar", acrescentou Alice em forma de explicação.
- "Oh, você vai certamente chegar a algum lugar", disse o Gato.. "se caminhar bastante"...

Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

...p'ra'qui chegar.

Je suis en route
J'ai toujours été en route.

Blaise Cendrars

sábado, 15 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

À janela de André Derain

André Derain (1880–1954), Window at Vers. 1912

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

À janela de Larrry Rivers

Larry Rivers (1923–2002), Jim Dine Storm Window. 1965

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

À janela de Picasso

Pablo Picasso (1881–1973), The Woman at the Window, state II. 1952

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

À janela de Jacques Prévert

Jacques Prévert (1900–1977), The Window of Isis. 1957

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Ó meu amor! ó meu damasco, ó minha seda

Ó meu amor! ó meu damasco, ó minha seda,
Ó meu guizo de prata,
Meu colar de pérolas deixado em cima da cómoda,
Minha aliança de ouro em dedos já velhinhos e fieis,
Minha cantiga de raparigas ao poente,
Ó meu fumo de cigarro, tão inútil e tão necessário,
Minha Bíblia para as crianças brincarem,
Minha amante que eu queria trazer ao colo como uma filha...
Olha, tenho as mãos em febre...
Tenho a testa a escaldar, tenho os olhos muito estranhos...
Todos olham para o brilho dos meus olhos e espetam-se neles...
Eu tenho febre e tenho sede e lembro-me de ti por causa disso
Porque se eu te tivesse como te quereria ter
(Não sei se é de um modo físico, ou de um modo psíquico)
Eu não teria nem febre, nem sede, nem a testa a arder,
Nem os olhos secos, muito secos, sob a fronte...
Tu não sabes o que tem sido a minha vida!...
Tu não sabes que martírio tem sido o meu...
Se tu soubesses o que é amar as coisas simples e calmas
E não ter jeito para procurar senão as outras coisas!
Se tu soubesses porque é que quando eu estou na minha quinta de dia
Tenho saudades dela como se não estivesse lá...
Se tu soubesses o que eu sinto à noite, nos hotéis, pelas ruas,
Se tu soubesses! Mas eu próprio não sei o que é que sinto...
Minha lantejoula, minha casa de bonecas,
Ó meus brinquedos da minha infância atados com cordéis!
Ó meu regimento que passa com a banda à frente,
Minha noite no circo, nos cavalinhos, a rir dos palhaços...
Ó minha (...)

Poemas de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. (Edição crítica de Cleonice Berardinelli.) Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990. p. 325.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Maribor

The European Capital of Culture project (EPK) has brought the cities involved, region and the country a lot of good, Suzana Žilič Fišer, the head of Maribor 2012, the institute in charge of the project, believes. She thinks it has also contributed to people's "awakening from apathy" and encouraged them to speak up.

Director of ECOC 2012: "International recognisability of Maribor and the parter cities has significantly increased because of the EPK. Maribor has become one of the top ten destinations in 2012, tourist numbers exceeded expectations"
As some are drawing parallels between the EPK and anti-establishment protests that were born in Maribor, Žilič Fišer says in an interview with the STA that after 2012, the year in which Maribor holds the title of European Capital of Culture, the city will never be the same.
"If this project encouraged citizens to become more self-aware, if it encouraged democratisation of opinions and a public dialogue...our goal has been achieved."
As part of the EPK both traditional as well as on-line projects enabled people to express their opinions, positions on various issues, according to her.
Having people expressing their opinion was very much needed in Slovenia, where apathy became increasingly wide spread, especially among the young people.
Žilič Fišer believes the biggest lasting achievement of the project is the mental shift that has happened because Maribor and its partner cities to the project (Murska Sobota, Novo mesto, Ptuj, Slovenj Gradec and Velenje) were put in the centre of attention of international community.
Subsequently, all those who work in these cities have been given an opportunity to be seen in the wider, European region, she says.
"This is why I think coproductions and projects of cooperation with international institutions are so important. I hope this cooperation will continue in the future as well and this is definitely an added value of the EPK."
Žilič Fišer also cherishes the cooperation between culture and science through the University in Maribor as "extremely important for the creativity of the city".
Another positive feature has been volunteering, which the EPK has been encouraging and which Žilič Fišer thinks should be nurtured in the future. "More than 7,000 hours of volunteer work done by different generations certainly indicate a huge shift in the mentality of the people."
The EPK also brought economic effects, including by attracting more tourists. "International recognisability of Maribor and the parter cities has significantly increased because of the EPK. Maribor has become one of the top ten destinations in 2012, tourist numbers exceeded expectations."
"Whether or not this trend will continue, depends on the city leadership and the hospitality sector," the EPK official says.
According to her, the project also connected the partner cities, which opens many opportunities for the future, including in the form of cooperation in the drawing of European funds.
However, the project was also marred by financial issues, while the decision to put a public institute in charge of the project Živčič Fišer labels as "the least appropriate".
She says that while in other culture capitals around the world the institution that is in charge of the project is set up five years in advance, in Slovenia such an institute was set up less than a year before the start of the project.
"Many staffing changes in the management and other bodies of the institute in this short period of preparation for the project significantly destabilised the situation and prevented effective work."
Maribor 2012 also has "extraordinary big problems" with paying coproducers due to delays in payments to the institute from the state
The fate of the institute after 1 January 2013 is also uncertain although initially it was envisaged that the institute will operate until 1 July 2013. "Those who pass this decree knew that they will have to enable the institute to function by July 2013," she says.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

No tempo em que existiam 3 classes

Com a mesma facilidade e o mesmo à vontade tanto viaja em classe de grande luxo como em terceira classe. Ruben [Andresen Leitão], viajante experimentado, recomenda, no entanto, que se deve "evitar sempre e a todo o custo a 2a classe, a meia cor, a mula, o mestiço, o arroto, o chefe de balcão, a Dona Engrácia, o onzeneiro Inácio da Silva Perueiero, o pijama listrado, a prima sacanita, o palitar descarado, o anel com pedra preciosa, o guardanapo pela barriga - enfim evitar sempre um conjunto em permanente sessão solene".

Liberto Cruz e Madalena Carreto Cruz, Ruben A.: uma Biografia. Lisboa, Editorial Estampa, 2012. p. 105.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Estou encantado

Ilustração de Salgado Almeida

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cultura=Capital

Ilustração de Salgado Almeida, 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O rebanho é os meus pensamentos

IX - Sou um guardador de rebanhos.

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993). - 39.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Saudades de Paris

Há um ano, aqui estava eu, de braço dado com Woody Allen.

sábado, 1 de dezembro de 2012

À janela de Édouard Vuillard

Édouard Vuillard (1868–1940), The Window.1894