terça-feira, 18 de novembro de 2008

À mãe de um militar que partiu para o Médio Oriente

O seu filho seguiu ontem para um país distante numa missão de segurança e paz. Nos seus olhos, à despedida, percebeu que a expectativa superava a ansiedade. Não escondia o entusiasmo com que recebeu a escolha para esta missão e o orgulho pela confiança nele depositada para a executar. O seu filho, apesar de muito jovem, é já um profissional treinado, responsável, que tem do papel das Forças Armadas um exacto entendimento. Os militares têm a seu cargo a defesa da vida e a garantia da paz das sociedades. Numa era em que o global condiciona o nacional, esses valores tanto importam dentro como fora das fronteiras dos paises.
O seu filho nasceu depois de 1974 e cresceu na Democracia. Integrou-se numas Forças Armadas em processo de modernização, que há muito tinham deixado de ter como principal objectivo a manutenção de um império colonial e o suporte a uma Ditadura.
A presença de militares portugueses em missões internacionais de manutenção da paz em regiões críticas tem constituido um dos elementos fundamentais da nossa política externa. O seu contributo tem sido, mesmo em teatros particularmente complexos, como a Bósnia, o Kosovo ou Timor-Leste, positivamente reconhecidos. Teatros onde estava em causa a reconstrução nacional.
Que factores habiilitam os nossos militares para essas tarefas em países onde os laços de convivência entre grupos se partiram, deixando feridas profundas em carne viva? Elevadas capacidades profissionais, sem dúvida. Paciência, com certeza. Dedicação e afecto, sobretudo, porque aí reside o nexo que permite aos homens olharem-se de novo uns aos outros, e têm sido valores como esses que distinguem a sua acção.
O seu filho seguiu ontem para um país distante e, à despedida, a mãe não susteve uma lágrima mais aflita. Sabe que há riscos e o seu filho escolheu uma profissão onde se correm riscos. Mas enquanto limpava essa lágrima, a outra que escorria era já de saudade. A mesa de Natal este ano vai ter um lugar a menos, que os telefonemas e os mails não conseguirão preencher. Por isso a saudade já antecipa o regresso – ainda falta tanto tempo! – quando o jovem tenente entrar de novo por aquela porta e a fizer rodopiar num abraço sem fim, que lhe transmitirá a certeza de que ele fez o que devia ser feito para que o mundo seja melhor.

6 comentários:

J J disse...

Se há missões que seguramente honram alguém que escolheu uma carreira militar esta da manutenção da Paz é uma delas.
Não sei é avaliar quanto a consciência disso aplacará a ansiedade e a saudade das mães destes homens. Espero e desejo que sim.
E daqui a uns meses a alegria do reencontro fará esquecer todos os maus momentos!

Margarida Araújo disse...

Deixo aqui uma mensagem de ânimo e solidariedade. Mesmo sabendo que toda a vida acarreta riscos, existem zonas onde eles são maiores. Que os vossos dias sejam curtos, para um futuro, que se quer breve, de abraços.

Anónimo disse...

Tão jovem e já um cidadão do mundo! Em missão de Paz, na mais plena e consistente das formas: a acção! A lágrima da mãe é inevitável, tal como o é orgulho que todos nós sentimos pelo brio com que os nossos rapazes nos representam lá fora! O regresso será de uma inxcedível felicidade!
-Isabel X -

Anónimo disse...

Um abraço ao tenente, que nos representa a todos. Outro à mãe, por ser a Mãe. Outro ao amigo de ambos que soube retratar a situação.
MT

Anónimo disse...

Como Mãe o meu coração não pode avaliar o que estas "MÃES CORAGEM" sentem ao verem partir os seus jovens filhos para estas missões tão nobres e cheias de riscos. Mas, como filha, posso avaliar e garanto o quanto doloroso é ver partir um Pai, para uma guerra, que talvez pudesse ter sido evitada senão fosse a teimosia de um homem...Sou filha de militar e orgulho-me de o ser.Um beijo muito especial, para esta Mãe, repleto de coragem, força e solidariedade.

Anónimo disse...

Arma Secreta

Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.
Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.
A potência destinada
às rotações da turbina
não vem da nafta queimada,
nem é de água oxigenada
nem de ergóis da furalina.
Erecta, na torre erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.

António Gedeão