quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Governar as cidades

António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na cerimónia realizada esta manhã, de atribuição da Medalha de Honra da Cidade a Jorge Sampaio, que há 20 anos foi eleito Presidente da Câmara de Lisboa:


Como Presidente da Câmara de Lisboa, [Jorge Sampaio] pensou e deu estímulo a que se pensasse a cidade com visão estratégica e invulgar sentido prospectivo. Compreendeu, desde o primeiro dia, que “fazer cidade” é “fazer futuro”. E percebeu que as cidades de hoje não se governam com improvisações casuísticas, medidas avulsas, impulsos propagandísticos, simplificações grosseiras, voluntarismos inconsequentes. Compreendeu que uma grande cidade é um grande desafio, feito de perguntas que se sucedem e de respostas que se renovam. Percebeu que uma cidade exige um pensamento sobre ela e uma estratégia para o pôr em prática. Compreendeu que governar uma cidade é ter dela uma concepção contemporânea, humanista, criativa, solidária e cosmopolita, aliando memória e audácia. E soube que precisamos de cultivar um “patriotismo de cidade”, inscrevendo Lisboa no mapa das grandes urbes e tornando-a um lugar onde as pessoas tenham orgulho em viver e conviver.

Tudo isso compreendeu e praticou Jorge Sampaio. Por isso, os anos em que presidiu aos destinos desta Câmara permanecem como uma referência e constituem um exemplo ético de seriedade intelectual e política. 

Sabemos que Jorge Sampaio mostra muito orgulho em ter sido autarca e guarda, confessadamente, do tempo em que o foi gratas recordações. Costuma dizer que este é o poder mais próximo das pessoas e dos seus problemas, expectativas e anseios. Aquele em que estamos mais confrontados com o concreto e o urgente. Aquele em que mais criativamente temos de saber conciliar o planeamento com a intervenção, o imediato com o médio e o longo prazo, o projecto com a execução. Aquele em que um conceito vivo e responsável de cidadania mais directa e inovadoramente se pode cumprir e desenvolver.


A intervenção de António Costa pode ser lida na íntegra aqui.

3 comentários:

Anónimo disse...

Foi com alegria e comoção que li o discurso integral....
Não deixei de sentir saudades.....

Começam a ser muito poucos, precisamos de mais !!!

Menos "ECONOMÊS" e MAIS, MUITO MAIS, CIDADE, CIDADÃOS E CIDADANIA!

Obrigado
PSimões

João Ramos Franco disse...

Falar sobre Jorge Sampaio, dizer-vos que é alguém com quem me cruzei e muito conversei, antes de ele exercer cargos públicos…
Neste contexto penso que devo deixar as minhas memorias e dar lugar a palavras do discuso

"Compreendeu, desde o primeiro dia, que “fazer cidade” é “fazer futuro”. E percebeu que as cidades de hoje não se governam com improvisações casuísticas, medidas avulsas, impulsos propagandísticos, simplificações grosseiras, voluntarismos inconsequentes."
João Ramos Franco

Anónimo disse...

Emocionamo-mos com a emoção de Jorge Sampaio.Sentimo-nos frágeis(Jorge Palma), talvez muito por acçãodo momento político e económico.
Momentos como os de ontem, o abraço fraterno de Jorge Sampaio a António Costa, faz-nos ter esperança e segurança, faz-nos sentir de que vale a pena a dedicação à causa pública, a dedicação às causas da respublica....vale a pena acreditar, porque havemos de conseguir....
NB