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segunda-feira, 9 de março de 2009

Aliança das Civilizações


O Presidente Barack Obama confirmou que estará presente na 2ª reunião do Forum da Aliança das Civilizações em Istambul (6 e 7 de Abril próximos).
A nova administração americana cauciona deste modo a iniciativa de que Jorge Sampaio é o primeiro responsável, enquanto Alto Representante das Nações Unidas para esta organização a que já aderiram mais de 90 membros.
Uma boa notícia para o ex-Presidente no dia em que passam três anos em que deixou o Palácio de Belém.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sampaio revisto por Saramago


Gostei de o ver. É o mesmo homem, sóbrio, inteligente, sensível. Há vinte anos estivemos juntos na campanha para as eleições autárquicas que então se iam celebrar e que ganhámos, ele para o exercício inovador e competente da sua função de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, eu para o desempenho pouco afortunado do cargo de presidente de uma Assembleia Municipal de má memória. Calcorreámos corajosamente ruas, praças e mercados de Lisboa pedindo votos, mesmo quando, creio que por pudor, não o fazíamos explicitamente. Como já ficou dito, ganhámos, mas quem ganhou realmente foi a cidade de Lisboa que pôde rever-se com orgulho no seu máximo representante na Câmara. Tivemo-lo depois como presidente da República durante dois mandatos em que deixou a marca de uma personalidade nascida para o diálogo civilizado, para a procura livre de consensos, sem nunca esquecer que a política, ou é serviço da comunidade, serviço leal e coerente, ou acaba por tornar-se em mero instrumento de interesses pessoais e partidários nem sempre limpos. Ficámos de ver-nos com tempo e vagar, promessa mútua que espero ver cabalmente cumprida no futuro, apesar da intensa actividade no projecto da Aliança de Civilizações, de que é Alto Representante. Com Jorge Sampaio não há palavras falsas, podemos fiar-nos no que diz porque é o retrato do que pensa.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O factor humano

Da cerimónia de ontem, na Câmara Municipal de Lisboa, emotiva como poucas, pela significado do acto e sobretudo pela qualidade humana das pessoas nele implicadas, aqui fica um breve testemunho.
A atribuição da medalha de Honra da Cidade a Jorge Sampaio foi decidida em 2007, por proposta do então Presidente, Prof. Eng.º Carmona Rodrigues. Não tendo sido possível efectuar a entrega do galardão no mandato deste Presidente da Câmara, veio a transitar para o mandato seguinte, do Presidente António Costa.
Como ele próprio recordou, há no percurso político e profissional de António Costa nexos importantes com Jorge Sampaio. Foi no escritório deste que fez o seu estágio de advocacia. Fez parte da direcção política do Partido Socialista, em 1989, quando o seu patrono dele foi Secretário-Geral. Recordo-me que António Costa foi o director de campanha de Sampaio nas primeiras eleições presidenciais a que concorreu, em 1995.
Na entrega da medalha quis participar José Saramago, que fez a campanha autárquica lisboeta de 1989, lado a lado com Jorge Sampaio, como candidato à presidência da Assembleia Municipal. Eram os rostos da coligação de esquerda, pela primeira vez formada na democracia portuguesa, e que conquistaria a maioria da Câmara Lisboa. Saramago viria a dar o lugar a José Amaral, outra figura cimeira da política portuguesa das últimas décadas.
Na sua intervenção de ontem, o escritor, conhecido pelas suas frequentes intervenções críticas, por vezes até ácidas, quis homenagear a personalidade humanista de Sampaio, a quem classificou como um homem bom (e não um "bom homem"), uma  qualidade singular, sobretudo em pessoas que ascendem a altos cargos na política. "Há quem aponte o carisma como facto distintivo dos políticos, disse Saramago. Eu não gosto do carisma. Eu prefiro o factor humano. É o factor humano que fez e faz de Jorge Sampaio, da Câmara de Lisboa à Presidência da República e ao actual Alto Comissariado para a Aliança das Civilizações, um político raro".
Registe-se que foi durante o mandato presidencial de Jorge Sampaio que a Academia Sueca atribuiu a José Saramago o Prémio Nobel da Literatura, em cerimónia a que o Presidente assistiu. Em que, em consequência deste facto, Sampaio impôs ao seu antigo companheiro de funções autárquicas, a mais alta condecoração portuguesa, normalmente reservada a Chefes de Estado.
Vi na Salão Nobre dos Paços do Concelho não só antigos colaboradores e companheiros de Jorge Sampaio, como muitos antigos quadros da Câmara Municipal de Lisboa, a quem aliás o homenageado dedicou também a medalha que recebeu. Como se pode ver na pequena exposição organizada na Câmara que lembra a viragem dos anos da primeira metade da década de 90, esse foi um tempo de lançamento de novos projectos em áreas cruciais para a modernização da cidade: desde o planeamento à regeneração urbana, desde a habitação à recuperação da relação com o rio e o porto, desde a animação cultural à participação cívica. Os serviços municipais foram então chamados a novos desafios e a novas responsabilidades. Havia em muitos dos seus actores ontem presentes um orgulho justificado na obra realizada.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Governar as cidades

António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na cerimónia realizada esta manhã, de atribuição da Medalha de Honra da Cidade a Jorge Sampaio, que há 20 anos foi eleito Presidente da Câmara de Lisboa:


Como Presidente da Câmara de Lisboa, [Jorge Sampaio] pensou e deu estímulo a que se pensasse a cidade com visão estratégica e invulgar sentido prospectivo. Compreendeu, desde o primeiro dia, que “fazer cidade” é “fazer futuro”. E percebeu que as cidades de hoje não se governam com improvisações casuísticas, medidas avulsas, impulsos propagandísticos, simplificações grosseiras, voluntarismos inconsequentes. Compreendeu que uma grande cidade é um grande desafio, feito de perguntas que se sucedem e de respostas que se renovam. Percebeu que uma cidade exige um pensamento sobre ela e uma estratégia para o pôr em prática. Compreendeu que governar uma cidade é ter dela uma concepção contemporânea, humanista, criativa, solidária e cosmopolita, aliando memória e audácia. E soube que precisamos de cultivar um “patriotismo de cidade”, inscrevendo Lisboa no mapa das grandes urbes e tornando-a um lugar onde as pessoas tenham orgulho em viver e conviver.

Tudo isso compreendeu e praticou Jorge Sampaio. Por isso, os anos em que presidiu aos destinos desta Câmara permanecem como uma referência e constituem um exemplo ético de seriedade intelectual e política. 

Sabemos que Jorge Sampaio mostra muito orgulho em ter sido autarca e guarda, confessadamente, do tempo em que o foi gratas recordações. Costuma dizer que este é o poder mais próximo das pessoas e dos seus problemas, expectativas e anseios. Aquele em que estamos mais confrontados com o concreto e o urgente. Aquele em que mais criativamente temos de saber conciliar o planeamento com a intervenção, o imediato com o médio e o longo prazo, o projecto com a execução. Aquele em que um conceito vivo e responsável de cidadania mais directa e inovadoramente se pode cumprir e desenvolver.


A intervenção de António Costa pode ser lida na íntegra aqui.