sexta-feira, 17 de julho de 2009

Presidente, maioria

Regressou a tese do reforço dos poderes do Presidente. Como sempre, os argumentos a favor ou contra a expansão da componente presidencial da nossa democracia parlamentar são conjunturais e indexáveis à personalidade política do inquilino de Belém. Assim, por exemplo, um dos "cientistas sociais" (ou "politólogos") que agora se mostra favorável ao incremento dos poderes de intervenção presidencial, defendia há 5 anos a criação de uma segunda câmara e a eleição do Presidente pelo Parlamento.
É tendo em conta determinados cenários - projectando os resultados das europeias nas próximas legislativas - que se vem tentar ressuscitar um pendor presidencialista no sistema político português. Sá Carneiro, nos tempos da AD, popularizou a fórmula "Um Governo, uma Maioria, um Presidente". Chefe de uma maioria, Sá Carneiro queria um Presidente em consonância. Tratava-se de "um presidencialismo de primeiro ministro". Mas hoje o que se quer é talvez "Um Presidente, uma Maioria, um Governo". Esta é a fórmula do Presidente - chefe da maioria. Consequentemente, não um Presidente de todos os portugueses.

5 comentários:

Isabel X disse...

Por aquilo que tenho lido e aprendido, até por comparação com a Primeira República, parece-me que os poderes do presidente como estão, estão bem. Quem é que mudou de opinião? Algum dos analistas que estiveram ontem consigo (João Serra) a debater o assunto (presidencialismo) no programa da sicnotícias, Expresso da Meia Noite? Talvez o Eduardo Catroga? Por essas e por outras é que as pessoas se exaltam na defesa das posições que defendem. Quem o faz de modo pensado, experienciado, histórico até, fá-lo calmamente. É essa atitude lúcida que vai faltando à política que devia ser a actividade mais nobre de todas e que, pelo contrário, tanto descrédito vai ganhando.
Parabéns João!
- Isabel X -

João Ramos Franco disse...

Perante os cenários colocados, só posso dizer, longe vá o agoiro…
João Ramos Franco

João B. Serra disse...

Obrigado Isabel. Talves estas suas observações pudessem migrar para a zona de comentários do post seguinte, como fonte inspiradora para críticos mais exaltados...

Rui Correia disse...

Um momento indispensável para lhe significar a minha admiração, antiga de resto, pela sua pedagógica contenção na sova demonstrativa, quase desumana, que Eduardo Catroga sofreu no programa em que o João participou. De novo a sua serenidade maiêutica que muito me diverte. Um abraço amigo.

Anónimo disse...

O Professor João Serra, sai do Blog, vai para o "Expresso da Meia Noite", não avisa as tropas, e depois dá isto! ....
Nem sei o que diga!

Há uma dúvida que eu não consigo evitar: O Prof. Doutor Eduardo Catroga, pensa por conta própria, e está no seu direito! ou pelo contrário está a fazer o frete ao Prof. Sidónio Silva?

Porque é que o pulsar reformista tem que invariavelmente passar pelo anti-parlamentarismo, quase boçal!!!????

Porque é que não conseguimos plataformar reformas e políticas, focarmo-nos no essencial, e deixar o resto para as "figuras de estilo" e a "espuma dos dias"???

Será que sentimos uma "batida" anti-democrática??

E não há remédio???

Um Abraço

PSimões


PS-Descobri no outro dia, porque me explicaram, que ser arguido, em qualquer processo, permite ao visado defender-se melhor das acusações que lhe são dirigidas! Receio que a Associação dos Amigos Dilectos do Prof. Sidónio Silva, se transforme ela própria em Arguida, tal o número de associados que se encontram em estado de protecção....