segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O velho leão

Com que armas caça agora o velho leão? A memória dos feitos antigos ainda infunde o temor nas suas presas? A força e agilidade dão lugar à astúcia? Conseguirá manter unida a sua alcateia, quando o prestígio e o respeito externos todos os dias se esboroam? Podemos esperar humildade onde ontem havia audácia, ou o desespero toma o lugar de primeiro conselheiro? Em suma, o velho leão esgotou todos os recursos e prepara-se para sair de cena em paz dignidade, ou será tomado pelos demónios da destruição do mundo em seu redor?

5 comentários:

Vasco Tomás disse...

Alguns sinais, ainda tímidos, são premonitórios de que a moira, que tudo dirige sibilinamente, continuará a verrumar o "velho leão" e a sua alcateia.
Achei graça a este texto pela desarmente cifra profética como dá conta de um fim: interrogações que enunciam certezas.
Quem é o velho leão, interrogo-me... Se não me engano, tenho razões para pensar em Alberto João Jardim e sus muchachos.
É bom dizer estas coisas deste modo, fugindo ao jargão pastiche dominante. Era tempo de usar a força da linguagem poética como arma de crítica política.

João B. Serra disse...

Obrigado, Vasco. Sempre atento e informado.

J.L. Reboleira Alexandre disse...

Depois de ler o comentário do meu amigo Vasco, cheguei ao fim e disse-me (tradução de, je me suis dit):
-num texto do Vasco com 90 palavras em português, apenas não compreendo duas(verrumar e desarmente) e uma expressão (jargão pastiche).

Afinal, a longa ausência do contacto diário com a língua mãe, ainda não provocou muitas mazelas.

Aparece, mais vezes, ici et ailleurs, meu caro.
Abraço
Zé Luis

Vasco Tomás disse...

Queria dizer "desarmante", não a gralha que ficou, meu caro Zé Luis.
Afinal, Professor, já é lido no Canadá!

J.L. Reboleira Alexandre disse...

Não queria transformar este post num diálogo com o Vasco, mas parece ser o caso:
-Quanto ao «desarmente», é claro que entendera.
- No que concerne J. Serra, descobri-lhe a sensibilidade nos melhores momentos do blog do ERO, que o nosso amigo comum JJ vai mantendo, e que conjuntamente com o da Bordalo, me re-aproximou (espiritualmente, já que fisicamente tenho andado sempre por aí) dos espaços da minha adolescência.

Ter dupla nacionalidade é isto mesmo meu caro. Quem sabe se a presença no governo do ministro Álvaro (apenas Álvaro como ele disse, e estava habituado a dizer por cá, com o nosso PM) acorde os portugueses para uma nova e melhor realidade.

Zé Luis