quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Na Madeira

Escrevi a 30 de Maio de 2008, no antecessor deste blogue, a propósito de uma polémica intervenção de Jaime Gama:
"A democracia tem tido dificuldade em lidar com Alberto João Jardim e compreender a autonomia, cuja discussão, aliás nunca verdadeiramente aprofundou.
E, no entanto, a autonomia regional foi o modelo definido pela República para compatibililizar, em territórios com especiais fragilidades, a democracia com o desenvolvimento. O balanço de três décadas de autonomia não pode deixar de ser considerado positivo e, como tal, creditado a favor do regime representativo republicano. Fez bem o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, como antes o fizera o Presidente Jorge Sampaio, em sublinhar esse facto. De outro modo, a quem imputar os resultados de um exercício traduzido em índicadores de desenvolvimento e sucessivamente sufragado? À providência de um líder?
São distintas, historicamente, as situações socio-culturais da Madeira e dos Açores. Desiguais os pontos de partida e as culturas políticas que geraram e nas quais se reconhecem. Ao longo das três décadas já percorridas de autonomia, diversos têm sido também os modos de actuação e os perfis políticos das lideranças das duas regiões autónomas. Decerto que a diferença de protagonistas reflecte a seu modo a diferença de condições em que se inscrevem.
Teve pois razão Jaime Gama em sublinhar que o conceito de autonomia é mais do que um assunto de ordem política e jurídica é uma tema de "luta, tenacidade, dinâmica e afirmação em crescendo, o qual deve ser "reconhecido e valorizado".
A imputação ao regime constitucional posterior à revolução de 1974 do regime autonómico definido como um regime de solidaridade nacional com dois sentidos (do todo para as partes e das partes para o todo) não implica concordância política com o modelo de governação nem a aprovação dos respectivos processos e formas.
Manuela Ferreira Leite tropeçou, como aliás também o Presidente Cavaco e Silva, nesta questão. José Medeiros Ferreira, com a argúcia e elegância que o caracterizam, apontou-lhe o dedo. Subscrevo por inteiro as suas observações de "Bicho Carpinteiro"

2 comentários:

J J disse...

As palavras de Medeiros Ferreira são um comentário lúcido e suficiente a este assunto.
Interrogo-me o que fará uma mulher como Manuela F L dizer o que disse ou incluir nas suas listas de deputados quem incluiu. E receio que todo o nosso sistema político-partidário esteja mais minado e apodrecido do que nós julgamos, condicionando e pressionando todos os dirigentes.

samatra disse...

Essa agora ...Jardim é um caso patologico que tem sido alimentado por sucessivos governos e lideranças. Manuela Ferreira Leite esteve mal como mal esteve na altura Jaime Gama. Alguém mandaria F......... como fez Jardim sem consequencias?