quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Obviamente (2)

A figuração em pedra ou bronze de personalidades destacadas das vilas e cidades cedeu hoje o lugar a composições que visam obter uma identificação imediata do lugar. Obviamente. São marcas colocadas em espaços públicos de grande visibilidade, de preferência rotundas que distribuem o trânsito nos pontos de entrada e atravessamento urbanos. A colecção deste tipo de intervenções com grande impacte visual não cessa de aumentar.
O segundo exemplar que trago pode ser visto em Alpiarça. Situa-se no centro de uma nova praça. Atente-se na legenda da obra.





7 comentários:

Cláudia Tomazi - Brasil disse...

A exposição deste espaço público deixou a desejar. E, onde está o par masculino igualmente desfrutável? (jocoso)
Então, apenas o sexo feminino é o alvo...

Talvez, seja o ponto entre a estética e a ética um patamar de ilusão que finge ser arte, e elabora na freqüência de pensamentos dos apetites e insatisfações que confrontam comportamentos e atentam contra o bom gosto e a moral. Convenhamos.
E as pessoas obviamente têm suas regras acima do bem ou, mal, honestíssimas e de sabor irrefutável cujo critério do marketing é o detentor da causa. E como agravante, há quem goste de apelos, pois correm ao tamanho da necessidade do próprio termo. Infelizmente ou felizmente? Quem é de fato a sociedade...

Esta, avança ao elemento invisível e torna-se um movimento de catarse “kátharsis”.

Joaquim Moedas Duarte disse...

É o que se chama "cultura pimba" no sua mais lídima expressão!
Para mais, a Igreja matriz fica quase em frente, o que fez rebolar de gozo os jacobinos-débeis-mentais da minha pobre terra natal...

Chantre disse...

Um boneco, noutra escala, claro, e um jogo de palavras perfeitos na prateleira ou parede de qualquer taberna (onde a brejeirice, além de estimável, é saudável).

Cláudia disse...

E, se esta uma Bacante?

Ah! Como sois desgastada pelo tempo, esfuma na fumaça qual torpor avarento cuja vaidade da sina foi códice e, é reprima, vindima de vento.

Xico disse...

Quis o artista/escultor figurar a uva e o vinho da melhor casta numa figura de jovem mulher, bela, de músculos e seios firmes, remetendo-nos para o prazer do vinho ordenado e temperado.
Os antigos figuravam Dionísio como jovem imberbe, inocente e belo, remetendo para o mesmo prazer ordenado e temperado. Já Baco surge-nos na figura de velho decadente, ar dissoluto mostrando a degradação e a fealdade do vício.
Se a representação de Baco não nos oferece qualquer reparo, na crítica que faz ao abuso dos prazeres que geram vícios, o mesmo não se pode dizer à representação de Dionísio. Um jovem imberbe, belo e rosado, entregue à bebida e entregando-se à volúpia do olhar do artista e do espectador da obra, parece-nos bem. Gostos da época, dir-me-ão, ou identidades de “género” (como agora se diz) mal disfarçadas do artista, direi eu.
Em Alpiarça o artista criou o que, ao seu gosto e ao seu olhar, lhe pareceram corresponder melhor aos prazeres que a uva e o vinho simbolizam. Parece que a coisa merece reparos moralistas disfarçados de crítica de arte, ou de feminismos politicamente correctos.
Se a estética da obra merece reparos, não sei porque me sinto sapateiro. Quanto à escolha figurativa, não podia estar mais de acordo com o artista. A jovem representada é sem dúvida da melhor casta! Quem não gostar que se delicie olhando o infante rechonchudo de Caravaggio ou o efebo de da Vinci…gostos!

Chantre disse...

Se o subtil jogo de palavras é arte, a exibição da homonomia fácil e óbvia, naquele local, talvez seja mera boçalidade. E sugeri-lo nada tem de moralista (... o mesmo dificilmente se dirá de quem tanto se esforça para ver moral onde ela não releva).

Isabel X disse...

Claro! É, apenas, uma questão de bom gosto, de delicadeza, nada mais.

De tão ridículo, o assunto nem consegue ser triste, ou brejeiro, ou o que quer que seja. Só ridículo, atrozmente...

Cuidado, Xico, olhe que a preocupação constante em pensar de modo diferente dos outros pode ser muito estimulante, reveladora de carácter e de coragem, mas... a partir de certa altura é viciante.

Uma adição impeditiva da clarividência de pensamento (que disso está cativo), da liberdade e da independência como qualquer outra.

- Isabel X -