quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

No tempo em que não se ia ao cinema comer pipocas

Eduardo Lourenço escolheu "Deus sabe quanto amei" de Vincente Minnelli, 1958, para falar de cinema na Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide, Famalicão.
O jovem Eduardo, nascido na Guarda em 1923, foi muito novo inoculado com o virus do cinema, na altura em que o sonoro fazia a sua aparição triunfante. Era um tempo em que se ia ao cinema não para comer pipocas mas para espreitar pela janela de um novo mundo - imaginário - e para participar de uma nova sociabilidade.
A invenção do cinema afirmava-se então como a invenção de um novo mundo - disse Eduardo Lourenço. De certa forma, um céu portátil, inventado pelos homens para substituir aquele que estava a ser perdido (nos anos 30).

1 comentário:

Isabel X disse...

Uma excelente escolha de Eduardo Lourenço. Outra coisa não seria de esperar. "Deus sabe quanto amei é das histórias de amor mais completas e bem contadas de sempre. Das tais que constroem a nossa ideia de amor, mesmo a daqueles que nunca o viram. Passa a fazer parte do imaginário colectivo, ou como lhe queiram chamar.

Quanto às pipocas, seja qual for a hora da sessão, sempre há quem tenha vontade de as comer. E, no entanto, é um hábito que incomoda.

"O filme do desassossego" de João Botelho tem passado nos cine-teatros e não nas salas de cinema (também) para evitar as pipocas, segundo diz quem o apresenta.

- Isabel X -