segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ana Sobral ceramista

Ana Sobral, cuja actividade artística sigo há mais de um década, está num momento particularmente estimulante do seu percurso criativo. O controlo das opções de processo que fez está adquirido e no modesto atelier que mantém na Foz do Arelho, junto da Lagoa de Óbidos, produz hoje peças cerâmicas de grande complexidade e exigência técnica. O regresso à escola (para se licenciar em Artes Plásticas, ramo Escultura) e sobretudo o contacto frequente com outros centros de produção e ceramistas portugueses e de outros países tem funcionado como estímulo ao seu gosto pelo desafio e pela inovação estéticas.
Ontem pude ver no seu atelier, na informalidade com que Ana o franqueia, alguns dos seus trabalhos mais recentes, resultantes de exposições que não pude visitar. Falámos bastante dessas peças e dos projectos novos que aceitou.
Os seus trabalhos são construídos em torno de uma narrativa, pela qual perpassa as mais da vezes uma ironia feminina (ou mesmo “feminista”), uma chamada de atenção ecológica ou um sublinhado irreverente.
Já passava largamente do meio dia quando o sol finalmente rompeu a neblina que cobria a lagoa e inundou o atelier de Ana. Enquanto, no empedrado exterior, eu fotografava a sua colecção de 14 pares de sapatos, os trabalhos de cerâmica dispersos pelo interior da pequena loja adaptada ganhavam novos tons e projectavam novos significados.
Ana Sobral: breve nota biográfica
Nasceu em Pemba, Moçambique, em 1957. Reside nas Caldas da Rainha, desde 1980. É diplomada em Escultura pela Escola Superior de Artes e Design desta cidade. Tem participado em inúmeras exposições colectivas e individuais em Portugal (Caldas da Rainha, Torres Vedras, Ericeira, Nazaré, Setúbal, Reguengos de Monsaraz, S. Martinho do Porto, Estoril, Alcobaça). É presença regular nas bienais da Festa do Avante e de Aveiro e está representada em galerias em Lisboa, Porto e Guimarães. Faz parte do colectivo 3 Cs (Associação de Cerâmica Criativa).

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