terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O cálculo eleitoral

Pedro Magalhães vem, no Público, de hoje, reintroduzir o tema da governabilidade num cenário de vitória do PS sem maioria absoluta. De facto o PS perdeu a maioria absoluta em intenções de voto no auge do embate das suas políticas reformistas com as corporações e não a recuperou. A sua erosão eleitoral à esquerda criou um espaço onde se instalou Manuel Alegre.
O Congresso do CDS/PP trouxe o debate político para o terreno dos cenários governativos. Portas ofereceu-se para viabilizar um governo minoritário do PS, pretendendo com isso prevenir uma inclinação do Governo socialista para a sua esquerda. A hipótese que o CSD/PP queria desta forma evitar é precisamente aquela que Manuel Alegre quer garantir.
Mas sejamos realistas. O cenário mais pesado que estará em cima da mesa no caso de uma vitória do PS sem maioria absoluta não é o da aliança à direita ou à esquerda, é o da aliança ao centro. É para aí que a crise económica apontará, as medidas drásticas que então se imporão e que exigem um governo com ampla maioria. É para aí, para o bloco central, que o Presidente, feitas as contas, se inclinará também. Não é isso que significa a escolha de Manuela Ferreira Leite para a liderança do PSD?

4 comentários:

J J disse...

Não concordo com o autor deste blogue no que parece ser a defesa de que estamos perante o cenário de uma maioria absoluta do PS ou o caos. O problema é que tudo aponta (ainda...)para que, nesse caso, Sócrates seria novamente o primeiro-ministro; há quem pense que qualquer "caos" é preferível a esse pesadelo.
Também nunca vi as "políticas reformistas" que ele refere, vi o governo capitular perante os interesses privados na saúde (e não perante a "corporação dos médicos"), de cócoras perante o lobby financeiro, tentando depois vingar-se nos os professores, vítimas inocentes que esmagaria perante o gáudio da populaça sedenta de sangue. Até aí se enganou...

Anónimo disse...

Entre a Alemanha do blco central alargado e a Islândia, essa sim, do caos (convém sempre que se usam palavras como estas verificar cuidadosamente se sabemos exactamente o que significam), a escolha não me parece oferecer muitas dúvidas para todos os que se preocupam com o país e com os mais fracos.
MT

João B. Serra disse...

Duas precisões a benefício de comentadores passados ou futuros:
1ª - o post inicial constitui um comentário à crónica de Pedro Magalhães (cronista do Público às 2.as feiras). Conviria ler o texto comentado antes de comentar o comentário.
2º - o cidadão eleitor tem, além dos votos nas europeias e nas autárquicas, dois votos decisivos nos próximos tempos:
- o primeiro escolhe entre dois primeiros ministros possíveis: José Sócrates ou Manuela Ferreira Leite (não há volta a dar, qualquer voto, directa ou indirectamente se repercute nesta escolha);
- o segundo escolhe a coligação governativa, no caso de nenhum dos partidos vitoriosos ter maioria absoluta (também não há volta a dar: é difícil crer que o Presidente emposse um governo de crise sem maioria parlamentar;
- neste caso, admito que, além do voto nas legislativas, o eleitor também tenha de usar o voto ou a intenção de voto nas presidenciais (mas esta é uma questão que não cabe desenvolver aqui).
JS

João Ramos Franco disse...

Depois da realidade que me apresentas no teu texto e perante a crise que o Governo saído das próximas eleições terá de enfrentar, caso se mude de PS para PSD ou tenhamos que enfrentar um Governo de coligação, a minha opinião, apesar de ter sempre presente o principio da alternância em Democracia, no momento actual só PS deverá ser governo e com maioria absoluta.
Qualquer das hipóteses que apresentas, mesmo as de coligações, faria parar a governação no País, durante pelo menos durante seis meses a um ano, para análise dos diversos dossiers e reformulação de politicas a adoptar. A governação do País, neste momento não se faz com instabilidade governativa, todos sabemos que há sectores da Sociedade não satisfeitos, mas temos pensar que a crise que nos afecta não é da governação do PS, mas sim Global. Não podemos nem devemos colocar os nossos interesses de Classe Trabalhadora à frente da governabilidade do País.
João Ramos Franco