quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Como é que o vagar..."

Como é que o vagar nos vai movendo
o ritmo da palavra? que se fica,
parada embora, a regular o tempo
desse vagar que lhe está a vir acima.
Será a passagem lenta do silêncio
para um outro silêncio que suscita
a palavra que nele assenta. Ao meio
da zona nula de mar algum. Mas ilha
batida por aquele movimento
que está parando no seu vir acima.

Fernando Echevarría, Obra Inacabada. Prefácio de Maria João Reynaud. Porto, Edições Afrontamento, 2006. p. 623.

2 comentários:

Isabel X disse...

Existe um ritmo da palavra movido pelo tempo, de vagar em vagar. Em nós. A passagem de um a outro silêncio suscita a palavra, "ilha/ batida por aquele mvimento/que está parando no seu vir acima."

Como se deixassem de ser assim que são ditas, as palavras.
Estas. Sublimes.

- Isabel X -

Cláudia da S. Tomazi disse...

Qual, não necessária prova
Do que seja sublime?

É mais fácil desistir de acreditar
no que, não pode ser provado
do que o inacreditável
ser provado.

Hão, aos que deveria aplicar-se
de questões matemáticas:
“Quem não está comigo
Está contra mim”.

Mas, no céu!
Quem não está comigo,
Está fora de mim.
E quem está fora,
não está contra,
apenas, querendo entrar!

Tudo para dizer que não
Adianta muitas escolhas,
que todas as escolhas são
dolorosamente necessárias.