sexta-feira, 29 de julho de 2011

Na edição do "Sol" de hoje

Guimarães 2012: 'Agora não se pode falhar' por Alexandra Ho 

João Serra foi nomeado na quinta-feira presidente da Fundação Guimarães 2012 e, ao SOL, adiantou a urgência em recuperar o entusiasmo da população vimaranense. Reconstruir com a maior brevidade o Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães (FCG) e recuperar o apoio da população vimaranense são os dois grandes objectivos de João Serra, o novo presidente da Capital Europeia da Cultura 2012.
O administrador foi nomeado pelo edil de Guimarães, António Magalhães, depois de Cristina Azevedo ter abandonado o cargo há uma semana, em divergência com a autarquia. Em declarações ao SOL, João Serra não se quis alongar em comentários sobre como vai ser a sua actuação à frente da Fundação, mas explicou que aceitou o convite depois de sentir a «confiança» depositada em si pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, e por António Magalhães. «Além da urgência em reconstituir o Conselho de Administração, é preciso recuperar o entusiasmo da população local no projecto», afirmou João Serra, acrescentando que agora, a cinco meses e meio do evento, «não se pode falhar». A nova equipa deverá estar reunida dentro de uma semana e um dos nomes mais falados é Carlos Martins, antigo director de projecto que se demitiu em Maio, alegadamente por problemas com Cristina Azevedo. João Serra está na organização da Guimarães 2012 desde o início e era o ‘número dois’ de Cristina Azevedo. Como administrador foi responsável pela coordenação entre o órgão executivo e os programadores, assumindo ainda um papel importante na área do Pensamento (cujo programador é o escritor Mário Vargas Llosa). Esta é, aliás, uma das razões para ter sido escolhido na substituição de Cristina Azevedo, esperando-se que a transição seja rápida e pouco conturbada. Pelo menos é essa a crença de António Magalhães, que, no final da reunião camarária de ontem, justificou a nomeação com a «necessidade de continuar a aplicar os critérios seguidos até agora pela Fundação no que toca ao trabalho no terreno». Episódios desgastantes Desde Julho de 2009, altura em que foi criada a FCG, sucederam-se as polémicas em torno da organização, a ponto do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, actual presidente do Conselho Geral da FCG, ter vindo a público dizer que o evento «estava a ficar marcado por episódios desgastantes».
A primeira crítica, em Outubro de 2010, foi o salário volumoso de Cristina Azevedo, que durante um ano ganhou 14 mil euros brutos por mês, valor entretanto reduzido para 10 mil (o mesmo que João Serra vai auferir), depois de muita contestação. A revolta dos populares foi de tal maneira ostensiva que apareceram, espalhadas por Guimarães, caricaturas de Cristina Azevedo a meter a mão ao bolso. A seguir, a administração foi acusada, em Janeiro, de não comunicar com os agentes culturais locais, que se queixavam de não estarem representados na programação. Em Abril, Cristina Azevedo admitiu o problema e prometeu resolvê-lo. Um mês depois, o director de projecto Carlos Martins demitiu-se da administração. A ‘gota de água’ acabou por acontecer há duas semanas, quando António Magalhães retirou a confiança política a Cristina Azevedo. De acordo com o autarca, os atrasos na assinatura de protocolos e os contínuos problemas de comunicação ditaram o divórcio. O desfecho de Cristina Azevedo na organização da Guimarães 2012 foi conhecido há uma semana, e ontem assinou-se o acordo de indemnização. Até 2015 (quando terminaria o seu contrato), Azevedo receberá cerca de 100 euros por mês, valor equivalente à diferença entre o que ganhava na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (onde estava antes de ir para a FCG) e o novo vencimento. 

PERFIL: O professor calmo e sereno
João Serra, de 62 anos, foi chefe da Casa Civil de Jorge Sampaio entre 2004 e 2006, os dois últimos anos de mandato do ex-Presidente da República. Apesar do curto período no cargo, o agora presidente da FCG acompanhou os meses conturbados que se seguiram à saída de Durão Barroso do Governo e à dissolução do Executivo de Santana Lopes. A sua actuação neste período é recordada por João Gabriel, antigo assessor para a Comunicação Social de Sampaio, como «calma e serena». «Nunca o vi perder o controlo, ou exceder-se no tom das palavras. Quem o conheceu antes de Belém garante que sempre assim foi. Sempre falou baixo e sempre foi ouvido», escreve no livro ‘A Década de Sampaio em Belém’. Entre o staff de Sampaio era tratado como «o professor», devido ao seu extenso currículo na carreira docente. Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, começou a dar aulas no ensino secundário aos 22 anos e teve como alunos, entre outros, Pedro Santana Lopes, Francisco Louçã e Carmona Rodrigues. Aos 30, João Serra ocupou um cargo de docência no Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou durante cinco anos. Seguiu-se a carreira de investiga- dor no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, na área de História Política e Social. O ingresso na política aconteceu em 1991 quando Sampaio assinou a sua ficha de inscrição no Partido Socialista. Cinco anos depois, iniciou funções na Presidência da República como consultor da Casa Civil do chefe de Estado. Um ano mais tarde, passou a assessor e, em 2004, assumiu a chefia da Casa Civil.
alexandra.ho@sol.pt

1 comentário:

Isabel X disse...

Agora não vai falhar!
Votos de muitas felicidades no exercício do novo cargo, João.

- Isabel X -