sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Jean-Jacques Rousseau: amor e inocência

A minha alma, cujas faculdades mais preciosas os meus órgãos ainda não tinham desenvolvido, não possuía nenhuma forma precisa. Ela esperava, com uma espécie de impaciência, o momento que lha devia dar, mas esse momento, apressado por esse encontro [com a senhora de Warens], não chegou porém de imediato, e, graças à simplicidade de costumes que a educação me dera, vi prolongar-se por muito tempo esse estado delicioso em que o amor e a inocência habitam o nosso coração. Ela tinha-me afastado de si. Tudo ma fazia lembrar e tive de regressar. Esse regresso determinou o meu destino e, por muito tempo antes de a possuir, não vivia senão para ela. Ah!, se eu tivesse bastado ao seu coração como ela bastava ao meu! Que dias tranquilos e deliciosos teríamos passado juntos! Vivemos alguns, mas como foram curtos e rápidos, e que destino lhes sucedeu! Não existe um só dia em que eu não me lembre com alegria e ternura dessa única e curta época da minha vida em que fui plenamente eu próprio, sem mistura e sem obstáculos, e em que posso dizer que vivi verdadeiramente. Posso dizer mais ou menos o que disse aquele chefe da legião pretoriana que, tendo caído em desgraça no tempo de Vespasiano, foi acabar pacificamente os seus dias no campo: "Passei na terra setenta anos e só vivi sete".

Jean-Jacques Rousseau, Devaneios do Caminhante Solitário. 2a ed. Lisboa, Livros Cotovia, 2007. p. 149-150

1 comentário:

S. J. disse...

OVIDE: - "Un ART D'AIMER, selon ce que je sens en ce moment n'est plus possible. Il nous faut de nouvelles paroles, une nouvelle vision de la vie et une nouvelle religion pour trouver la possibilité de créer un nouveau langage et d'exprimer ce que les hommes d'aujourd'hui éprouvent au fond de leur coeur et que leur ignorance les empêche d'exprimer par des jugements et des paroles. J'ai écrit sur l'amour tel qu'il était dans un monde en train de mourir. Les poètes attendent la nouvelle de la naisance de Dieu por écrire les livres d'un temps qui sera celui de l'amour.
- Et vous croyez qu'un nouveau dieu apparaîtra dans l'Olympe? Est-il né déjà? En savez-vous quelque chose?
- Oui, il est né.
- Òu?
- En exil."

Vintila Horia, DIEU EST NÉ EN EXIL