Rembrandt van Rijn (1606-1669) conhecia bem a produção dos mestres da pintura, através de estampas que coleccionava. A montagem da exposição põe em destaque a sua reacção perante alguns dos modelos estéticos que aceitou ou recusou.
Pintor de emoções, Rembrandt foi-o ao longo de toda sua vida. Mas são perceptíveis as duas fases: até 1645 é um Rembrandt que procura surpreender a extroversão dos personagens que retrata; o pintor evolui em seguida para uma maior contenção de gestos e expressões dos seus retratados, em favor de uma acentuação dos respectivos traços psicológicos.
Não é uma exposição tão cuidada como a das Fábulas de Velásquez (uma apresentação pode ser vista clicando aqui), que tive a sorte de poder ver no princípio deste ano, também no Prado, mas é certamente uma rara oportunidade de ter uma visão de conjunto da obra de Rembrandt.
1 - Auto-retrato em traje oriental, 1631
2 - Jeremias lamentando a destruição de Jerusalém, 1630
3 - Susana, 1636
4 - Sagrada Família, 1645
5 - Betsabé, 1654
13 comentários:
Que maravilha contar histórias com imagens, mais que trágicas, tão intensamente escatológicas! Rembrandt evoluiu para o retrato psicológico, mas ainda sem o espartilho das categorias de análise da Psicologia, daí a grandeza das personagens. Obrigada João!
- Isabel X -
Um apreciador de Rembrandt não vê nestas imagens,felizmente,nada de intensamente escatológico.Que me perdoe a Isabel X. AA
Estamos todos perdoados quando somos autênticos naquilo que dizemos. Há os apreciadores e aqueles que amam as coisas com um pouco mais de intensidade. As palavras existem para serem usadas, não as devemos temer. Ser escatológico não tem mal algum, como agora se supõe!
-Isabel X -
A propósito de...imagens escatológicas:
A diferença está em VER/OLHAR.
Em Arte, olha-se.
Curiosa a série de quadros que reproduziu: 3 mulheres. Maria - a mãe que interrompe a leitura para acudir ao filho; Susana, a mulher que os dois velhos juizes ameaçaram denunciar como adúltera caso não se submetesse aos seus desejos: Betsabé, a mulher de Urias, a quem o rei David ordenou que se lhe entregasse. Em todos eles, a simpatia do pintor vai para a mulher que se entrega a um destino que não escolheu. Tem toda a razão Isabel X em falar de escatologia.
MT
Escatológico significa referente a excrementos. Em Teologia poderá, por analogia, qualificar o fim do mundo no seu sentido apocalíptico. Não é matéria de opinião,português é português,basta consultar um dicionário.
Com diria o boneco Carrilho, "Que disparate!"
Pelos vistos há quem confunda dicionários com wikipédias.
Mas para falar de escatologia, apesar de tudo, é preciso ter lido ao menos Joachim de Fiora e Santo Agostinho.
MT
Cara MT:
Vou tentar descobrir a sua Wikipedia, se lhe permitiu conhecer Joachim de Fiora e Santo Agostinho, deve ser coisa útil.
Eu limitei-me a consultar o Houaiss, ingenuamente convencido de ser um bom dicionário, onde se lê exactamente o que escrevi. AA
Escatologia, no sentido que lhe deu Isabel X: "Conjunto de crenças e doutrinas relativas ao destino final do homem e do universo".
A propósito: um dos colegas mais ignorantes que tive era perito em dicionário: sabia páginas inteiras de cór que citava com inteiro despropósito.
MT
Sinceramente!!!!
Confirmo, humildemente, as impressões do João.Não sou um grande apreciador pessoal de Rembrandt, é dificil saber o que é o génio e o que é da sua oficina.Talvez o pintor mais penalizado pelo abuso do trabalho oficinal(grande parte das suas obras pintadas com a colaboração dos seus discípulos), o que esta exposição vem confirmar.
Olha-se para a pintura e vê-se pintura narrativa.....da máxima qualidade....mesmo a de Rembrandt.
NB
Escatologia
Para a Drª Isaber Xavier:
(...)
s. f.,
parte da Teologia que se refere às coisas que deverão suceder no fim do mundo.
É necessário analisar todas as possibilidades e não apenas aquelas que mais espaço ocupam no nosso cérebro.....
JG
Cara MT:
Não diga mais - o convívio com colegas desses explica tudo! Está desculpada. AA
Enviar um comentário