sábado, 13 de dezembro de 2008

Pela CREL, antes da A8

Aproveitou a brecha na tempestade, para se erguer, primeiro do meu lado direito, depois bem à frente do carro, na CREL, sentido Lisboa-Alverca. Para trás ficara o rio, e os Jerónimos, onde os amigos do Francisco se juntaram a Maria de Deus para lhe prestar a homenagem do 7º dia. Perdi-a ao entrar no túnel de Carenque. Quando virei para a A8, pressenti que iria afastar-se  (ou indicar outra direcção?). Virei-me um pouco, em sentido contrário ao que o carro tomava, e lá estava ela, acima do vale de Loures, sentinela desperta na porta norte de Lisboa. Na Portela.
A partir de Sobral de Monte Agraço, a cortina da tempestade fechou-se novo.

3 comentários:

J J disse...

Só os iniciados do blogue sabem logo quem é "ela", a companheira das suas viagens nocturnas...

E bem precisava de companhia, nesse triste regresso.

JJ

Anónimo disse...

Mesmo com a "cortina da tempestade" que se fechou, "ela" continuou "lá"! Já pensou: quantas e quantas coisas que "estão lá" lhe podem escapar fechadas por cortinas de tempestade ou quaisquer outras?
- Isabel X -

Anónimo disse...

Soneto à lua

Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me presa
A alma que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:

E és tampouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética, indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!

Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas