A peça que se pode ver no Museu Rainha Sofia é um dos dois bronzes fundidos em 1972/73 a partir do gesso original realizado no Verão de 1933 pelo método tradicional: modelação em barro seguida de obtenção do molde em gesso.
Uma versão em cimento da mesma peça esteve presente no exterior do Pavilhão da República Espanhola da Exposição Internacional de Paris de 1937, o Pavilhão para o qual Picasso pintou a Guernica (e daí o facto de a escultura estar exposta hoje, no Museu de Madrid, num zona contígua à da Guernica).
A escultura foi denominada Femme au vase, mas Picasso referia-se-lhe pela designação Porteusse de Ofrande. Foi esta a adoptada a partir de 1985, quando o legado de Picasso foi integrado nas colecções espanholas.
Respondendo às pertinentes observações de João Jales e Teresa Perdigão, transcrevo do texto acima citado:
A historiadora Elisabeth Cowling, que refere a vinculação funerária da obra, descreve-a como uma grande deusa da fertilidade, grávida, com pernas desgastadas e formadas por grandes ossos, com um braço que mais parece um patético coto e com outro descomunal e desajeitado no qual traz a oferenda (que, segundo esta autora, poderia ser cinza).
6 comentários:
Quando aqui vi a imagem pensei tratar-se de uma estátua pré-histórica, há nela algo das Vénus ancestrais.Não sou entendido nesta matéria, haverá algum fundamento na minha impressão?
Não conhecendo o tamanho da estátua, e sabendo não serem aqui bem-vindas as perguntas sobre dimensões de objectos, consultei uma enciclopédia de arte, onde fiquei a saber que a estátua original tinha uns impressionantes 2,20 m!
Viu-a ao vivo, no Reina Sofia?
Tal como JJ, também associo a DAMA OFERENTE (1933) a uma antiga deusa - pela indefinição do rosto, pela expressividade do gesto, pelas marcas de fertilidade e pela subtileza do erotismo.
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Sorry! Entusiasmei-me com os comentários...
A propósito de vaso com cinzas, não sei se reparou na exposição de Rembrandt num quadro que representa Artemisa, a qual se prepara para beber o cálice contendo as cinzas do seu próprio marido. Nas mitologias, morte e vida são as duas faces da mesma realidade ou da mesma fantasia.
MT
Voltamos ao MESMO?
"Mitologia"!
Mais um vocábulo a requerer Dicionário....
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