terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O ano dos professores

Escreve José Medeiros Ferreira:

O ano de 2008 foi o ano dos professores em Portugal. As suas tarefas aumentam todos os dias.
Dão aulas, organizam a sua escola, abrem-na ao meio, dialogam com os pais, guardam as crianças durante o horário laboral em crescendo, tentam disciplinar os jovens numa sociedade opulenta de casos de vigarice económica e de violência. Além disso, têm de perceber a psicologia do aluno e até distinguir, num ápice, se uma pistola apontada à cabeça, na aula, é verdadeira ou falsa. Reparem que nem falo do estatuto da carreira ou da avaliação.
Estes foram porém os temas que encheram as ruas e esvaziaram as escolas em 2008. Este ano foi o ano em que o Estado se distanciou dos professores da escola pública e a Igreja Católica se aproximou deles. Assim começam as novas eras.


"Bilhete Postal", Correio da Manhã, 28 de Dezembro, 2008

9 comentários:

João Ramos Franco disse...

Durante alguns anos do meu “passar pela realidade” de momentos da vida nosso País, ouvi muitas vezes José Medeiros Ferreira e o texto transcrito é mais um retrato de um Homem para quem a verdade dos factos esteve sempre acima de tudo.
Para quem não o conhece: extraí parte do “CURRICULUM VITAE de José Medeiros Ferreira.
Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade de Genebra – Suiça.
Doutorado em História pela Universidade Nova de Lisboa, com louvor e distinção.
Professor Associado na Faculdade de Ciências Sociais - Universidade Nova de Lisboa. Lecciona no Departamento de História e na Área Científica da Licenciatura em Relações Internacionais

Anónimo disse...

E dito de outro modo: o(s) ano(s) da devassa da vida dos professores portugueses: considerados como uma espécie de malandros da nossa sociedade.

Até chegou a enjoar o chorrilho das coisas (isso, coisas) que se foram dizendo e escrevendo sobre a avaliação dos professores. Dos professores e só, e sempre, dos professores. Num país que tanto despreza as suas escolas, chega a ser surpreendente a emergência de tantos entendidos em avaliação de professores: dos mais eruditos até ao lumpen (os mais favoritos e os mais manipulados das excelências que mandam...)

Os únicos não avaliados numa sociedade muito rigorosa, onde, por exemplo, o banco de Portugal supervisionava, com o mais absoluto rigor, todas as operações bancárias que entretanto se faziam...

Que raio de tempos estes e que raio de direcção tem o partido socialista português.

Arre que cansou. Mas, e em 2009, os professores portugueses voltarão e de cabeça levantada.

Oportuno o texto escolhido.

Obrigado, João Serra.

Abraço.

Paulo Prudêncio.

Anónimo disse...

Apreciação muito sábia esta de Medeiros Ferreira! E que dá muito que pensar! "Assim começam novas eras", diz, insinuando algo de que todos desconhecemos o desfecho. Outro dia, neste blog, disse eu, a propósito deste tema dos professores e das escolas, que "tudo se transforma", mas que não será para melhor, com certeza.
Assinalável, uma vez mais, pela positiva, o espírito investigativo do João Ramos Franco.
-Isabel X -

Anónimo disse...

Bem aventuradas as "crianças", delas será o reino dos céus!

João Ramos Franco disse...

Obrigado pelas suas palavras, Isabe X. Mas durante alguns anos do meu “passar pela realidade” de momentos da vida nosso País, eu convivi, ouvi e aprendi, muito com José Medeiros Ferreira o que digo é fruto de uma experiência que vivi e não é só investigação
João Ramos Franco

Anónimo disse...

Do que gosto em quem se apresenta como "anónimo" é que a si mesmo se condena ao anonimato. Julga fazer ironia com o nada. O Reino dos Céus não é das "crianças", mas "dos pobres de espírito", como muito bem sabe! E essa é a condição humana: falta-nos espírito e a sua busca deve ser incessante! Só que há quem se contente com o pouco que tem!
- Isabel X -

J J disse...

Eu sempre pensei e defendi que a batalha seria decidida na opinião pública (ou publicada). E os ventos mudam, a ignorância arrogante de Miguel Sousa Tavares e outras sopeiras de serviço do ministério começa a ser contrariada por vozes mais bem informadas.

Anónimo disse...

Os Beatles marcaram gerações, daí, o meu gosto especial por este delicioso submarino amarelo. Pelo periscópio, VÊ muito mais que muitos (as) com os pés na terra(?).

J J disse...

Caro(a) H:
Com os pés bem assentes na terra o horizonte é muito limitado.
O periscópio ajuda, mas o melhor é mesmo subir a um sítio alto ou VOAR!

Os Beatles explicam em

http://br.youtube.com/watch?v=WIsou0IRIQU

e em

http://br.youtube.com/watch?v=A7F2X3rSSCU