domingo, 21 de outubro de 2012

Memórias das Caldas da Rainha

Reedição facsimilada do livro de Augusto da Silva Carvalho, Memórias das Caldas da Rainha, 1484-1884, Lisboa, Férin, 1939 ontem apresentada no Centro Cultural e de Congressos, Caldas da Rainha.
Fotos cedidas por Blogue dos Antigos Alunos do Externato Ramalho Ortigão, e pelo editor, Eng.º Carlos Fernandes







3 comentários:

Isabel X disse...


Costumo dizer que a História é (também) um modo de pensar. Ou seja, que se pode pensar historicamente (ou não) e que há toda a vantagem em pensar desse modo.

As apresentações dos livros tendem a ser muito centradas na obra a apresentar, resumindo-a, às vezes capítulo a capítulo, de um modo ensimesmado, redundante e pouco apelativo.

A apresentação de "Memórias das Caldas da Rainha (1484-1884)" foi exemplar em termos de conquistar a atenção do público ao interpretar a obra num contexto explicativo mais vasto, incluindo-a e ao significado específico que possui, na História da cidade e da região.

Foi traçado um quadro de que destaco os seguintes aspetos:

1) por opção do autor, Augusto da Silva Carvalho, a obra que escreveu refere-se exclusivamente ao Hospital enquanto instituição. Daí que não lhe interesse estudá-lo a partir de 1884, ano da vinda de Bordalo Pinheiro e de Rodrigo Berquó para as Caldas da Rainha. A partir dessa altura, e cada vez mais ao longo do tempo, a instituição hospital deixa de ser central ns Caldas da Rainha e, por isso, esse tempo não interessa ao autor do que deveria ter sido uma monografia sobre a cidade, de acordo com indicações legislativas dos anos 30 e o espírito nacionalista da época.

2) nos anos 60 a questão territorial é significativamente alterada: no I volume de uma obra da Fundação Calouste Gulbenkian, feita sob orientação do Engenheiro Lopes Cardoso, é referenciada pela primeira vez a "região a oeste da Serra dos Candeeiros", contendo vários concelhos.

3) hoje em dia, não teria cabimento uma monografia do teor da que foi apresentada. O modo de pensar o território mudou: o distrito deixou de existir e o concelho já não exprime uma referência significativa. O que há são regiões.

Muito grata, João, por nos ter feito pensar (historicamente) a nossa atualidade a partir da apresentação inteligente duma obra sobre o Hospital das Caldas da Rainha escrita nos anos trinta do século XX.

- Isabel X -

Vasco Tomás disse...

Além da excelente síntese da Isabel sobre o teor comunicado na apresentação, refiro que o professor João Serra também realçou: a fundamentação documental das "Memórias"; e a linha epistemológica positivista seguida pelo autor da obra, que hoje não é a metodologia da investigação histórica.

Isabel Soares disse...

Quinze dias "sentado" a revisitar lembranças poderão não lhe parecer de mais, mas eu, que aqui espreito, gosto de o ver "a andar" (salvaguardados que sejam os possíveis equívocos desta língua que, por vezes, mais nos afasta que une). :)

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