sexta-feira, 6 de maio de 2011

Metáfora

Pormenor de muralha antiga de Barcelona (Museu de História da Cidade). Uma cidade é isto: uma composição estratificada de pedras de várias origens e aparelhos, onde é possível ler a acção do homem no tempo. Construção, desconstrução, reconstrução. Demolir e edificar. Fazer de novo a reaproveitar.

5 comentários:

Cláudia disse...

Em minha visita, lá se vai mais de um ano de comentários em Blog’s na Europa. Ocasionalmente, “O que eu andei” lembro que fora através do Blog “Livraria 107” e, após ler alguns comentários, iniciei participar na ocasião do Prof. Serra, ter retratado, devido uma opinião contrariada. Óbvio, que não a minha. Existia outrora, impasses, fomento, divergências “lembram”. Ora, enfim algo, diferente! Valia ousar.

Justifico, como conhecedora de Blog”s que existe gente de todo tipo, se a fertilidade e curiosidade nem sempre convencem, assimilam características, a exemplo região do Porto, pelo surto que até as vezes mais de quarenta blog’s pertencem a mesma pessoa.
Ao que caiba ser caçadores de intenção. É a obrigação natural de cada indivíduo, afirmar seu anteparo de liberdade, e prezar pela qualidade desta condição enquanto pensamento. Redimir-se, apostando, provocando, fazendo-se resistir, enquanto palavra e conhecimento. Somente palavras cimentam este saber, em acontecimentos diários, discernindo a fábula de viver pela Construção.


Enquanto metáfora não seria demais em dizer que Portugal, está para aquela noiva que sonha em casar-se, mas, tem medo de ser deflorada...
Até seria fácil não atender a provocação do Prof. João Serra, estimando o previsível, por querer que as coisas aconteçam a começar pela inquietude.

Isabel X disse...

A imagem dos vários materiais de que se faz uma muralha é metáfora eficaz da cidade. Uma metáfora visual. Gostei muito!
As metáforas ajudam-nos a ver de um outro modo.

Talvez não venha muito a propósito, pelo menos de um modo directo, mas vem a propósito do tempo (e do seu passar)um texto que não resisto a transcrever.

Diz Miguel Esteves Cardoso, depois de se referir à memória e ao esquecimento segundo Jorge Luís Borges, autor que MEC muito estima e eu também, mas de quem aqui (neste escrito) se liberta:

"Ocupar o presente - que é a única coisa que realmente temos - com o passado (a memória e o esquecimento) ou com o futuro (o medo, ansiedade, ambição, esperança, ignorância e esquecimento) é mesmo perder tempo. Lembrar ou antecipar é roubar presentes ao presente. Em vez de oferecer presentes ao presente - a começar por um simples obrigado por estar aqui, nem morto nem com vontade de morrer -, criamos-lhe dívidas, por não ser tão bom como certos passados ou incertos futuros que se imaginam."
MEC, Jornal Público (hoje)

- Isabel X -

Cláudia disse...

Isabel X este texto é realmente interessante, pelo sentido em que o talvez, anula-se ao presente, pelo menos quando coloca como sentença a “perda de tempo” sendo que o autor não considera ser a experiência (passado) como modificação ou, indicação da sempre formação de ser e que esta aplica-se somente ao um passado? Pelo menos, penso que as pessoas aprendem que a evolução humana, assim procedeu pelo empírico ou experimentação.

Seria correto afirmar que o autor sugere entre fuga ou o desapego, justificando uma impotência pelo realismo ser determinante ao presente, ou, haveria outro sentido? Por que talvez, a dívida que se refere não se aplica a uma regra geral, e assim sendo, como compreendê-la?

Isabel X disse...

Já que tão gentilmente a Cláudia me interpela directamente, direi apenas como resposta que são momentos.

Claro que a memória do passado é importante e que a noção de estarmos s construir um futuro também. Mas há momentos em que precisamos de nos libertar de tudo isso.

Foi o que aconteceu agora. Senti-me identificada com Miguel Esteves Cardoso quando ele afirma que devemos valorizar o presente. Mais ainda pela alusão a Jorge Luís Borges.

Mas, tentando responder-lhe melhor, Cláudia, mesmo a memória do que passou funciona no presente. É um modo de ser presente, de presentificação. O mesmo quanto à ideia que fazemos do futuro: supomos sempre que o que fazemos agora vai ter influência no futuro. Possivelmente, se assim não fosse, pouco faríamos.

Mas soube-me bem aquela ideia de apreciar o presente em sua plenitude e, principalmente, soube-me bem a ideia de libertação. Mesmo que de um autor da nossa eleição. Há sempre o momento de nos libertarmos de qualquer coisa. Até o momento fundamental de nos libertarmos de nós mesmos.

Um abraço.

- Isabel X -

Cláudia disse...

Agradecendo seu esclarecimento Isabel X, e que muito aprecio, se não todos, por ser uma das poucas mulheres em Portugal, que com mérito de importância aprofunda-se nestas questões, e não querendo ser pertinente, mas, nesta idéia "o que" de liberdade parece de sintonia ao pensamento Oriental.