segunda-feira, 24 de maio de 2010

De novo, o destino da Fortaleza de Peniche

Primeiro é preciso que se reconheça: o comportamento que, desde 25 de Setembro de 2008, têm tido a Enatur e o Turismo de Portugal, não tem sido claro nem responsável. A Enatur não tomou nenhuma medida conducente à concretização do protocolo adicional que foi celebrado nesse dia, pelo qual o Estado autorizava a concessionária a elevar o número de quartos do projecto hoteleiro a instalar na Fortaleza. Repito, nenhuma medida: não encetou audições com a Câmara, não solicitou elementos, não indicou equipa de projectistas. Não disse nem que sim, que ia a avançar para dar cumprimento ao que tinha assinado, nem que não, que estava a ponderar desistir dessa intenção. O Estado, que é proprietário do monumento, que tem responsabilidade política e ética na sua preservação, também não fez mais nada que não seja oferecer à Enatur a possibilidade de fazer uma Pousada de 34 quartos e mais tarde de elevar esse número para um quantitativo não determinado. Não cuidou de saber sequer se o protocolo estava a ter execução e em que condições, não respondeu às solicitações do município para que o ajudasse a intervir positivamente no processo. Não deu sinais de entender a magna sensibilidade e delicadeza de um lugar de memória único no País e sem dúvida dos mais significativos do século XX português. Nem mesmo quando, em Outubro de 2008, o destino da Fortaleza foi palco de alguma mediatização, por via de uma polémica lançada com menos rigor. Nessa altra tentou escapar entre os pingos da chuva. Procurou endossar o assunto para a autarquia. Demitiu-se.
Julgo que interpreto bem o estado de espírito do Presidente e autarcas de Peniche e da equipa que com eles tem debatido este tema: não é possível prolongar mais esta situação pantanosa. Ontem começou de novo o debate, oportuno e responsável. Não podemos continuar a assistir, de braços cruzados, à degradação do monumento, à indefinição do seu destino, ao bloqueio dos projectos que sobre ele possam ser erguidos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Emocionei-me com a emoção do Presidente da Câmara, já na parte final do debate de ontem.Emocionei-me com o arco-iris emocional do Prof. Borges Coelho e com o "cansaço" de Siza Vieira relativamente a todos os "pestanas" deste país que olham para a Memória apenas com uma visão de cifrões.Sorri com o sorriso do Prof. Borges Coelho, depois de ler a dedicatória que Siza Veira inscreveu no exemplar do seu projecto que lhe ofereceu.
Sorri, por amar Peniche e sentir o João cúmplice militante deste amor.
É o vento.....é o vento....e, acrescentarei eu, é também o Murmúrio, é o Murmúrio, do Mar e de tantas e tantas vozes que não poderemos deixar silenciar......
Parabéns João, pela relançamento do debate.....por tudo.Parabéns Sr. Presidente da Câmara....
NB

Francisco disse...

Nesta altura do campeonato é preciso que todos os democratas se unam e exigiam à CMP e ao Estado Português que de facto avance o Museu da Resistência descentralizado!

Quanto à pousada sinceramente acho que a partir de dia 23 de Maio ardeu definitivamente, mas é necessário que todos explicarmos e trabalharmos para a população de Peniche e afins perceber que tem uma mais valia que pode ser destruída! A pousada que seja feita noutro sitio o Museu que se lute para avançar para uma efectiva ocupação do Espaço e transformação num museu moderno. Saúdo desde já os Autarcas de Peniche e restantes intervenientes que sempre lutaram por aquele espaço, dos Governos da Républica já não se pode dizer o mesmo!