Tinha condão?
Chamiço (Luís Miguel Cintra)
Com a flauta. Era mais a mim! Mais a mim!
Gebo (Michael Lonsdale)
Com a flauta!
Chamiço
Sim homem, foi como conquistei a minha defunta (imitando a flauta). Piu...piu...piu. Só com a flauta. Não entendem? Eu chegava, sentava-me à beira dela, puxava do instrumento e desatava piu... piu... piu. Há lá nada que exprima o amor como a música! Era logo piu... piu. Ela ouvia-me fascinada.
Sim homem, foi como conquistei a minha defunta (imitando a flauta). Piu...piu...piu. Só com a flauta. Não entendem? Eu chegava, sentava-me à beira dela, puxava do instrumento e desatava piu... piu... piu. Há lá nada que exprima o amor como a música! Era logo piu... piu. Ela ouvia-me fascinada.
Candidinha
Mas como trocavam expressões de amor?
Chamiço
Piu... piu... piu. E no fim, acabada a ária, levantava-me e dizia-lhe: - Boas noites, Serafina)
Candidinha
Nunca lhe disse mais nada?
Imagens O Gebo e a Sombra, de Manoel de Oliveira (2012)
Texto O Gebo e a Sombra, de Raúl Brandão (1923)
2 comentários:
As "palavras de amor" serão, porventura, mais necessárias do que as memórias que persistem, incólumes, do que as músicas de uma intimidade jamais repetida?
"Essa música ou água/ quando a água é álamo// essa música ou terra/ quando a terra é barco// essa música ou chama/ quando a chama é onda// essa música - eras tu/ ou um pássaro na sombra?"
Eugénio de Andrade, "Escrita da Terra"
Gosto da cor destas imagens: outonais, castanho-douradas, de uma intensidade disfarçada, quase espectral.
Fascina-me a capacidade de Manoel de Oliveira (e dos técnicos que trabalham com ele) de criar atmosferas tão especiais, tão próprias, tão suas, nos filmes que faz.
Devemos sentir-nos felizes pelo simples facto de Manoel de Oliveira existir. Permitir-nos essa felicidade agora que há razões para isso.
Estou inquieta por ver este filme.
- Isabel X -
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