A Rosa e o Mar
Eu gostaria ainda de falar,
da rosa brava e do mar.
A rosa é tão delicada,
o mar tão impetuoso,
que não sei como os juntar
e convidar para o chá
na casa breve do poema.
O melhor é não falar
Sorrir-lhes só da janela.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
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2 comentários:
Quem nunca se aventurou mar adentro, nunca teve a ventura de soltar as amarras, levantar os pés de terra e saborear a ventura da corrente, da carícia, do ímpeto da corrente, vencendo-a e vencendo-se.
Terá já usufruído da baixa-mar de S. Martinho numa manhã, sem brisa, em que o mar é um espelho enamorado pelos raios solares, no misto de sombras que a paisagem projeta na baia? Terá já usufruído do rugido e da força de preia mar da Foz de Arelho, em que a onda nos eleva e nos arrasta para a praia, saboreando amedrontado a doce sensação de se deixar ir no turbilhão?
Há mar e mar … disse o poeta (não este) e eu subscrevo. Eugénio de Andrade, com todo o respeito e enlevo que me merece fala do mar sentado à mesa de trabalho. Na minha modesta opinião, do mar fala-se com os pés mergulhados na onda.
Felizmente, gosto mais de tulipas. Amarelas, de preferência, raiadas de sol e encantamento.
"Da mais alta janela da minha casa/ Com um lenço branco digo adeus/ Aos meus versos que partem para a Humanidade./(...)"
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos XLVIII
Seria bom que o escrevedor deste blog seguisse, na primeira oportunidade, a obra completa de Caeiro como se de um texto único, corrido, se tratasse. Leria então, por certo, como neste poema de Eugénio de Andrade, a narrativa de uma caminhada inexorável em direcção ao silêncio absoluto da própria mudez.
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