Sem essa análise, adiantar hipóteses interpretativas sobre o que se passou no Domingo no concelho das Caldas é decerto imprudente e precipitado. Duas notas apenas, por isso. A primeira: o eleitorado deu algumas mostras de que está atento a que a actual maioria com a sua liderança se esgotará ao fim deste quadriénio. Quis diminui-la. A segunda: um empurrão para a alternativa foi dado ao CDS, que recebeu uma junta, um vereador e um expressivo aumento de votação. Um reforço de benefício da dúvida não coube a mais nenhum partido de oposição municipal. Todos têm quatro anos para mostrar o que valem. A começar desde já.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Os resultados nas Caldas
Também aqui há provavelmente que ponderar e reponderar resultados. Suspeito que a observação criteriosa dos fenómenos de transferência de votos, mesa a mesa, fornecerá matéria interessante e útil para se perceber que tendências estão em marcha no eleitorado. Recuso-me a acreditar que não haja flutuações, novidades, movimentos na sociedade local na sua relação com a elite política que governa a autarquia. Ou seja, que os eleitores não interajam com os eleitos e estes com aqueles.
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8 comentários:
Novamente uma portentosa afirmação de que, em cada dois cidadãos, um deles nem sequer vai votar. A isto chegamos. 21402 eleitores é muita gente. Perante uma demissão com esta envergadura de pouco adianta descortinar ilações particulares. Não se trata de coisa endémica,mas é um sintoma grave que impõe "refundações" várias. Em todo o caso, algo salta à vista: este desinteresse interessa.
Cada um vota como quer e quem é eleito tem que respeitar os eleitores, mesmo os que optam por não votar. O apelo que me parece estar contido no post, é que agora é uma oportunidade única: é agora, "desde já", como não foi noutras ocasiões. Muitas câmaras estão no seu último mandato, é o caso das Caldas. Terá que suceder a este, forçosamente, um novo ciclo. Quem foi eleito agora, como alternativa possível, tem responsabilidade acrescida. A partir de agora: olhando para a frente e não para trás.
- Isabel X -
Que significa a abstenção? Desinteresse? Desconfiança? Conformismo? Comodismo? Insensibilidade? Desafecção? Hostilidade? Concordância tácita? Discordância radical? Descrença? Indiferença? Tudo isto?
Considerar que não exista nada a retirar de uma abstenção tão formidável é tão inoperante como considerar que nela se encontra um qualquer alibi. Em todo o caso, duas inocências. Não me inclino, coisa antiga, para a ideia um tanto pusilânime pela qual votar ou não votar são considerações cívicas igualmente respeitáveis.
Não havendo grande distinção pragmática a fazer entre Desinteresse, Indiferença, Conformismo, Comodismo, Desafecção ou insensibilidade, consideremos a distinção a fazer entre Desconfiança, Descrença, Hostilidade, Discordância radical que também não parece especialmente substantiva. Resta-nos ainda a concordância tácita.
Ou seja, ou não voto porque não gosto do que tenho pela frente, ou não voto por que estou de acordo com o que tenho, ou não voto porque não me apetece. De todas, a menos incompreensível parece-me ser a última.
No que respeita ao "desde já", tenho a impressão, inconfessável até agora, que ele começou há uns meses largos atrás.
Quanto aos "meses largos atrás", dou razão ao Rui. Quanto a perder tempo, agora, e desde já, a procurar motivos como a abstenção para os resultados obtidos, parece-me uma total irrelevância. Pouco significativa do coerente espírito de "desde já" por parte de quem tão generosamente se disponibilizou há "largos meses atrás".
- Isabel X -
Duas notas sobre este princípio de debate. 1ª: a abstenção em eleições pode ter várias explicações. Há uma porém que é incontornável: a abstenção é sinal de eleições pouco competitivas.2ª: o eleitorado não teve percepção de alternativa. Se ela começou a ser construída - e não duvido - muito mais trabalho, muito mais inteligência colectiva, muito mais eficácia são necessários. Quem parte com atraso, só pode ter à sua frente mais esforço do que quem parte na dianteira. Oxalá me engane, mas...
Concordo inteiramente contigo Isabel, por isso não me lançaria a deduzir fundamentações para a abstenção. Cismava, apenas com o seu tamanho, esse sim, relevante. Ao menos para mim. Quanto à necessidade de mais trabalho, inteligência colectiva, e eficácia, não sei discordar. Interessou-me muito estoutro aspecto: "o eleitorado não teve percepção de alternativa". Creio que esta pode ser uma boa alavanca de debate. Demarcação. Que tipo de demarcação se pode operar durante estes quatro anos. Confesso-vos que, internamente, sempre houve quem defendesse uma campanha mais sanguínea, mais fulanizada, mais derrisória, aqui e ali demagógica, popularucha, cançoneteira. "Sangue", pedia alguém. Pela parte que toca à candidatura do Delfim Azevedo posso testemunhar que sempre nos escusámos a esta orientação; apostou-se num tipo de sobriedade activa baseada na apresentação, leitura e debate colectivo de ideias que o João pôde testemunhar também. Não consigo deixar de pensar que esse deva continue a ser um caminho que interessaria prosseguir em diante.
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