domingo, 18 de outubro de 2009
MEC: os livros sairam dos caixotes
No Público de hoje, Miguel Esteves Cardoso diz-se confortado com o regresso dos seus livros. Como o compreendo!
O regresso de uma biblioteca é como uma prova de vida. Tive de podá-la, claro, para caberem os novos: são livros que nunca mais vou ler; livros que odiei; livros que jamais hei-de querer acabar de ler; livros que me mandaram e que eu me esqueci de deitar fora. Ter a minha biblioteca à minha volta, aqui no meu escritório e ali na nossa sala, é como ter a protecção da Cosa Nostra. Já posso ir ver o que não sei – e o que não tenho a certeza de saber. Os livros são uma protecção térmica e decorativa: basta encher as paredes de livros para uma pessoa se sentir bem. Anthony Powell chamou a um dos (maus) livros dele: Books Do Furnish A Room. São, sobretudo, um poder. “É para isso que serve a universidade”, disse-me o meu tutor mais sábio de Manchester (cujo nome esqueci, como gratidão), “para nos ensinar a ir ver o que pensam as pessoas e, nesse exercício, de ir ver, ensinar-nos a pensar”. Os livros voltaram. A partir de agora, os meus poderes mágicos vão ser conforme.
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2 comentários:
é uma sensação única para quem não sabe viver sem livros...
Para mim, os livros, alguns livros, foram ao longo da minha vida, mais do que passaram a ser a partir de certa altura, ou do que são actualmente (e perdoem-me a imodéstia pela autenticidade do que digo), a única forma possível de diálogo e de compreensão com espíritos iguais ao meu!
- Isabel X -
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