domingo, 25 de outubro de 2009

Arquitectura procura saídas para a crise

A arquitectura procura saídas: reportagem publicada na edição de hoje do El Pais.
Arquitectos como Norman Foster e Richard Rogers asseguram que a crise é a matéria prima da sua disciplina. Os criadores deste século XXI marcado pela recessão procuram novas ideias e territórios para esboçar o mapa arquitectónico do futuro.

1. Tempos de crise
A recessão económica paralisou numerosos projectos públicos e privados. Um exemplo é a Cidade da Justiça de Madrid. Após não ter conseguido um acordo de financiamento suplementar com o Governo regional, o arquitecto Alejandro Zaera-Polo abandonou a construção do edifício do Instituto de Medicina Legal.
2. Menos energia
A ideia da sustentabilidade não é nova, mas a crise reforçou-a e tornou-se frequente converter-se numa exigência do cliente. O italiano Renzo Piano é um dos arquitectos que arvorou, com êxito, a bandeira da poupança energética. A sua Fundação Paul Klee (na foto), com sede em Berna (Suíça), necessita para funcionar de metade da energia de um edifício similar construído há 23 anos em Houston (EUA): a Colecção Menil.
3. Perfil baixo
Outro dos efeitos visíveis de a crise, é o perfil baixo de boa parte dos edifícios. O rebentar da bolha imobiliária no Japão, e, meados dos anos 90, levou Tadao Ando a cavar literalmente o solo da ilha de Naoshima para situar ali o Museu Chichu.
4. Ao pormenor
Apesar de ter sido afectada, a arquitectura estrela segue o seu caminho. O regresso a um modelo de construção antigo é uma das apostas de quem não pode competir com os grandes ateliês, de centenas de empregados e outros tantos projectos em marcha. José Selgás realizou 360 visitas durante a construção do Palácio de Congressos de Badajoz (na imagem, visto através de uma escultura de Blanca Muñoz). Tanto Selgas como a sua sócia, Lucía Cano, acreditam que a presença do arquitecto ao pé da obra é o que garante a qualidade de um edifício, que deve ser percebido em todos os pormenores.
5. Novos desafios
Para os nomes mais consolidados, aqueles que continuam a assinar edifícios predestinados a ser ícones por quantias astronómicas, una maneira de reduzir riscos económicos é multiplicar trabalhos e abrir novos mercados. Há, no entanto, outros riscos. O bloco de apartamentos da Rua Bond de Nova Iorque, de Herzog & De Meuron (para muitos, os melhores arquitectos do mundo na última década), deixa uma sensação de 'dejà vu' que empresta capacidade de impacto ao edifício.
6. Sobriedade
A atribuição do último prémio Pritzker, considerado o Nobel de Arquitectura, a Peter Zumthor, sugere que a sobriedade é um valor em alta. O arquitecto suíço sempre foi um exemplo de rigor e medida. Na Exposição Universal de Hanover do ano 2000, construiu o pavilhão do seu país (na foto) com toros de madeira levados dos bosques suíços e ligados apenas com cabos de aço, sem parafusos nem cola.

1 comentário:

Paulo G. Trilho Prudêncio disse...

Viva.

A arquitectura é fascinante e este post foi de uma leitura muito agradável.

Abraço.