Trata-se em primeiro lugar de um justo reconhecimento da qualidade e pertinência da proposta elaborada pelos professores de Animação Cultural da ESAD em finais de 2006. O funcionamento deste novo Curso confere a esta Escola novos desenvolvimentos à capacidade científica, laboratorial e pedagógica nela instalada, permite que novas capacidades de investigação aqui se radiquem e oferece à região e ao país formações avançadas num domínio relevantes para as culturais e económicas das cidades.
Do projecto agora aprovado, transcreve-se o sumário da respectiva apresentação:
Este objectivo genérico desdobra-se nos seguintes objectivos parcelares.
- proporcionar quadros e referências conceptuais em áreas de conhecimento relacionadas com o exercício da missão do gestor cultural;
- analisar experiências e desenvolver projectos que estabeleçam relação com a prática da gestão cultural e promovam a aquisição de competências necessárias para o desempenho da missão do gestor cultural;
- estimular capacidades de investigação sobre os contextos global e local onde a oferta e a procura artística e cultural se manifestam com exigência crescente de qualidade e inovação.
O plano de estudos apresentado combina as formações académicas e as práticas orientadas conducentes à realização do objectivo do ciclo de estudos.
Assim, em apoio da formação e investigação, são definidas unidades curriculares que proporcionam um aprofundamento do conhecimento das principais correntes e tendências artísticas e culturais contemporâneas, das instituições e políticas culturais e dos processos sociais que condicionam as escolhas e práticas culturais. Estas unidades são referenciadas a áreas científicas das Ciências Sociais e Humanas, Estudos Culturais e Estudos Críticos de Arte.
Em apoio da preparação profissional, são definidas unidades curriculares que disponibilizam conhecimentos e resultados de experiência que configuram as competências básicas de um gestor cultural nas sociedades educativas emergentes e que são:
Diagnóstico
Mediante os instrumentos de análise propiciados pelas Ciências Sociais, ao gestor cultural incumbe conhecer o quadro de necessidades culturais de um território, bem como a disponibilidade de recursos nele existentes.
Planeamento
O gestor cultural define objectivos, tendo em conta necessidades e disponibilidades, estabelece a sequência da acção.
Comunicação
Importa definir as modalidades de comunicação adequadas aos públicos. E ter em conta que os meios de comunicação não são apenas canais, também interagem com a produção de conteúdos e geram análise.
Gestão
Trata-se de, com base em metodologias próprias da gestção cultural garantir a eficiência dos projectos, isto é, o cumprimento dos conteúdos, do orçamento e dos prazos.
Avaliação
É preciso conhecer o impacte das acções, fazer o balanço crítico dos resultados, incorporar a análise interna e externa respectivas.
Redes
Trata-se de garantir a coordenação entre os múltiplas entidades com intervenção na produção de serviços culturais e de estimular a cooperação entre os planos local, nacional, internacional. O gestor cultural opera com politicas intersectoriais e práticas transversais no território.
Inovação
O gestor cultural deve estar atento à descoberta de novos talentos, estimular a emergência de industrias criativas e a sua tradução em valores para o território. Deve cultivar a relação com o sistema educativo e com o sistema de investigação.
As unidades curriculares que apoiam o desenvolvimento detsas competências são referenciadas às àreas científicas de Mediação e Animação Cultural.
A justificação da criação deste curso é óbvia - a necessidade surge da existência de equipamentos culturais em número crescente e da procura de formação especializada por parte daqueles que assumiram responsabilidades de os porem a funcionar. Por isso, o campo de recrutamento dos candidatos será muito alargado. Como também se escreve no projecto aprovado:
A formação em gestão cultural, no termos acima referidos (formação especializada de 2º ciclo) tem uma reduzida expressão no ensino superior em Portugal. Como aí também se afirma, a procura andou à frente da oferta, isto é, a necessidade de acorrer à gestão de equipamentos culturais e à definição e execução de políticas culturais imperou sobre a formação de gestores neste domínio da cultura.
Após algumas experiências de cursos de pós-graduação em domínios conexos, e tendo em conta o desenvolvimento de licenciaturas em áreas de produção e animação cultural, o sistema de ensino superior está em condições de avançar com programas de formação em Gestão Cultural.Correspondendo a uma formaçao especializada, não deve, no entanto, circunscrever-se o acesso à formação em Gestão Cultural a uma única via. De facto seria tão errado considerar a gestão cultural como um mero prolongamento dos estudos de gestão, como um mero prolongamento dos estudos culturais.
Deste modo, ao mestrado em Gestão Cultural poderão candidatar-se detentores de licenciaturas em qualquer área científica, desde que preencham os requisitos legais e e as condições a definir pelo Conselho Científico da ESAD.
1 comentário:
Para além de constituir uma boa notícia, a aprovação de um plano de estudos como este por despacho ministerial demonstra mero bom senso por parte do Ministério.
Já o facto de alguém ter formulado esse plano, de a ESAD o ter proposto e de o pôr em prática, para além de uma boa notícia, é motivo de expectativa e de esperança.
Já era tempo de a cultura ser reconhecida como uma área específica de gestão.
Porque:
- a gestão cultural, pela sua especificidade, justifica e torna imprescindível a existência de recursos humanos académica e profissionalmente preparados.
- "a existência de equipamentos culturais em número crescente" acentua essa necessidade.
- a criação de públicos progressivamente mais exigentes, diversificados e participativos, depende da concretização de programas como o que é referido neste post, para já, e com vista ao futuro.
E assim, o mundo fica melhor!
(digo eu)
Parabéns!
- Isabel X -
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