Solon, na sua velhice, repetia muitas vezes este verso. O sentido que esse verso possui permitir-me-ia dizê-lo também na minha; mas é bem triste o conhecimento que, desde há vinte anos, a experiência me fez adquirir: a ignorância ainda é preferível. A adversidade é sem dúvida, um grande mestre, mas faz pagar caro as suas lições e muitas vezes o proveito que dela se tira não vale o preço que custaram. Aliás, a oportunidade de nos servirmos desse saber tardio passa antes de o termos adquirido. A juventude é o tempo próprio para se aprender a sabedoria, a velhice é o tempo próprio para a praticar. A experiência instrui sempre, confesso, mas não é útil senão durante o espaço de tempo que temos à nossa frente. É no momento em que se vai morrer que se deve aprender como se deveria ter vivido?
Jean-Jacques Rousseau, Os Devaneios do Caminhante Solitário. Lisboa, Livros Cotovia, 1989. p. 29. [Data da edição original: 1776]
2 comentários:
Até muito recentemente, a experiência da, e de uma, vida "transferia-se" às novas gerações através da instituição avós, hoje o que se verifica é o arquivar dos "avós" em Lares,ou Centros de Dia.
É certo que aprenderemos até à exaustão da nossa resistência física, justificando-se a questão, para quê? com quem?para quem?
É verdade que podemos sempre recorrer ao testamento (livros), para partilhar a experiência, a aprendizagem e a descoberta que sempre nos acompanham.Alguns de nós fazem-no muito bem.....
JG
Viva João Serra.
Muito bonito.
Uma lição, se me permite.
Abraço.
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