Drought and Rain Vol. II, da coreógrafa vietnamita Ea Sola. Este video foi gravado durante a estreia mundial no Theatre de la Ville, Paris, em Novembro 2007.
Forced to flee her homeland during the Vietnam War, choreographer Ea Sola has shaken the dance world with evocative works forged from exile and loss of identity. A sequel to her 1995 Drought and Rain Vol. I about the aftermath of war, Vol. II is a keenly fervent piece about the new generation, with young dancers from the Vietnam National Ballet. Live traditional drumming and adventurous lighting dramatize the aching persistence of memory. Intensifying from soundless slow-motion to pounding percussive movements, dancers shift between isolation and unison in a hypnotic display. Ea Sola's Drought and Rain beseeches us to remember: “War's only purpose is to destroy life.”
sábado, 31 de outubro de 2009
Os portugueses agradecer-lhe-ão, Senhora Ministra, tudo o que fizer pela escola
Se me permite que me exprima desta forma, Senhora Ministra, estou preocupado com a sua agenda. Há quem se ponha em bicos de pés e quem se esgueire para ocupar uma posição vantajosa na grelha de partida. Refiro-me evidentemente ao CDS/PP e aos Sindicatos. O primeiro quer mostrar desde já que é o mais fiável interlocutor da maioria relativa. Os segundos querem recuperar o espaço que tinham perdido para os diversos movimentos não sindicais de professores. Todos eles, embora, de modos distintos, querem impor à Educação uma única agenda: a dos professores.
Cara Isabel Alçada, não cometa o erro de aceitar esse condicionamento. A agenda da Educação tem de ser recentrada na escola. Na escola. Na escola. Pagámos um preço demasiado elevado pelo desvio desta linha que a sua antecessora não conseguiu evitar nem corrigir.
Deste ponto de vista, a sua primeira intervenção na discussão do programa do Governo, é fundamental. A mediação do CDS e a ameaça sindical não são o foco do debate, embora tudo estejam a fazer para que assim pareça. Escolha criteriosamente os temas do debate e enuncie propósitos claros e exequíveis. Os portugueses compreenderão.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
O bigode segundo Brian Juan O'Neill
Brian falou da sua identidade multicultural. Nascido em Nova Iorque com ascendentes alemães e porto-riquenhos, vive em Portugal há quase 30 anos, onde aportou vindo da Galiza. Nos sítios onde trabalha hoje - Malaca - é visto frequentemente como indonésio, neo-zelandês ou autraliano. Na escola nova-iorquina onde fez os estudos secundários frequentou uma turma onde era um dos 6 rapazes não judeus. Em sinal de protesto, em Julho de 68, a seguir às revoltas estudantis de Nanterre (Paris) e Columbia (Nova Iorque) deixou crescer o bigode e prometeu a si próprio nunca mais cortar.
A sua cara afeiçoou-se ao bigode, explicou. Há gestos, olhares, expressões seus que funcionam em sintonia com o bigode. Já não se consegue imaginar sem esse apêndice capilar identitário.
"Eu sou eu e o meu bigode" - poderia ter dito. Como o compreendi! Recordei o dia, algures em 1986 ou 1987, em que me quis ver desfazer do bigode. Até ter visto, no olhar intrigado do meu filho, então com 2 ou 3 anos, uma dúvida expontânea sobre a identidade daquele tipo vagamente parecido com o seu progenitor.
Trocadas as histórias, Ricardo Vieira escreveu no seu livro, ontem lançado, a seguinte dedicatória:
João Serra. Para que o bigode possa ser usado quando nos revemos nele e os outros em "nós". Com um abraço amigo. 28/09/2009.
PS.
Ricardo não usa bigode.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Identidade pessoal, multipertença social
Portanto a (re)construção da identidade pessoal e social é um processo complexo e intrínseco a cada indivíduo (eu sou exclusivamente eu, embora tenha muitos outros e de outros), não é uma mera reprodução da esfera social e cultural onde ele se movimenta. Até porque mesmo os grupos sociais (a palavra encontra-se propositadamente no plural, pois os indivíduos encontram-se sucessiva ou simultaneamente ligados a diferentes grupos), como observa Lahire*, reportando-se a Halbwachs, não são homogéneos nem imutáveis, e os indivíduos que os atravessam são também o produto "matizado" desta heterogeneidade e mutabilidade**. Todas as vivências que vão marcando todo o percurso de vida, desde a infância até à idade adulta, memórias de todas aquelas pessoas e situações que, quer de uma forma positiva ou negativa, se tornaram significativas e significantes, não se vão simplesmente acumulando, nem são sintetizadas de forma simples e elementar. E sem se ir ao extremo de se falar em descontinuidade absoluta, poder-se-á considerar que os sujeitos saltam de um grupo social para outro, de uma situação para outra, até de uma sociedade para outra (p.e. rural para urbana) de um "domínio de existência para outro" sem que tenha forçosamente de haver continuidade, homogeneidade e compatibilidade entre essas experiências.
* Bernard Lahire, O Homem Plural. São Paulo, Vozes, 2002
** Gilberto Velho, Individualismo e Cultura. Notas para uma Antropologia da Sociedade Contemporânea. Rio de Janeiro, Zahar Editor, 1981, p. 26-29.
Ricardo Vieira, Identidades Pessoais. Interacções, Campos de Possibilidade e Metamorfoses Culturais. Lisboa Colibri/IPL, 2009. p. 38-39
Lançamento de livro de Ricardo Vieira
Privilégio de quem assistiu ontem, no anfiteatro da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais em Leiria ao lançamento do livro do Prof. Ricardo Vieira, Identidades Pessoais. Interacções, Campos de Possibilidades e Metamorfoses Culturais. Em primeiro lugar, pela circunstância rara de me ter achado numa cerimónia que decorreu numa sala literalmente cheia de alunos. Em segundo lugar, pela qualitativa presença institucional que incluiu desde o Director da Escola ao Presidente recém-eleito do Instituto Politécnico e ao Director do Indeia, a unidade orgânica que gere a área de investigação. Em segundo lugar, pelo surpreendente discurso da Prof. ª Cristina Nobre, Presidente do Conselho Técnico-Científico da ESECS, um texto que combinou com emoção a poesia, o testemunho amigo e a reflexão sobre ser professor e intelectual. Finalmente, pela magnífica lição de antropologia de Brian Juan O' Neill, professor catedrático do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, uma viagem pelo conceito de identidade(s) com uma não menos surpreendente apresentação da sua própria história de vida. Voltaremos a ela, aqui.
Alexandra, menina russa
A Segurança Social russa admite retirar Alexandra à pessoa a quem a justiça do Estado português a entregou. Para a internar numa daquelas instituições sobre as quais só nos chegam sempre as más notícias.
“Ela [a mãe de Alexandra] chegou aqui há alguns meses e nós estamos a tentar fazer tudo para normalizar a situação, mas esteve oito anos em Portugal e vocês não viram o estado em que ela estava? Mas que tribunal entregou a menina a uma pessoa assim?”, perguntou, em jeito de defesa, Iúri Kudriavtsev, chefe da Comissão para Protecção de Menores do Concelho de Pervomaisk, onde se encontra a vila de Pretchistoe, onde vive Alexandra com a mãe.
Em nome de que princípios actuou a justiça portuguesa, neste caso? O do suposto interesse do Estado, certamente, que no do da criança não foi, como se tem visto.
Antes da criança, o juiz colocou a criança originária da Rússia, antes do ser humano viu a nacionalidade.
“Ela [a mãe de Alexandra] chegou aqui há alguns meses e nós estamos a tentar fazer tudo para normalizar a situação, mas esteve oito anos em Portugal e vocês não viram o estado em que ela estava? Mas que tribunal entregou a menina a uma pessoa assim?”, perguntou, em jeito de defesa, Iúri Kudriavtsev, chefe da Comissão para Protecção de Menores do Concelho de Pervomaisk, onde se encontra a vila de Pretchistoe, onde vive Alexandra com a mãe.
Diálogos
Ainda sobre Pascual Maragall e a doença neurovegetativa que lhe foi diagnosticada:
A - Pascual e Diana. Um apoio firme.
O ex-presidente com sua mulher, Diana Garrigosa, com quem se casou em 1965. "Esta casa é a melhor de Espanha e isso se fica a dever-se a que tem uma senhora que se chama Diana e que se lembra e coisas como esta" - conta Maragall ao escritor Juan José Millás diante de uma recipiente cheio de avelãs, nozes e amêndoas, ao pé de uma tábua e um martelo para as partir.B. Sms trocados hoje pela manhã.
CS e DV são leitores regulares deste blogue. Raramente escrevem comentários, mas com frequência trocam sms sobre o seu conteúdo. Mero pretexto para dizerem um ao outro "aqui estou", apesar da distância física que os separa, ou forma indirecta de expressarem o seu apreço por este limitado mas constante ponto de encontro, às vezes dão-me conta das mensagens que receberam e enviaram. Foi o caso das de hoje:
DV - Já leste o blogue do João? Está preocupado com Pasqual Maragall. Percebe-se que o conhecia e admirava.
CS - Sim, percebi que se trata de alguém especial. Notícia péssima...
DV - Confirmo essa ideia de que se tratava de um homem especial. Deste uma vista de olhos pelos links que o João referiu?
CS - Dei. E percebi que ele tem duas coisas que o vão acompanhar até ao fim - as melhores que a vida nos pode dar: uma casa que conhece de toda a vida e uma mulher que o ama, e de quem vai precisar para continuar a ser uma pessoa por inteiro.
DV - E ele saberá? Adivinhará? É, pelo que li, um homem grande no tamanho e no coração, empreendedor, livre, que vive intensamente tudo o que pode e toda a gente sempre tratou de forma directa e frontal.
CS - Querido amigo. Os homens podem viver intensamente uma vida mas só um amor como o de Diana os pode salvar da indignidade. Acredita. Já vi este filme todo vezes demais.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Pasqual Maragall
A série de Juan José Millás "Vidas al limite" (El Pais Semanal) é dedicada a Pasqual Maragall que em Abril de 2008 constituiu uma Fundação com o seu nome que tem por objecto promover a investigação sobre doenças neurovegetativas, em especial o Alzheimer. Em Outubro de 2007 Pasqual confirmou que esta enfermidade lhe fora diagnosticada. A reportagem pode ser vista aqui e aqui.
Conheci Maragall em 2006, na embaixada portuguesa em Madrid, num jantar que reuniu grandes figuras da política nacional e regional espanhola, o Rei e a Rainha. À sua volta gravitava um debate tenso sobre o futuro das autonomias. Ele fora sempre um crítico implacável do centralismo. Em 2007 rompeu com Zapatero por esse motivo.
Presidiu ao Governo da Catalunha entre 2003 e 2006, mas a sua actividade política mais relevante está associada à presidência da Câmara de Barcelona que exerceu de 1982 a 1997. Foi nos seus mandatos que se preparou a candidatura vitoriosa de Barcelona à organização dos Jogos Olímpicos, seguindo-se um processo urbanístico exemplar até à respectiva realização em 1992.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
O sofrimento de Samantha
Vive no Haway com o marido e filhos. Recebeu nos últimos meses o assedio de dezenas de paparazzi e de meio milhar de telefonemas de jornalistas pedindo uma reacção aos acontecimentos.
Depois do calvário da violação e da consequente tramitação judicial aos 13 anos, eis que agora, aos 46, o passado irrompe no seu presente.
Claro que ela só pode pedir que a deixem em paz. Mas esse não é argumento a favor da não extradição do cineasta que está na origem do sofrimento. Ou é?
Depois do calvário da violação e da consequente tramitação judicial aos 13 anos, eis que agora, aos 46, o passado irrompe no seu presente.
Claro que ela só pode pedir que a deixem em paz. Mas esse não é argumento a favor da não extradição do cineasta que está na origem do sofrimento. Ou é?
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Territórios
Pela primeira vez na última década, não ouvi os discursos da posse (nem vi aquelas curiosas filas de cumprimentos dos primeiros dias do resto das vidas dos nossos governantes). Estava a 400 quilómetros de distância percorrida entre bancos de nevoeiro. De modo que mal me apercebi dos discursos e, sobretudo, perdi a entoação das vozes, o sentido dos olhares e o ambiente particular. Fiquei com a ideia de que cada um dos protagonistas marcou cuidadosamente o seu território. Com frio calculismo. Sem que por um momento um gesto, uma palavra, um sorriso desse nota da generosidade a que me habituei e que tanta falta nos faz.
domingo, 25 de outubro de 2009
Como esta madrugada trouxe mais uma hora
Comecei a ler Caim, livro dedicado "A Pilar, como se dissesse água":
Quando o senhor, também conhecido como deus, se apercebeu de que adão e eva, perfeitos em tudo o que apresentavam à vista, não lhes saía uma palavra da boca nem emitiam ao menos um simples som primário que fosse, teve de ficar irritado consigo mesmo, uma vez que não havia mais ninguém no jardim do éden a quem pudesse responsabilizar pela gravíssima falta, quando os outros animais, produtos, todos eles, tal como os dois humanos, do faça-se divino, uns por meio de rugidos e mugidos, outros por roncos, chilreios, assobios e cacarejos, desfrutavam já de voz própria. Num acesso de ira, surpreendente em quem tudo poderia ter solucionado com outro rápido fiat, correu para o casal e, um após outro, sem contemplações, sem meias medidas, enfiou-lhe a língua pela garganta abaixo. Dos escritos em que, ao longo dos tempos, vieram sendo consignados um pouco ao acaso os acontecimentos destas remotas épocas, quer de possível certificação canónica futura ou fruto de imaginações apócrifas e irremediavelmente heréticas, não se aclara a dúvida sobre que língua terá sido aquela, se o músculo flexível e húmido que se mexe e remexe na cavidade bucal e às vezes fora dela, ou a fala, também chamada idioma, de que o senhor lamentavelmente se havia esquecido e que ignoramos qual fosse, uma vez que dela não ficou o menor vestígio, nem ao menos um coração gravado na casca de uma árvore com uma legenda sentimental, qualquer do género amo-te, eva.
José Saramago, Caim. Lisboa, Caminho, 2009. p.11-12.
Arquitectura procura saídas para a crise
A arquitectura procura saídas: reportagem publicada na edição de hoje do El Pais.
Arquitectos como Norman Foster e Richard Rogers asseguram que a crise é a matéria prima da sua disciplina. Os criadores deste século XXI marcado pela recessão procuram novas ideias e territórios para esboçar o mapa arquitectónico do futuro.
Arquitectos como Norman Foster e Richard Rogers asseguram que a crise é a matéria prima da sua disciplina. Os criadores deste século XXI marcado pela recessão procuram novas ideias e territórios para esboçar o mapa arquitectónico do futuro.
1. Tempos de crise
A recessão económica paralisou numerosos projectos públicos e privados. Um exemplo é a Cidade da Justiça de Madrid. Após não ter conseguido um acordo de financiamento suplementar com o Governo regional, o arquitecto Alejandro Zaera-Polo abandonou a construção do edifício do Instituto de Medicina Legal.
2. Menos energiaA recessão económica paralisou numerosos projectos públicos e privados. Um exemplo é a Cidade da Justiça de Madrid. Após não ter conseguido um acordo de financiamento suplementar com o Governo regional, o arquitecto Alejandro Zaera-Polo abandonou a construção do edifício do Instituto de Medicina Legal.
A ideia da sustentabilidade não é nova, mas a crise reforçou-a e tornou-se frequente converter-se numa exigência do cliente. O italiano Renzo Piano é um dos arquitectos que arvorou, com êxito, a bandeira da poupança energética. A sua Fundação Paul Klee (na foto), com sede em Berna (Suíça), necessita para funcionar de metade da energia de um edifício similar construído há 23 anos em Houston (EUA): a Colecção Menil.
Outro dos efeitos visíveis de a crise, é o perfil baixo de boa parte dos edifícios. O rebentar da bolha imobiliária no Japão, e, meados dos anos 90, levou Tadao Ando a cavar literalmente o solo da ilha de Naoshima para situar ali o Museu Chichu.
4. Ao pormenor
Apesar de ter sido afectada, a arquitectura estrela segue o seu caminho. O regresso a um modelo de construção antigo é uma das apostas de quem não pode competir com os grandes ateliês, de centenas de empregados e outros tantos projectos em marcha. José Selgás realizou 360 visitas durante a construção do Palácio de Congressos de Badajoz (na imagem, visto através de uma escultura de Blanca Muñoz). Tanto Selgas como a sua sócia, Lucía Cano, acreditam que a presença do arquitecto ao pé da obra é o que garante a qualidade de um edifício, que deve ser percebido em todos os pormenores.
Apesar de ter sido afectada, a arquitectura estrela segue o seu caminho. O regresso a um modelo de construção antigo é uma das apostas de quem não pode competir com os grandes ateliês, de centenas de empregados e outros tantos projectos em marcha. José Selgás realizou 360 visitas durante a construção do Palácio de Congressos de Badajoz (na imagem, visto através de uma escultura de Blanca Muñoz). Tanto Selgas como a sua sócia, Lucía Cano, acreditam que a presença do arquitecto ao pé da obra é o que garante a qualidade de um edifício, que deve ser percebido em todos os pormenores.
5. Novos desafios
Para os nomes mais consolidados, aqueles que continuam a assinar edifícios predestinados a ser ícones por quantias astronómicas, una maneira de reduzir riscos económicos é multiplicar trabalhos e abrir novos mercados. Há, no entanto, outros riscos. O bloco de apartamentos da Rua Bond de Nova Iorque, de Herzog & De Meuron (para muitos, os melhores arquitectos do mundo na última década), deixa uma sensação de 'dejà vu' que empresta capacidade de impacto ao edifício.
Para os nomes mais consolidados, aqueles que continuam a assinar edifícios predestinados a ser ícones por quantias astronómicas, una maneira de reduzir riscos económicos é multiplicar trabalhos e abrir novos mercados. Há, no entanto, outros riscos. O bloco de apartamentos da Rua Bond de Nova Iorque, de Herzog & De Meuron (para muitos, os melhores arquitectos do mundo na última década), deixa uma sensação de 'dejà vu' que empresta capacidade de impacto ao edifício.
6. Sobriedade
A atribuição do último prémio Pritzker, considerado o Nobel de Arquitectura, a Peter Zumthor, sugere que a sobriedade é um valor em alta. O arquitecto suíço sempre foi um exemplo de rigor e medida. Na Exposição Universal de Hanover do ano 2000, construiu o pavilhão do seu país (na foto) com toros de madeira levados dos bosques suíços e ligados apenas com cabos de aço, sem parafusos nem cola.
A atribuição do último prémio Pritzker, considerado o Nobel de Arquitectura, a Peter Zumthor, sugere que a sobriedade é um valor em alta. O arquitecto suíço sempre foi um exemplo de rigor e medida. Na Exposição Universal de Hanover do ano 2000, construiu o pavilhão do seu país (na foto) com toros de madeira levados dos bosques suíços e ligados apenas com cabos de aço, sem parafusos nem cola.
sábado, 24 de outubro de 2009
"Sou de Peniche"
Como hoje "Sou de Peniche" ( título da Convenção que desde Junho de 2007 se realiza anualmente), fui assistir à posse da Assembleia e da Câmara. Por mais formalidade de que esta cerimónia se revista, sempre representa uma afirmação do vínculo com a democracia de que o poder local autárquico é parte. E por isso é um acto pelo qual perpassa também um ambiente celebratório.
O acto foi acompanhado por um trio de jazz, aspecto que gostaria de destacar. Não se tratou apenas de uma animação de um espaço solene por uma manifestação de modernidade, mas de um sublinhado da saudação festiva que tem por destinatários aqueles que iniciaram hoje as suas novas funções.
Um destaque muito especial para a intervenção do Presidente António José Correia. Pela convicção, pela afectividade, pelo empenho, pela visão que pôs no seu mandato e que reafirmou hoje perante todos os que "são de Peniche".
Arquitecto Norman Foster
Foi galardoado ontem em Espanha com o prémio Príncipe das Astúrias.
Sir Norman Foster, Prémio das Artes, é considerado, com todo a propriedade, como um dos maiores arquitectos da era global, por ter criado uma arquitectura de vanguarda, plena de imaginação, comprometida com as novas tecnologias, a aventura estética e o meio ambiente. Os seus projectos, de personalidade inconfundível e fruto também do seu estudo da historia, ou, o que é o mesmo, do seu respeito pela vitalidade, a força e o valor do melhor do passado, combinam de forma inovadora utilidade e beleza. Conformam, enfim, uma arquitectura delicada e central, poética e moderna, livre e transparente, que explora com coragem para lá da convenção e representa um hino às oportunidades e aos desafios de uma vida profissional feita de paixão e de incansável esforço.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
A uma só voz
Como ontem fui ajudar 20 mil portugueses, na sua maioria tão idosos como eu e os próprios cantautores, a escutar (curiosa palavra!) José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto Bordalo Dias e fiquei muito cansado, não prestei a devida atenção à formação do novo Governo. Apenas percebi que o Primeiro Ministro se mantinha e que o plano de vacinação da gripe não sofreria descontinuidades. O que me tranquilizou. Só agora, depois de uma manhã de aulas e de uma tarde de júri de concursos, pude espreitar a composição do Executivo. Confesso que as novidades, tirando os casos que desconheço, as considero positivas: Santos Silva na Defesa, Alberto Martins na Justiça, Gabriela Canavilhas na Cultura, Vieira da Silva na Economia, Helena André na Solidariedade, Isabel Alçada na Educação, Jorge Lacão nos Assuntos Parlamentares. Vamos esperar agora pelas equipas de secretários de Estado.
Ah, é verdade, fiquei muito cansado ontem não apenas, nem principalmente, por causa da distorção do som do Campo Pequeno (ironia da situação: a primeira vez que entrei em tão vetusta praça e logo ela me pareceu tão pequena mesmo), mas porque o concerto produziu uma verdadeira "fusão" das vozes e das canções. Foi muito difícil distinguir qual era a canção de quem. Cantaram a uma só voz.
Eh, companheiros!
O que leva sete mil pessoas ao Campo Pequeno para verem a uma distância não encurtada pela tecnologia, e para ouvirem, em condições de som inaceitáveis e desconfortavelmente sentadas, 3 cantores que podem ser escutados em cd ou ipod em condições ideais? Resposta: a emoção da partilha, o contacto com a história que fizemos nas últimas quatro décadas e na qual estes cantores - José Mario Branco, Fausto Bordalo Dias e Sérgio Godinho - e as suas canções tiveram um papel não negligenciável e que não deve ser esquecido.
O espectáculo permite experienciar uma novidade: cantadas por dois ou por três cantores, as nossas canções deixaram de ser deste ou daquele cantor: as 3 vozes fundiram-se numa só.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Sonho onde que nos sonharam todos no sonho de cada qual
Quando, às vezes, ponho diante de meus olhos aos grandes errores e tribulações, aos muitos sofrimentos que por nós passaram e vejo a figura de tantas vidas, e não menos mortes, no livro da nossa luta, pergunto sabe: vivem, nossos mortos, se vivos os vejo em meus sonhos?
E se duvido mais, sendo eu mesmo ex-guerrilheiro Kene Vua, é porque essa nota luta de libertação estava assim como um sonho - sonho onde que nos sonharam todos no sonho de cada qual. Sonho nosso era de uma onça ferida, perseguindo teimosamente seu trilho de muitos séculos, por matas e morros demarcados a sangue e luta. Uma onça orgulhosa de sue território, suas jimbumbas de caça; e nós, barrigas nuas e vazias, simples pintas só de sua pele mosqueada.
Por isso sempre os xinguilamos jovens, a nossos mortos.
Jovem , meu avô Kinhoca Nzaji, o bravo dos pés descalços, malha de pata de onça em movimento, com sua cropoxé derrotada mas nunca vencida, mancumunando por pedras e vales com o bravo Kazuangongo - os que escolheram tomar armas contra o mar de injustiças e, ferro-com-ferro, acabar com elas.
Jovem, meu pai, o prudente dos pés calçados, pequena malha em cabeça de onça, armado de sua 3ª classe condiscípula de Agostinho Neto, para toda a vida o escutador da palavra clara do Manguxi, que ele traduzia assim: "Sei pouco, muito pouco; porém desconfio muito..." - e, quieto, vestiu sua dignidade de sofrer as porradas de pau e pedras, as chicotadas de um destino injusto, resistindo sempre.
E eu?
José Luandino Vieira, O Livro dos Guerrilheiros de Rios Velhos e Guerrilheiros II. Narrativas. Lisboa, Caminho, 2009. p. 97-98.
"Bloco central" em Matosinhos
Em Matosinhos, uma união de adversários contra amigos desavindos. Pergunto-me se esse não é o caminho mais certo e curto para aprofundar a divisão política na Câmara e nos partidos de governo da Câmara.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Ana Paula Amendoeira
Saramago e a Igreja Católica
O homem cultiva com um módico de imaginação o estilo "provocador". O sucesso, porém, está garantido. Há sempre um bispo que reage às suas observações simplistas e arrasta um coro de exaltados que não leram nada nem ouviram nada. Como se explica que uma instituição tão segura do seu prestígio e influência ancestrais se deixe assim perturbar?
Pequena dúvida
José Pedro Aguiar Branco recolheu 66 assinaturas antes de ir a votos para a direcção do Grupo Parlamentar do PSD. Se a esse número somarmos os 10 da direcção da bancada, que estavam impedidos de assinar, deverá obter 76 dos 81 votos de deputados sociais-democratas. E se não obtiver?
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Era o meu segredo
Obcecado pelo movimento do sol, passei tardes e tardes observando, da alameda do baldio, o ponto exacto em que se punha, à direita do Castelo. Cheguei à conclusão de que o melhor observatório para lhe deitar a mão era o grande carvalho solitário que existia no limite da Mata e debaixo do qual as ovelhas descansavam à hora da sesta. Era ali que se punha, não tinha dúvida. Se subisse à árvore pela hora do pôr-do-sol, poderia agarrá-lo e, pelo menos, vê-lo cara a cara.
Dei voltas à ideia uns tantos dias, sem a comentar com ninguém. Era o meu segredo. O entusiasmo foi crescendo dentro de mim. Se conseguisse levar o sol para casa, já nunca mais seria de noite nem teríamos que acender a candeia ou o candeeiro de petróleo. Melhor que isso, poderíamos pendurá-lo no cimo da torre junto do cata-vento para dar luz para toda a aldeia. Mas isso seria perigoso. Alguém poderia ir lá e roubá-lo ou soltá-lo e então voltaria a perder-se no céu como um balão quando se solta da mão. Decididamente, o melhor seria guardá-lo em casa e não o emprestar a ninguém.
Um dia, no princípio do Verão, tomei secretamente o caminho do Castelo e, ao cair da tarde, passei pelo baldio do Prado de los Rebollos e subi até à Mata. Não me foi difícil dar com a árvore onde o sol se punha. Suava e parecia que o coração me ia sair do peito. Permaneci quieto um bom bocado, acocorado debaixo da árvore, entre os excrementos das ovelhas. Ouvi cantar o cuco. Cães do Prado del Chunfa ladraram e cavalos vieram pelo caminho de Horcajo. Nem me mexi. Era fundamental que ninguém me descobrisse. O meu plano tinha sido muito pensado: treparia até à copa da árvore quando chegasse o momento esperado.
Esperei, esperei, mas o sol naquela tarde passou ao largo, muito alto, e foi pôr-se lá longe, em cima da serra do Lutero. Pensei: é muito esperto, é evidente que me descobriu. E pus-me a chorar. Começou a anoitecer e ouvi a voz angustiada da minha mãe, que me chamava de Las Eras. Até hoje não contei a ninguém por que motivo saí de casa naquela tarde e a razão pela qual regressei com lágrimas nos olhos.
Passaram muitos anos, compreendi que o sol se levanta para todos e hoje conformo-me, minha filha, com a possibilidade de apanhar sol num recanto tranquilo enquanto desfio as minhas recordações.
Dei voltas à ideia uns tantos dias, sem a comentar com ninguém. Era o meu segredo. O entusiasmo foi crescendo dentro de mim. Se conseguisse levar o sol para casa, já nunca mais seria de noite nem teríamos que acender a candeia ou o candeeiro de petróleo. Melhor que isso, poderíamos pendurá-lo no cimo da torre junto do cata-vento para dar luz para toda a aldeia. Mas isso seria perigoso. Alguém poderia ir lá e roubá-lo ou soltá-lo e então voltaria a perder-se no céu como um balão quando se solta da mão. Decididamente, o melhor seria guardá-lo em casa e não o emprestar a ninguém.
Um dia, no princípio do Verão, tomei secretamente o caminho do Castelo e, ao cair da tarde, passei pelo baldio do Prado de los Rebollos e subi até à Mata. Não me foi difícil dar com a árvore onde o sol se punha. Suava e parecia que o coração me ia sair do peito. Permaneci quieto um bom bocado, acocorado debaixo da árvore, entre os excrementos das ovelhas. Ouvi cantar o cuco. Cães do Prado del Chunfa ladraram e cavalos vieram pelo caminho de Horcajo. Nem me mexi. Era fundamental que ninguém me descobrisse. O meu plano tinha sido muito pensado: treparia até à copa da árvore quando chegasse o momento esperado.
Esperei, esperei, mas o sol naquela tarde passou ao largo, muito alto, e foi pôr-se lá longe, em cima da serra do Lutero. Pensei: é muito esperto, é evidente que me descobriu. E pus-me a chorar. Começou a anoitecer e ouvi a voz angustiada da minha mãe, que me chamava de Las Eras. Até hoje não contei a ninguém por que motivo saí de casa naquela tarde e a razão pela qual regressei com lágrimas nos olhos.
Passaram muitos anos, compreendi que o sol se levanta para todos e hoje conformo-me, minha filha, com a possibilidade de apanhar sol num recanto tranquilo enquanto desfio as minhas recordações.
Abel Hernández, Historias de la Alcarama. 2ª ed. Madrid, Gadir, 2008. p. 152-153
domingo, 18 de outubro de 2009
Pedimos desculpa por esta interrupção
A crise segue dentro de momentos.
Eu, Rosie, eu se falasse eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Ou, como fingiu o poeta:
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
[Reinaldo Ferreira, Poemas, 1962]
MEC: os livros sairam dos caixotes
No Público de hoje, Miguel Esteves Cardoso diz-se confortado com o regresso dos seus livros. Como o compreendo!
O regresso de uma biblioteca é como uma prova de vida. Tive de podá-la, claro, para caberem os novos: são livros que nunca mais vou ler; livros que odiei; livros que jamais hei-de querer acabar de ler; livros que me mandaram e que eu me esqueci de deitar fora. Ter a minha biblioteca à minha volta, aqui no meu escritório e ali na nossa sala, é como ter a protecção da Cosa Nostra. Já posso ir ver o que não sei – e o que não tenho a certeza de saber. Os livros são uma protecção térmica e decorativa: basta encher as paredes de livros para uma pessoa se sentir bem. Anthony Powell chamou a um dos (maus) livros dele: Books Do Furnish A Room. São, sobretudo, um poder. “É para isso que serve a universidade”, disse-me o meu tutor mais sábio de Manchester (cujo nome esqueci, como gratidão), “para nos ensinar a ir ver o que pensam as pessoas e, nesse exercício, de ir ver, ensinar-nos a pensar”. Os livros voltaram. A partir de agora, os meus poderes mágicos vão ser conforme.
Casa dos Patudos
Sexta-Feira, 16, pelas 15h30, na Casa dos Patudos, assinatura de um protocolo entre o Instituto Politécnico de Leiria e a Câmara Municipal de Alpiarça, representado pelos respectivos presidentes em exercício, Professor João Paulo Marques e Dr.ª Vanda Cristina Nunes.
O objecto do protocolo é a supervisão técnica, científica, cultural, artística, formativa e museológica das actividades da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça. É válido por 3 anos.
O meu envolvimento neste projecto é conhecido, originou uma colaboração regular que se vem desenvolvendo há cerca de 4 anos, e ficou agora consagrado em documento formal. Compete-me, nos próximos 3 meses, fazer um diagnóstico da situação da Casa e propor um plano de actividades para os 3 anos seguintes. É o que farei com todo o gosto e empenho.
sábado, 17 de outubro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Gestão Cultural
A boa notícia de hoje é o despacho ministerial que autoriza o funcionamento do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre em Gestão Cultural na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha.
O objectivo do mestrado é proporcionar uma formação especializada em Gestão Cultural, mediante o desenvolvimento de actividades de formação e investigação e de capacidades profissionais nessa mesma área.
Este objectivo genérico desdobra-se nos seguintes objectivos parcelares.
- proporcionar quadros e referências conceptuais em áreas de conhecimento relacionadas com o exercício da missão do gestor cultural;
- analisar experiências e desenvolver projectos que estabeleçam relação com a prática da gestão cultural e promovam a aquisição de competências necessárias para o desempenho da missão do gestor cultural;
- estimular capacidades de investigação sobre os contextos global e local onde a oferta e a procura artística e cultural se manifestam com exigência crescente de qualidade e inovação.
O plano de estudos apresentado combina as formações académicas e as práticas orientadas conducentes à realização do objectivo do ciclo de estudos.
Assim, em apoio da formação e investigação, são definidas unidades curriculares que proporcionam um aprofundamento do conhecimento das principais correntes e tendências artísticas e culturais contemporâneas, das instituições e políticas culturais e dos processos sociais que condicionam as escolhas e práticas culturais. Estas unidades são referenciadas a áreas científicas das Ciências Sociais e Humanas, Estudos Culturais e Estudos Críticos de Arte.
Em apoio da preparação profissional, são definidas unidades curriculares que disponibilizam conhecimentos e resultados de experiência que configuram as competências básicas de um gestor cultural nas sociedades educativas emergentes e que são:
Diagnóstico
Mediante os instrumentos de análise propiciados pelas Ciências Sociais, ao gestor cultural incumbe conhecer o quadro de necessidades culturais de um território, bem como a disponibilidade de recursos nele existentes.
Planeamento
O gestor cultural define objectivos, tendo em conta necessidades e disponibilidades, estabelece a sequência da acção.
Comunicação
Importa definir as modalidades de comunicação adequadas aos públicos. E ter em conta que os meios de comunicação não são apenas canais, também interagem com a produção de conteúdos e geram análise.
Gestão
Trata-se de, com base em metodologias próprias da gestção cultural garantir a eficiência dos projectos, isto é, o cumprimento dos conteúdos, do orçamento e dos prazos.
Avaliação
É preciso conhecer o impacte das acções, fazer o balanço crítico dos resultados, incorporar a análise interna e externa respectivas.
Redes
Trata-se de garantir a coordenação entre os múltiplas entidades com intervenção na produção de serviços culturais e de estimular a cooperação entre os planos local, nacional, internacional. O gestor cultural opera com politicas intersectoriais e práticas transversais no território.
Inovação
O gestor cultural deve estar atento à descoberta de novos talentos, estimular a emergência de industrias criativas e a sua tradução em valores para o território. Deve cultivar a relação com o sistema educativo e com o sistema de investigação.
As unidades curriculares que apoiam o desenvolvimento detsas competências são referenciadas às àreas científicas de Mediação e Animação Cultural.
Correspondendo a uma formaçao especializada, não deve, no entanto, circunscrever-se o acesso à formação em Gestão Cultural a uma única via. De facto seria tão errado considerar a gestão cultural como um mero prolongamento dos estudos de gestão, como um mero prolongamento dos estudos culturais.
Deste modo, ao mestrado em Gestão Cultural poderão candidatar-se detentores de licenciaturas em qualquer área científica, desde que preencham os requisitos legais e e as condições a definir pelo Conselho Científico da ESAD.
Trata-se em primeiro lugar de um justo reconhecimento da qualidade e pertinência da proposta elaborada pelos professores de Animação Cultural da ESAD em finais de 2006. O funcionamento deste novo Curso confere a esta Escola novos desenvolvimentos à capacidade científica, laboratorial e pedagógica nela instalada, permite que novas capacidades de investigação aqui se radiquem e oferece à região e ao país formações avançadas num domínio relevantes para as culturais e económicas das cidades.
Do projecto agora aprovado, transcreve-se o sumário da respectiva apresentação:
Este objectivo genérico desdobra-se nos seguintes objectivos parcelares.
- proporcionar quadros e referências conceptuais em áreas de conhecimento relacionadas com o exercício da missão do gestor cultural;
- analisar experiências e desenvolver projectos que estabeleçam relação com a prática da gestão cultural e promovam a aquisição de competências necessárias para o desempenho da missão do gestor cultural;
- estimular capacidades de investigação sobre os contextos global e local onde a oferta e a procura artística e cultural se manifestam com exigência crescente de qualidade e inovação.
O plano de estudos apresentado combina as formações académicas e as práticas orientadas conducentes à realização do objectivo do ciclo de estudos.
Assim, em apoio da formação e investigação, são definidas unidades curriculares que proporcionam um aprofundamento do conhecimento das principais correntes e tendências artísticas e culturais contemporâneas, das instituições e políticas culturais e dos processos sociais que condicionam as escolhas e práticas culturais. Estas unidades são referenciadas a áreas científicas das Ciências Sociais e Humanas, Estudos Culturais e Estudos Críticos de Arte.
Em apoio da preparação profissional, são definidas unidades curriculares que disponibilizam conhecimentos e resultados de experiência que configuram as competências básicas de um gestor cultural nas sociedades educativas emergentes e que são:
Diagnóstico
Mediante os instrumentos de análise propiciados pelas Ciências Sociais, ao gestor cultural incumbe conhecer o quadro de necessidades culturais de um território, bem como a disponibilidade de recursos nele existentes.
Planeamento
O gestor cultural define objectivos, tendo em conta necessidades e disponibilidades, estabelece a sequência da acção.
Comunicação
Importa definir as modalidades de comunicação adequadas aos públicos. E ter em conta que os meios de comunicação não são apenas canais, também interagem com a produção de conteúdos e geram análise.
Gestão
Trata-se de, com base em metodologias próprias da gestção cultural garantir a eficiência dos projectos, isto é, o cumprimento dos conteúdos, do orçamento e dos prazos.
Avaliação
É preciso conhecer o impacte das acções, fazer o balanço crítico dos resultados, incorporar a análise interna e externa respectivas.
Redes
Trata-se de garantir a coordenação entre os múltiplas entidades com intervenção na produção de serviços culturais e de estimular a cooperação entre os planos local, nacional, internacional. O gestor cultural opera com politicas intersectoriais e práticas transversais no território.
Inovação
O gestor cultural deve estar atento à descoberta de novos talentos, estimular a emergência de industrias criativas e a sua tradução em valores para o território. Deve cultivar a relação com o sistema educativo e com o sistema de investigação.
As unidades curriculares que apoiam o desenvolvimento detsas competências são referenciadas às àreas científicas de Mediação e Animação Cultural.
A justificação da criação deste curso é óbvia - a necessidade surge da existência de equipamentos culturais em número crescente e da procura de formação especializada por parte daqueles que assumiram responsabilidades de os porem a funcionar. Por isso, o campo de recrutamento dos candidatos será muito alargado. Como também se escreve no projecto aprovado:
A formação em gestão cultural, no termos acima referidos (formação especializada de 2º ciclo) tem uma reduzida expressão no ensino superior em Portugal. Como aí também se afirma, a procura andou à frente da oferta, isto é, a necessidade de acorrer à gestão de equipamentos culturais e à definição e execução de políticas culturais imperou sobre a formação de gestores neste domínio da cultura.
Após algumas experiências de cursos de pós-graduação em domínios conexos, e tendo em conta o desenvolvimento de licenciaturas em áreas de produção e animação cultural, o sistema de ensino superior está em condições de avançar com programas de formação em Gestão Cultural.Correspondendo a uma formaçao especializada, não deve, no entanto, circunscrever-se o acesso à formação em Gestão Cultural a uma única via. De facto seria tão errado considerar a gestão cultural como um mero prolongamento dos estudos de gestão, como um mero prolongamento dos estudos culturais.
Deste modo, ao mestrado em Gestão Cultural poderão candidatar-se detentores de licenciaturas em qualquer área científica, desde que preencham os requisitos legais e e as condições a definir pelo Conselho Científico da ESAD.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Já não produzimos ruínas
Os escombros acumulados pela história recente e as ruínas surgidas do passado não são equivalentes. Há um fosso entre o tempo histórico da destruição ditada pela loucura da história (as ruas de Kabul ou de Beirute) e o tempo puro, o “tempo em ruínas”, as ruínas do tempo que perdeu a história ou que a história perdeu.
A história desencoraja sempre que a sua gaguez a priva de sentido. A loucura da história é uma loucura de repetição. Os horrores repetem-se. Os progressos da tecnologia amplificam os seus efeitos. A primeira guerra mundial viu o massacre de milhares de jovens que não ousamos dizer que morreram para nada, a não ser para criar condições de um novo massacre vinte anos mais tarde. O terror e o horror absolutos forma atingidos com a segunda guerra mundial, os campos da morte e as armas de destruição maciça. Hoje, os cemitérios da Normandia e a linha Maginot tornaram-se locais turísticos. Ao vermos os massacres e destruições concentrarem-se no terceiro mundo, dir-se-á que a nova ordem mundial, global, não passa de uma figura recorrente à escala planetária.
Alguns optimistas pensam, no entanto, que o futuro está ainda por construir e que a história do mundo como tal, do mundo efectivamente planetário, mal começou. O paradoxo é que começa no momento em que aqueles que são os seus senhores nos querem fazer crer que essa história está acabada.
Se o novo mundo está por construir, isso não deve ser tomado como uma metáfora.
O urbanismo e a arquitectura sempre falaram de poder e de política. As suas formas actuais, a multiplicação de espaços de miséria, de campos de concentração, de sub-produtos do urbanismo selvagem sob as volutas reluzentes das auto-estradas, dos locais de consumo, das viagens e dos quarteirões de negócios, das singularidades e das imagens nascidas da encenação do mundo como espectáculo, mostram bem a cínica franquia da história humana. São as nossas sociedades que temos sob o nosso olhar, sem máscara, sem disfarce. Quem quiser saber o que o futuro nos reserva não deve perder de vista os territórios à espera de construção, os espaços vazios, os escombros e os estaleiros.
O que nos atrai no espectáculo das ruínas, até quando a erudição pretende fazê-las contar a história, ou quando o artifício de uma encenação de som e luz as transforma em espectáculo, é a sua aptidão para proporcionar o sentir do tempo sem resumir a história nem a encerrar na ilusão do saber ou da beleza, para tomar a forma de uma obra de arte, duma lembrança sem passado. A história que aí vem já não produzirá ruínas. Não terá tempo. Debaixo dos escombros nascidos dos confrontos que não deixará de originar, abrir-se-ão novos estaleiros, e com eles, quem sabe, uma oportunidade de erguer outra coisa, de reencontrar o sentido do tempo, e no fim, talvez, a consciência da história.
Marc Augé, Le Temps em Ruines. Paris, Galilée, 2003. p. 131-133.
A história desencoraja sempre que a sua gaguez a priva de sentido. A loucura da história é uma loucura de repetição. Os horrores repetem-se. Os progressos da tecnologia amplificam os seus efeitos. A primeira guerra mundial viu o massacre de milhares de jovens que não ousamos dizer que morreram para nada, a não ser para criar condições de um novo massacre vinte anos mais tarde. O terror e o horror absolutos forma atingidos com a segunda guerra mundial, os campos da morte e as armas de destruição maciça. Hoje, os cemitérios da Normandia e a linha Maginot tornaram-se locais turísticos. Ao vermos os massacres e destruições concentrarem-se no terceiro mundo, dir-se-á que a nova ordem mundial, global, não passa de uma figura recorrente à escala planetária.
Alguns optimistas pensam, no entanto, que o futuro está ainda por construir e que a história do mundo como tal, do mundo efectivamente planetário, mal começou. O paradoxo é que começa no momento em que aqueles que são os seus senhores nos querem fazer crer que essa história está acabada.
Se o novo mundo está por construir, isso não deve ser tomado como uma metáfora.
O urbanismo e a arquitectura sempre falaram de poder e de política. As suas formas actuais, a multiplicação de espaços de miséria, de campos de concentração, de sub-produtos do urbanismo selvagem sob as volutas reluzentes das auto-estradas, dos locais de consumo, das viagens e dos quarteirões de negócios, das singularidades e das imagens nascidas da encenação do mundo como espectáculo, mostram bem a cínica franquia da história humana. São as nossas sociedades que temos sob o nosso olhar, sem máscara, sem disfarce. Quem quiser saber o que o futuro nos reserva não deve perder de vista os territórios à espera de construção, os espaços vazios, os escombros e os estaleiros.
O que nos atrai no espectáculo das ruínas, até quando a erudição pretende fazê-las contar a história, ou quando o artifício de uma encenação de som e luz as transforma em espectáculo, é a sua aptidão para proporcionar o sentir do tempo sem resumir a história nem a encerrar na ilusão do saber ou da beleza, para tomar a forma de uma obra de arte, duma lembrança sem passado. A história que aí vem já não produzirá ruínas. Não terá tempo. Debaixo dos escombros nascidos dos confrontos que não deixará de originar, abrir-se-ão novos estaleiros, e com eles, quem sabe, uma oportunidade de erguer outra coisa, de reencontrar o sentido do tempo, e no fim, talvez, a consciência da história.
Marc Augé, Le Temps em Ruines. Paris, Galilée, 2003. p. 131-133.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Bianca Sforza, belíssima
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Fim de ciclo
Enfim, terminou o longo ciclo eleitoral que começou com o PS a descer perigosamente e acabou com o PS a ganhar, e dois vencedores políticos: António Costa e José Sócrates. Este ciclo abriu a caixa de Pandora das eleições presidenciais (o que não era previsível) e relançou a crise "refundacional" do PSD. Consolidou o Bloco de Esquerda mas espero que tenha moderado a arrogância triunfalista de alguns dos seus dirigentes. Recolocou CDS e PCP nos respectivos lados e credibilizou-os (viabilizou-os?) como parceiros. Obrigou o eleitorado a fazer múltiplas escolhas em pouco tempo e a tomar opções complexas e por vezes cirúrgicas, o que, evidentemente, fragilizou as empresas de sondagens.
Mercedes Sosa (San Miguel de Tucumán, 9 de Julho de 1935 — Buenos Aires, 4 de Outubro de 2009)
De Las Simples Cosas
Letra de César Isella
Uno se despide insensiblemente de pequeñas cosas,
Lo mismo que un árbol en tiempos de otoño muere por sus hojas.
Al fin la tristeza es la muerte lenta de las simples cosas,
Esas cosas simples que quedan doliendo en el corazón.
Uno vuelve siempre a los viejos sitios en que amó la vida,
Y entonces comprende como están de ausentes las cosas queridas.
Por eso muchacho no partas ahora soñando el regreso,
Que el amor es simple, y a las cosas simples las devora el tiempo.
Demorate aquí, en la luz mayor de este mediodía,
Donde encontrarás con el pan al sol la mesa servida.
Por eso muchacho no partas ahora soñando el regreso,
Que el amor es simple, y a las cosas simples las devora el tiempo.
Letra de César Isella
Musica de Tejada Gómez
Uno se despide insensiblemente de pequeñas cosas,
Lo mismo que un árbol en tiempos de otoño muere por sus hojas.
Al fin la tristeza es la muerte lenta de las simples cosas,
Esas cosas simples que quedan doliendo en el corazón.
Uno vuelve siempre a los viejos sitios en que amó la vida,
Y entonces comprende como están de ausentes las cosas queridas.
Por eso muchacho no partas ahora soñando el regreso,
Que el amor es simple, y a las cosas simples las devora el tiempo.
Demorate aquí, en la luz mayor de este mediodía,
Donde encontrarás con el pan al sol la mesa servida.
Por eso muchacho no partas ahora soñando el regreso,
Que el amor es simple, y a las cosas simples las devora el tiempo.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Os resultados nas Caldas
Também aqui há provavelmente que ponderar e reponderar resultados. Suspeito que a observação criteriosa dos fenómenos de transferência de votos, mesa a mesa, fornecerá matéria interessante e útil para se perceber que tendências estão em marcha no eleitorado. Recuso-me a acreditar que não haja flutuações, novidades, movimentos na sociedade local na sua relação com a elite política que governa a autarquia. Ou seja, que os eleitores não interajam com os eleitos e estes com aqueles.
Sem essa análise, adiantar hipóteses interpretativas sobre o que se passou no Domingo no concelho das Caldas é decerto imprudente e precipitado. Duas notas apenas, por isso. A primeira: o eleitorado deu algumas mostras de que está atento a que a actual maioria com a sua liderança se esgotará ao fim deste quadriénio. Quis diminui-la. A segunda: um empurrão para a alternativa foi dado ao CDS, que recebeu uma junta, um vereador e um expressivo aumento de votação. Um reforço de benefício da dúvida não coube a mais nenhum partido de oposição municipal. Todos têm quatro anos para mostrar o que valem. A começar desde já.
"Refundação"
Em tempo de ponderação e reponderação de resultados - espero que também de política e de políticas - há quem peça uma "refundação" do PSD.
Mas refundar não é baralhar e dar de novo. Talvez seja isso que o PSD tem feito desde que o Primeiro Ministro Cavaco Silva abandonou a liderança do Governo e do Partido. Pergunto-me, por isso, se refundar não significa neste caso começar por mudar radicalmente a relação entre o Partido e aquele que foi o seu último "refundador".
domingo, 11 de outubro de 2009
Cavacas, estações de serviço, identidade
O empregado entregava-me a chávena de café, quando o cliente seguinte, vindo da zona das publicações, perguntou: -Não tem cavacas das Caldas? - Um momento, vou ver – retorquiu o funcionário que daí a pouco surgiu por detrás do balcão com um braçado de embrulhos de papel celofane contendo cavacas.
Estávamos na estação de serviço de Óbidos da A8 e eu tentei evocar as remissões regionais das estações de serviço ao longo da A8 e da A1, as auto-estradas que fazem parte da minha vida há décadas. Desde a de Pombal, do lado Norte-Sul, com os seus azulejos historiados da autoria de Ferreira da Silva, alusivos à história do concelho de Pombal, até à de Leiria, com as imagens dos pastorinhos de Fátima. No interior, são raras as presenças de artesanato e produtos alimentares de cariz local: mais flagrante na Mealhada, com o leitão, ou mais arbitrária em Loures, com uns bolos secos. De um modo geral, as estações de serviço não se apresentam como pontas avançadas do turismo e dai a minha estranheza perante um cliente que na estação de Óbidos inquiria por cavacas das Caldas.
As estações de serviço são um claro exemplo dos não lugares de que fala Marc Augé (Non-Lieux. Introduction à une Antropologie de la Surmodernité. Paris, Seuil, 1992). Um lugar define-se por ser “identitário, relacional e histórico”. Um não-lugar, pelo contrário, é um lugar sem ocupação permanente, um quarto de hotel onde pernoitamos a caminho de outro sítio, uma enfermaria de hospital onde nascemos, um “lar” onde morremos. Locais transitórios, onde estabelecemos em toda a sua precariedade, a imensa solidão das nossas cidades. A malha da comunicação e da distribuição é cada vez mais densa e cerrada. Dentro dela, das redes de autoestradas, do telemóvel e da internet, das redes de supermercados e de centros comerciais habita o mais incomensurável individualismo que é o que se alimenta do provisório, do efémero, do anónimo.
Cavacas é um produto que se compra na estação de serviço de Óbidos da A8 ou um bolo confeccionado por doceiras caldenses e adquirido na praça ou nas pastelarias da cidade, em dia de visita aos lugares das Caldas?
Estávamos na estação de serviço de Óbidos da A8 e eu tentei evocar as remissões regionais das estações de serviço ao longo da A8 e da A1, as auto-estradas que fazem parte da minha vida há décadas. Desde a de Pombal, do lado Norte-Sul, com os seus azulejos historiados da autoria de Ferreira da Silva, alusivos à história do concelho de Pombal, até à de Leiria, com as imagens dos pastorinhos de Fátima. No interior, são raras as presenças de artesanato e produtos alimentares de cariz local: mais flagrante na Mealhada, com o leitão, ou mais arbitrária em Loures, com uns bolos secos. De um modo geral, as estações de serviço não se apresentam como pontas avançadas do turismo e dai a minha estranheza perante um cliente que na estação de Óbidos inquiria por cavacas das Caldas.
As estações de serviço são um claro exemplo dos não lugares de que fala Marc Augé (Non-Lieux. Introduction à une Antropologie de la Surmodernité. Paris, Seuil, 1992). Um lugar define-se por ser “identitário, relacional e histórico”. Um não-lugar, pelo contrário, é um lugar sem ocupação permanente, um quarto de hotel onde pernoitamos a caminho de outro sítio, uma enfermaria de hospital onde nascemos, um “lar” onde morremos. Locais transitórios, onde estabelecemos em toda a sua precariedade, a imensa solidão das nossas cidades. A malha da comunicação e da distribuição é cada vez mais densa e cerrada. Dentro dela, das redes de autoestradas, do telemóvel e da internet, das redes de supermercados e de centros comerciais habita o mais incomensurável individualismo que é o que se alimenta do provisório, do efémero, do anónimo.
Cavacas é um produto que se compra na estação de serviço de Óbidos da A8 ou um bolo confeccionado por doceiras caldenses e adquirido na praça ou nas pastelarias da cidade, em dia de visita aos lugares das Caldas?
Miró no seu jardim
Em St Paul de Vence, os Maeght reuniram o espólio de décadas de convivência e representação de dezenas dos grandes nomes da modernidade artística do século XX. "Nosso agente em Nice" aproveitou o sábado para espreitar ali a exposição de cerca de 250 trabalhos de Miró, entre os quais "Labyrinth". Enquanto o visitante não regressa, com o catálogo, há informação aqui.
Joan Miró, Prades, el Pueblo, 1917.
sábado, 10 de outubro de 2009
Este voto a que temos direito
Este voto não me chega. A mobilidade tornou possível dissociar local de residência e local de trabalho. A multiplicação de laços de pertença (possível porque menos fortes cada um deles) espalha-nos por um território alargado. Temos amigos em diversos pontos do mapa, vivemos aqui e ali, trabalhamos em dois ou três sítios, percorremos distâncias de dezenas de quilómetros para ir ao teatro, ao restaurante, às compras. A distância mede-se em tempo de percurso. A rede viária encurtou o espaço entre cidades, aproximou-as. Na minha percepção das coisas há uma cidade polinucleada, cujos limites geográficos perderam distinção, que substitui a constelação de cidades separadas de outrora. Sinto que o destino de cada uma destas parcelas da minha vida profissional e de relação que vai a votos amanhã me importa. Deveria poder votar em todas elas. O voto de que disponho é curto. Ou então, o modelo de governo das nossas autarquias, assente num modelo de divisão administrativa com mais de 150 anos, está completamente desadequado da realidade.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Campanha sim, autárquica não
Com raras excepções, em geral pelo lado anedótico, a campanha autárquica esteve ausente da cena mediática. A presença obsessiva dos líderes, vagueando pelo país, com as televisões atrás, prolongou a campanha das legislativas. O resultado foi um triplo absurdo: a ideia subliminar de que este processo não estava terminado com a vitória clara e expressiva do Partido Socialista; a secundarização ou mesmo silenciamento da especificidade dos temas autárquicos; a deslocação do foco da agenda para os sound bytes, em detrimento das questões da crise política e da formação do Governo.
Bem Prega Irmã Manuela
Ao longo da sua campanha para as eleições legislativas, a Dr.ª Manuela Ferreira Leite pediu a maioria e exigiu que, em tal caso, o Partido Socialista fosse um partido responsável cooperando na governabilidade do país.
Esmiuça Gatos Fedorentos
Houve um tempo em que não ter "boneco" no Contra-Informação era não ter existência política reconhecida. Está agora a passar convicção similar, a propósito da entrevista política do programa dos Gatos Fedorentos. Mas seria interessante conhecer a lista dos políticos que recusaram sentar-se diante de Ricardo Araújo Pereira.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Subscrever:
Mensagens (Atom)