domingo, 30 de dezembro de 2012

À janela de Anselm Kiefer

Anselm Kiefer, Parsifal I. 1973

2 comentários:

Isabel Soares disse...

Espaço vazio (despido), amplo, por preencher e uma cama de grades, perto da janela cerrada para o mundo (que sossego!). Uma caixa grande de madeira que protege e separa do mundo um bem precioso: cada um de nós. A janela permite espreitar o mundo (se quisermos)

E somos remetidos para a primeira infância, ou melhor dizendo, para aquilo que imaginamos do que nos contaram dela...

A cama branca (de grades – protetora) que atrai o olhar, num ambiente de cor uniforme, pesadamente quente, associada a outra neutra fala da vontade de retorno, pela necessidade (vontade?) de mimo, ou de descanso.

A minha cama estava situada para a esquerda, em relação à janela. Era bege e não branca e havia o Torri, o pastor alemão que de focinho enfiado nas grades velava o meu sono.

Às vezes apetece voltar a dormir um sono, sem cuidados, como o que aqui se sugere.

Isabel X disse...


Deslumbrante esta imagem!

Feita da matéria de que se fazem as coisas. Feita das coisas de que a matéria se faz.

Espaço imaginado, porque imagem, remete-nos para além de nós e para o que somos aí, nesse lugar: matéria. Vestígios de nós mesmos.

Superemo-nos, parece sugerir.

Assim a redenção!

- Isabel X -