Evidentemente ninguém se preocupou em discutir os critérios e, uma vez conhecido o o resultado da escolha, os comentadores agarraram, vorazes, a presa, sondando as intenções e fazendo cálculos sobre o êxito da aposta.
Não estando em causa o mérito intelectual de Vital Moreira, o seus curriculum e prestígio académicos, a qualificação do seu trabalho como jurisconsulto, o brilho da sua acção quer como parlamentar quer como juiz do Tribunal Constitucional, a relevância da sua actividade cívica, a avaliação desta escolha do Partido Socialista deveria ser estabelecida em função dos objectivos que lhe estão subjacentes.
Sendo o principal objectivo do Partido Socialista renovar a maioria absoluta, distintos são não apenas os caminhos a que se atribui prioridade, como os riscos a evitar ou os métodos para estabelecer um controlo de danos. O Congresso de Espinho apontou como risco maior para o PS o do crescimento à sua esquerda, nomeadamente o crescimento polarizado pelo Bloco. Esse crescimento tem aliás sido em grande parte favorecido por Manuel Alegre. Neste quadro, a escolha de Vital Moreira é compreensível. Se eu não estiver enganado, iremos assistir a um duro combate entre Vital e Louçã nos próximos tempos.
De qualquer forma, a aceitação por parte de Vital Moreira deste cargo, tem um significado prático que não deve ser esquecido. Desde 1991, altura em que reconheceu publicamente que a sua militância política se faria na área do PS, Vital Moreira manteve-se (mau grado uma breve passagem pela Assembleia) fora do exercício de responsabilidades políticas directas. Abandonou agora esse distanciamento relativo.