O amor transforma-nos numa pilha de nervos e de medos; de hesitações e incertezas. O amor faz ódio; faz ciúmes; faz fazer e dizer as maiores barbaridades. Os peritos dizem que os instintos de posse têm de ser controlados e até negociados, muitas vezes com a ajuda de pessoal especializado. Balelas. O mais que conseguem é fazer-nos aceitar que o amor, como o futebol, é mesmo assim. O amor é caríssimo - não por ser raro e valioso mas porque não temos voto na matéria. O preço que se paga em ansiedades e sofrimentos e saudades e remorsos não vale os poucos momentos de puro paraíso nem a relativa raridade de mera calma e harmonia [...]
Miguel Esteves Cardoso, "Raio de amor". Público, 14 de Fevereiro de 2009
3 comentários:
"Raio de Amor"!
Que ele não nos fulmine, só ilumine e aqueça.
E o Amor...
E o amor é então todo o longínquo
ardor? O à espera eterno e a solidão
que nele nasce e dele vai até
mais não ser que o relembrar anterior?
Ah, mas se o amor fosse tudo em si...
A lágrima e o riso, o verbo e a carne,
se o amor sonhasse na claridade
e sem ela não fosse um maior sonho...
Aí vem a névoa, aí vem o sopro
da vida a levantar o dolorido
princípio sem fim do talvez, do quase...
E o amor é então todo o longínquo
ardor, o eterno à espera e a solidão
que nele nasce e morre, nasce e morre.
António Salvado, in "Recôndito"
MV
O Amor,
cada um vive-o como deseja e como pode. Às vezes é brutal e encarcerador, outras apaziguador. Mas o dia não tem nada a ver com o Amor. O dia é uma criação que serve muita gente mas que, por outro lado ateia a fogueira, pelo menos, por algumas horas. E isso já dá dinâmica à vida daqueles que, muito em breve, virão para a rua ao som das contradanças carnavalescas.
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