Carta Aberta a Sua Exa. O Primeiro Ministro
Em 1884, Bordalo Pinheiro funda uma fábrica de cerâmica artística, que pretende exemplar, nas Caldas da Rainha. Aí, aquele que muitos consideram o maior artista português do séc. XIX desenha, inventa, modela e pinta milhares de peças que concretizam, excedem e amplificam toda uma tradição, definindo um estilo que ainda hoje, tantos anos volvidos, todos identificamos imediatamente. Mais de cem anos após a sua morte, a fábrica herdeira do seu saber continua a produzir esta obra genial.
As notícias recentes e inquietantes sobre o futuro da Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro obrigam-nos neste momento a manifestar-nos publicamente. Por preocupação com um património histórico único e em defesa da obra de um artista que desde finais do séc. XIX integra o imaginário nacional.
Num momento em que a vida desta empresa conhece piores dias e quando se perspectiva a venda desta fábrica, apelamos a uma intervenção do Estado, qualquer que seja o seu futuro, no sentido de:
- salvaguardar que o espólio do artista Bordalo Pinheiro (moldes, desenhos e peças originais) se mantenha na fábrica e seja a matriz de uma nova estratégia de qualidade e afirmação da marca Bordalo Pinheiro;
- aprofundar a inventariação, estudo, preservação e divulgação deste espólio, promovendo o reconhecimento de uma faceta menos consagrada deste artista;
- salvar uma fábrica única pela sua história e pelo saber especializado daqueles que aí trabalham, assegurando a transmissão deste na formação de futuras gerações, de modo a fazer também desta empresa um lugar de ensino;
- estimular, simultaneamente, a renovação da marca Bordalo Pinheiro, envolvendo nomes prestigiados e novos valores do design e das artes;
- contribuir para a definição de uma estratégia que reposicione a marca Bordalo Pinheiro num segmento de mercado de excelência, a nível nacional e internacional, investindo na sua divulgação, marketing e distribuição.
Os autores desta carta apelam pois ao Estado para que, neste momento crítico, olhe para a singularidade desta situação e, nós próprios, não nos demitindo das nossas responsabilidades enquanto cidadãos, disponibilizamo-nos para contribuir para essa reflexão.
Autores:
Raquel Henriques da Silva, Professora de História da Arte, FCSH Universidade Nova Lisboa
Joana Vasconcelos, Artista Plástica
Elsa Rebelo, Coordenadora do Atelier Artístico da Fábrica Bordalo Pinheiro
Henrique Cayatte, Designer, Presidente do Centro Português de Design
Bárbara Coutinho, Directora do MUDE. Museu do Design e da Moda
Catarina Portas, Empresária A Vida Portuguesa
Lúcia Marques, Curadora Independente
Carmo Afonso, Advogada
As autoras apelam à assinatura pública desta carta. Aqui fica o endereço, embora não entenda o alcance prático de tal iniciativa, curiosamente tomada mais de um mês depois da da associação Património Histórico-Grupo de Estudos das Caldas da Rainha:
http://www.petitiononline.com/Bordalo/petition.html
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
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4 comentários:
Já assinei.Tive conhecimento da mesma através da Elsa Rebelo, uma das signatárias da carta/petição.
NB
Já assinei João. A São Caixinha enviou-me a carta.
De qualqer modo, obrigado
João Ramos Franco
A Petição peca por tardia....
Julgo, que a Solução já foi encontrada...
Subscrevê-la parece-me redundante, a menos que a Solução não agrade.....????
PSimões
Deve ser aquela tese de que quantos mais tomarem iniciativas deste género, melhor, porque reforçam a pressão anteriormente exercida. Eu é que não entendo como é que isso é possível quando nas suas petições não só não falam em qualquer reforço, como nem sequer se referem às iniciativas anteriores, a quem as tomou e aos efeitos que elas já tiveram. Mas isto sou eu que tenho dificuldade em entender as coisas... A acção do PH não foi há mais de um mês, mas quase há dois meses (29 de Dezembro).
- Isabel Xavier -
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