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Ouvira nesse dia um aluno reclamar por não ter tido pão junto da funcionária que percorria ao meu lado o pátio e que faz trabalho na cantina. A senhora retorquira que o que ele queria era fazer sanduiches e que não podia ser. Ele desandou, nós seguimos caminho e eu manifestei estranheza. Aprendera há muito que muitos dos alunos, com grande sentido de autodefesa, quando não conseguiam, ao almoço, comer tudo o que tinham no prato abriam um pão e enfiavam lá para dentro as sobras. Vi fazer sanduiches de arroz que eram gostosamente papadas ao lanche. Não, não pode ser, ó setora, as sanduiches, bem calha, nem são para eles, são para os que estão cá fora e nem senha de almoço têm...
Não há sanduiches para ninguém, pronto.
Com tantos alunos por ali que pouco comem, onde alguns, sabiamente, ao pequeno almoço comem um resto de massa cozida - o jantar da véspera, montes de meninos magricelas à nossa volta, não há pão, não há sanduiches para ninguém.
6 comentários:
O que aqui se conta tem uma dupla gravidade: social e educativa. E como tudo indica que estes problemas se vão agravar e generalizar, preparar as escolas para lhes responder é urgente. Este alerta deve ser levado muito a sério.
Já o que não pode ser levado a sério é a "descoberta" de que há fome por culpa desta equipa ministerial. Essa não lembrava senão ao Esopo.
MT
Viva João Serra.
Depois de ler o post e os 2 comentários lembrei-me de uma ocorrência que verifiquei ontem na minha escola: um professor, pessoa que conheço há mais de 20 anos e que é um enorme profissional, que foi "humilhado" nos critérios para professor titular e que entretanto - e tanta é a saturação - já meteu os papéis para uma reforma com forte penalização, dizia, com a mais absoluta discrição, para uma das funcionárias do bloco onde ambos damos aulas: vá, sff, com o meu cartão electrónico (sim, que na minha escola há cartão electrónico desde quase o século passado e não se continua à espera do anulado concurso (por marosca?) que o actual ministério da Educação promovera para as escolas todas (mesmo para as que têm um sistema equivalente a funcionar há anos) em sinal do mais absoluto centralismo democrático e desnorte financeiro (e decerto que haveria uma dispendiosa cerimónia de celebração da ideia e depois do projecto e depois do...) e compre uns lanches para dois alunos meus que quase não comeram hoje e que estão a desfalecer.
Mas como disse a ministra da Educação actual, não é importante perder os professores desde que se ganhe a opinião pública. O que nos vale é que muitos dos professores preferem perder a ministra e muitos dos encarregados de educação e continuarem com os seus alunos.
Tem sido assim ao longo de anos, como se sabe.
Ufa, que é precisa muita paciência.
Abraço.
Paulo Prudêncio.
As Escolas são o Espelho da Comunidade/Região/País,(Todos sabemos, é um lugar comum))
Felizmente Há Professores. na plenitude do seu significado, que não obstante as confusões e desinformações sobre o seu Estatuto/Carreira/Avaliação, não deixam de o ser.
Os Cidadãos e a Cidadania ser-lhes-ão sempre agradecidos.
Temos que reaprender a ser Solidários....e sobretudo mais atentos.... e exigentes connosco e com a comunidade.
Imagino que a parte final do comentário de MT terá sido suscitada pelo comentário anterior agora apagado e não pelo meu texto que não coloca nesses termos o assunto.
Mas, ainda assim, MT refere que estes problemas se vão agravar e que é urgente preparar as escolas para responder.
Cá está, então não seria mais acertado tratar destas coisas em vez de brincar às avaliações de profes? Ou em vez de inundar as escolas com tecnologias que em tantas, por absoluta falta de condições, não poderão ser usadas? Afinal a equipa ministerial sempre terá culpas neste cartório.
Ao João B. Serra obrigada pela citação.
Aos meninos e meninas da minha terra:
Este post deu-me uma ideia!
MV
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