Quanto aos temas conflitivos, que o nosso jornalismo se compraz em denominar "conflito institucional", foram, e bem, colocados no seu devido plano secundário. De qualquer forma, o Primeiro Ministro não deixou escapar a oportunidade de se colocar no centro da política. Eis alguém que não confunde mensagem ao país com soma de mensagens específicas para cada sector atingido pela crise (como bem notou Medeiros Ferreira na sua crónica política). Tem sido esse o seu melhor instinto e provavelmente o seu melhor trunfo.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Estado da Nação
Presidente e Primeiro Ministro, falaram, com 5 dias de intervalo, sobre o estado da Nação. São duas visões não descoincidentes que todavia reflectem a perspectiva da função dos seus autores. O Presidente foi analítico e prospectivo e o Primeiro Ministro mobilizador e combativo. Esta divisão de trabalho talvez merecesse ser alvo de alguma redistribuição e pudéssemos também ouvir ao Presidente uma palavra de empenho e ao Primeiro Ministro uma de cariz estratégico.
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5 comentários:
No principio de um ano marcado pela crise económica e com eleições à porta, “pudéssemos também ouvir ao Presidente uma palavra de empenho e ao Primeiro Ministro uma de cariz estratégico”, penso que se tivessem acrescentado aos seus discursos muito mais do que aquilo disseram não seria, como se costuma dizer, “Politicamente oportuno”. Actualmente, todas as palavras que digam não devem apontar muito no sentido do futuro próximo, a conjuntura envolvente não é propícia a isso.
João Ramos Franco
Olá João Serra.
Vi a entrevista que o actual primeiro-ministro de Portugal deu ao canal de televisão "sic generalista". Estive com uma relativa atenção e despertei quando se tratou o tema da Educação. E o entrevistado foi claro:
"antes desta avaliação de professores as escolas viviam em paz e tranquilidade mas os alunos abandonavam os estabelecimentos de ensino".
É grave, é triste, é cruel, não é rigoroso e é de um injustiça brutal. Não é preocupante que alguém diga uma coisa dessas, pois vivemos em democracia e felizmente as pessoas são livres de dizer o que bem entendem.
O que é grave é um primeiro-ministro pensar uma coisa dessas com tal convicção que se acolhe no argumento de que os seus antecessores todos só não diziam o mesmo porque disfarçavam o problema. Ou seja, os outros todos eram uma espécie de cobardes que se escondiam perante as dificuldades. Agora não: agora temos um corajoso iluminado: de uma penada e lá vai o abandono escolar através da alteração do processo de avaliação dos professores.
Já o escrevi por diversas vezes: o actual governo acreditou que o combate às taxas de abandono escolar que nos envergonham podia ser concretizado com o recurso quase exclusivo ao trabalho dos professores. E mais: deveria avaliar-se os professores pelo sucesso nesse combate. Com isso, e com outras medidas associadas, desresponsabilizou-se o resto da sociedade na luta contra esse flagelo nacional. É desastroso e brutalmente injusto.
Há estudos que indicam que cerca de 60% da responsabilidade no sucesso escolar dos alunos não depende da escola. E mesmo dos 40% sobrantes, só 10% é que dependem directamente dos professsores.
Percebeu-se o embaraço do primeiro-ministro quando falou das questões da Educação. Dá ideia que o ponteiro da culpa começa a mudar de posição.
João, desculpe. Colei uma das entradas que fiz, para o meu blogue, sobre o assunto. Não gosto de fazer isso. Mas como iria escrever algo parecido, poupou-me umas teclas.
Espero que compreenda.
Abraço.
Paulo Prudêncio.
O Paulo Prudêncio, sempre delicado e prudente, mas dizendo o que pensa, mesmo que transparecendo alguma mágoa. Como eu te entendo! Quando até os amigos parecem estar contra nós, esforçados profissionais!
- Isabel X -
Caro
Paulo Prudêncio
Eu compreendo e dou-lhe razão.
As palavras que eu disse, são sobre o comportamento que os políticos devem ter neste momento, perante situação real do País.
Temos pela frente uma crise económica que só por si afecta o estado social.
Qualquer palavra ou atitude dos governantes que possa provocar instabilidade social, é despropositada para o momento que vivemos.
Perante a crise que atravessamos, o momento é de união e não de querelas sectoriais, que nos afastem de uma realidade séria que afecta Portugal.
Fui assim até ao 25 de Abril, também o fui durante o PREC e serei sempre, desde que sinta que a democracia possa estar ameaçada.
João Ramos Franco
Viva João Ramos Franco e Isabel X.
Obrigado pelas vossas palavras. Peço desculpa de só agora responder, mas não tinha reparado nestes comentários.
João Ramos Franco: o meu comentário anterior nesta entrada do João Serra foi apenas um desabafo sobre a situação em que estou muito envolvido: a luta dos professores. Não se tratou, portanto, da abertura de uma discussão, que seria muito interessante, sobre a entrada do João Serra ou mesmo dos comentários que se seguiram.
Isabel X: o Paulo "mesmo que transparecendo alguma mágoa": Isabel X: não se trata de alguma mágoa mas da mais profunda tristeza.
Abraço e obrigado.
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