quinta-feira, 12 de março de 2009

Só...

Só o ser amado realiza em mim a totalidade do meu desejo do mundo: não só o desejo por ele próprio, ser amado, mas o do meu corpo por mil corpos, o do meu ser por mil seres, com que cada dia fugazmente me cruzo. Só a densidade da relação amorosa, só as misteriosas afinidades electivas, permitem cumprir em recíproco êxtase o que nunca passou de virtualidade, de fantasma - ou de efémera mutilação.

João Martins Pereira, O Dito e o Feito. Cadernos, 1984-1987. Lisboa, Salamandra, 1989. p. 65.

1 comentário:

João Ramos Franco disse...

Só...
Que nunca está só...
João Ramos Franco