terça-feira, 31 de março de 2009

Na Bordalo Pinheiro

Lembrar-se-ão alguns do que aqui escrevi no dia 6 de Fevereiro, manifestando inteira confiança no Grupo empresarial que corria ter entrado em processo negocial com os accionistas da Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro. De facto conheço bem o Grupo Visabeira, criado nos anos 80 do século passado, e em especial o seu líder, o Engº Fernando Nunes. 
A cerimónia de hoje à tarde nas instalações da empresa nas Caldas da Rainha teve uma expressão afectiva que muito tempo perdurará na memória dos que estiveram presentes. Penso que essa dimensão calorosa só foi possível porque tanto a nova administração da Bordalo como o representante dos trabalhadores imprimiram ao acontecimento uma forte nota humana, sem deixarem de ser claros nos objectivos que se propuseram. A presença do Primeiro Ministro, o interesse que manifestou pela história da empresa, o cuidado que colocou no gestos e nas palavras e o entusiasmo que transmitiu aos responsáveis pela solução encontrada sublinhou o forte carácter simbólico desta transmissão de poderes.
O Ministro da Economia falou em "milagre". Claro que se trata de um milagre de humanos. De Fernando Nunes e de Vera Jardim, de Castro Guerra, de Manuel Pinho e de José Sócrates, de Carlos Elias e trabalhadores da Bordalo, de Fernando Costa, de Elsa Rebelo, de Isabel Xavier (PH-Caldas), de Joana Vasconcelos, Catarina Portas e Henrique Cayatte e um sem número de outros personagens anónimos que advogaram, persuadiram, encorajaram, facilitaram o encontro de soluções.
Um milagre, sobretudo, de um dos nomes mais emblemáticos da criação portuguesa, desse génio chamado Rafael Bordalo Pinheiro.
Em todos as esquinas da história da empresa que o trouxe às Caldas em 1883/1884, foi o seu nome que salvou a unidade produtiva e lhe garantiu a continuidade. Em 1891/92, quando o primeiro grupo de accionistas desertou e ele ficou sozinho à frente da Fábrica, em 1900 quando o seu nome susteve a cobrança de dívidas por parte dos bancos, em 1908 quando seu filho recuperou na justiça os modelos que criara, em 1924 quando inspirou um grupo de investidores caldenses a adquirirem a sociedade. E em Março de 2009 quando, uma noite em Viseu, o seu sorriso largo se intrometeu num jantar do Eng.º Fernando Nunes para o convencer em definitivo que a Bordalo Pinheiro precisava da sua visão de empresário e da sua generosidade de português do mundo.
Nota
Registei fotograficamente a visita de hoje à tarde. Mas a imagem com que me apetece ilustrá-la é a de uma fotografia que o Vasco Trancoso fez na Foz do Arelho no passado Domingo e que enviou. A paisagem luminosa que reteve é exactamente aquela que serviu de moldura ao almoço onde estive hoje com o Engº Fernando Nunes e os administradores das sub-holdings da Visabeira.

3 comentários:

Isabel X disse...

Que a "paisagem luminosa" que serviu de cenário ao almoço, represente o sinal de esperança para o futuro das Faianças Bordalo Pinheiro que todos desejamos. É bom ver casos como este em que tantos esforços se conjugam para alcançar um mesmo e valioso fim!
- Isabel Xavier -

Anónimo disse...

Foi uma surpresa muito agradável ver, no teu Blog, a foto que te enviei.
João...É uma honra e um privilégio teres publicado a imagem... ainda por cima acompanhando uma notícia de grande significado para as Caldas...
Um grande obrigado e um abraço amigo.
Vasco Trancoso

Anónimo disse...

Linda a foto. Outra coisa não seria de esperar, uma vez que o seu Áutor é um Especialista na matéria.
Atente-se o pormenor do efeito ondulado da lagoa, à semelhança do efeito da calçada representada a preto. Brilhante!
Excelente escolha Dr. João Serra.