Interessante palestra que ontem fui ouvir aos Paços do Concelho da Póvoa de Varzim ao Professor António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa. Um balanço modulado entre o voluntarismo das políticas e a rendição perante contrariedades, obstáculos e inércias instaladas foi o que o orador procurou traçar. Evidenciou o "atraso" de um século nos indicadores quantitativos da escolarização entre Portugal e os países da Europa do Norte. Menos convincente a explicação adiantada: falta de continuidade no esforço em prol da educação. Às vezes pergunto-me se não estamos perante um círculo vicioso e se o investimento na escolarização não está destinado a só ter êxito depois de ultrapassado um limiar mínimo de cultura escolar disseminada entre a população. Se as famílias não estiverem convencidas da "bondade" da instrução dos seus filhos, o êxito das políticas de ensino pode estar comprometido à partida. Por outro lado, apesar das torturas a que submetem as estatísticas os historiadores neoliberais, ainda não foi abalada a pertinência da tese que vê na persistência de uma iliteracia esmagadora uma das razões do "atraso" português.
Ocasião também para rever, além do António, outros membros da família a que me ligam laços de consideração e estima: o Conselheiro Sampaio da Nóvoa (que foi Ministro da República para os Acores) e o Engenheiro Faria Frasco (que foi director da revista Cerâmicas); e para dar um abraço a José Carlos de Vasconcelos, um poveiro, coordenador deste ciclo de conferências.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
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12 comentários:
Muito bem pensado, João. As famílias, grande parte das vezes, deixam os filhos andar nas escolas porque sim. Porque tem que ser, enquanto tem que ser. Não têm em conta algo que eu digo, às vezes, aos alunos, referindo-me ao futuro: que a escola não resolve tudo, mas sem ela é que não se resolve nada.
No entanto, a "falta de continuidade" também me parece bastante convincente e, se bem percebo o que a expressão significa, trata-se de um eufemismo. Cada regime político, cada governo que toma posse, sente uma necessidade profunda de mudar tudo quanto à Educação. Se por vezes isso é salutar, outras nem por isso. Mudar por mudar, sem orientação, e sem ter em conta que os "actores" da mudança são os mesmos, tal como as escolas, as famílias, os alunos, a sociedade, torna tudo muito artificial e pouco eficaz.
Talvez isso também contribua para a falta de confiança que as famílias depositam nas escolas e para a ausência de convicção da sua "bondade" na instrução dos filhos. Lembrei-me agora.
- Isabel X -
De acordo, caro Prof. Serra.
Quantas vezes não tomamos, erradamente, por causa aquilo que é mero efeito?!
No caso da educação, essa falácia tem raízes profundas e bem antigas: o intelectualismo setencentista, ainda muito vivo entre nós, continua a fazer-nos crer que a "ilustração escolar" é o "primum movens" do desenvolvimento cultural, económico, civilizacional, sendo, talvez, dele um mero fruto.
As superlativas esperanças que, como nação, colocamos na "Escola" (uma "paixão", como se apresentou para alguns), bem como as invectivas sobre a mesma na descarga das nossas persistentes frustrações colectivas, disso serão testemunho.
Impresso no livro Miscellania Helênico-Literaria em uma publicação de 1863 em Lisboa. Está à disposição na biblioteca de Harvard desde 1924. Onde o Prof. Antonio Jose Viale, Sócio Effctivo da Academia Real de Sciencias descreve no Antiloquio.
“A creação do curso superior de letras foi um verdadeiro progresso na organisação instrução pública de Portugal. Na mente do esclarecido soberano a quem se deve a iniciativa d’esta instituição o curso de letras era a penas o primeiro passo dado para o estabelecimento de uma escola superior com um número de cadeiras de Litteratura, Philologia, História e Philosophia, correspondente a dignidade de uma faculdade universitária...
...Para cursar o aproveitamento dos estudos superiores, propriamente literários os preparatórios exigidos pelo regulamento vigente são fracos, incompletos, minamente superficiais, numa palavra insufficientes. Expressamente reconheceu o augusto fundador do curso superior de letras da carta dirigida em 31 de outubro de 1858 ao então ministro da fazenda sr. conde de Ávila. O remédio deste mal só pode vir do alto, isto é de providencias emanadas dos poderes públicos...
...Outro inconveniente que dificulta entre nos o progresso nas disciplinas é a escassez de livros...
...É de desejar que este obstáculo à propagação e instrucção histórica, literária e philosofica se vá desvanescendo mediante os esforços dos escriptores zelosos e competentes.
Hoje é meu Aniversário...
POIS AQUI NESTE BLOG ESTAMOS TODOS - AUTOR E COMENTADORES REGULARES - A CANTAR OS PARABÉNS A VOCÊ A CLAUDIA S: TOMAZI, NOSSA ESTIMADA AMIGA DE SÂO PAULO.
Apenas uma ressalva; natural da Foz do São Sebastião do Tijucas Grande, Santa Catarina, Brasil.
Agradecendo vossa atenção, Parabenizamos neste dia 15 de setembro, pelo Aniversário deste Blog o Prof. João Serra, que nos leva nos seus passos diariamente, fazendo-nos compreender este presente que é a vida.
Muitos Parabéns, Cláudia!
Muitas Felicidades!
Muitos Anos de Vida!
Mesmo desafinando (se fosse ao vivo, com certeza...) estou no coro com o João.
Tem sido uma bênção, algo de refrescante, conhecê-la e encontrá-la aqui, Cláudia!
- Isabel X -
Corrijo de imediato: neste dia feliz parabenizamos a nossa querida amiga Claudia, poeta de Santa Catarina, Brasil, a quem desejamos as maiores felicidade.
Adoro estes nomes que, julgo, só podem ser encontrados no Brasil:
"São Sebastião do Tijucas Grande!"
Do resto também gosto, mas deste pedacinho...
Como é que não se há-de ser poeta sendo de uma terra com um nome assim?
- Isabel X -
Apenas a justificar Isabel X. Mas, tudo do lado de cá do Atlântico, tem dedos de Portugal, na bravura de vosso reino, hoje aqui é Brasil. Em todos os lugares apontavam, e a este, um santo do dia concorria. Nas defesas, o prumo dos desígnios, nas quais são dezessete fortificações só na ilha capital catarinense, Forte Santa Cruz do Anhatomirín, São José da Ponta Grossa, Santa Bárbara, Santana, Fortaleza Araçatuba e por aí vai. Erguidos na graça de Deus, e zelo da coroa ao enviar, para o quê, era este fim de mundo, o Brigadeiro José Silva Paes. Ele que distante da pátria dedicou seus dias a desbravar e erguer defesas, pois do contrário, teria tido este chão meridional, outras aventuras, que nem lhes ouso comentar, sem pecado fazer. Então, caríssima Isabel X, pode parecer piegas, mas, a verdade respira esta alma na historicidade do nosso Brasil, meu, seu e de todos que por força da justiça divina tem laços pelo sangue que aqui fora derramado. Nem sabem, portugueses a força que vos tem no Brasil.
Agradeço os seus esclarecimentos e o sentido que eles tomam nas suas palavras, Cláudia.
É bom para nós, portugueses, partilhar tanta história com os brasileiros.
O futuro é a lusofonia, mesmo.
Não há outro.
Um beijo,
- Isabel X -
Isabel X, quer saber quem faz a diferença deste Blog? Você :)
É uma característica inenarrável, e que os demais me perdoem! (por entregar o ouro para o santo).
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