António Lobo Antunes ("Trabalho-Casa", Visão, 15 de Abril de 2010):
[...] e a do trabalho-casa, subitamente maternal, aconselhou-me
- Devia casar-se, sabia?
E talvez devesse casar-me, realmente, arranjar uma criatura em condições que me tirasse, em simultâneo, as espinhas do peixe e as da alma, me pusesse a pasta na escova e me tratasse por Biju. Quando eu era pequeno a mulher sumptuosa do farmacêutico tinha um cão chamado Biju. Ficava à janela, de Biju ao colo, a fumar cigarros lentos, inacessível, e eu cheio de formigueiros na planta dos pés. A propósito de casamento, e já que estamos nisso, a mulher do farmacêutico será uma criatura livre agora?
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Duas taças
Na taça de vinho,
o riso veio.
Tam farto de Rita.
Alheia a vida,
exalta o seio.
O riso do vinho,
aroma do seio.
Tam cheia taça.
E Rita exalta,
o farto veio.
Taças de aroma,
vinho e veio.
Tam farta vida.
O riso exalta,
Rita e o alheio.
Aroma de vinho,
no riso cheio.
Tam vida de Rita.
Alheio se farta,
taça e seio.
Enviar um comentário