Pude participar numa única sessão, o que me impediu de obter uma visão mais aprofundada da diversidade de temas e problemas, mas o que ouvi e o que conheço do contacto directo com outros investigadores envolvidos, permite-me dizer que se trata de uma iniciativa singular, pela forma como se propôs abordar o objectivo estratégico de valorizar o património de Óbidos (aliás, os patrimónios), pelos recursos que soube reunir para suscitar a participação da comunidade académica e pela metodologia inovadora que aplicou, contractualizando com equipas de investigação a realização dos estudos considerados fundamentais. Os primeiros trabalhos estão concluídos e começarão a ser editados. Alguns resultados já originaram comunicações a colóquios e palestras ou estão mesmo disponíveis na net. Provavelmente, a Câmara montará em seguida um dispositivo científico e técnico que lhe permita preparar uma candidatura a paisagem cultural da humanidade. Todos os intervenientes neste programa trouxeram contributos que viabilizam e conferem coerência e peso a esse objectivo.
Este exemplo merece ser avaliado e repercutido noutros locais. O património não se decreta nem fala por si. É preciso documentá-lo, pesquisá-lo, em suma, produzir conhecimento e definir acções que o valorizem e requalifiquem. Esse caminho de rigor é o caminho exigente que pode produzir efeitos válidos e duradouros.
As investigações patrocinadas pelos município de Óbidos cingem-se naturalmente ao seu espaço administrativo actual. O seu alcance porém ultrapassa essa fronteira. E em boa medida ganharia em consistência e valor científico e cultural se o seu âmbito pudesse abarcar todo o espaço histórico-geográfico em que Óbidos se insere: o vale tifónico das Caldas da Rainha, que vai de Alfeizerão até ao Bombarral, ou como ficou definido no estudo publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1961, a "Região a oeste da Serra dos Candeeiros".
É um repto às Câmaras implicadas neste território mais alargado: Caldas da Rainha e Bombarral, num primeiro plano, e, num segundo, Cadaval, Peniche, Alcobaça e Rio Maior. O trabalho pioneiro de Óbidos obteria a sua máxima ressonância e projecção com a complementaridade do estudo em moldes similares dos concelhos vizinhos. O associativismo intermunicipal está aqui também posto à prova.
1 comentário:
Sem dúvida! Os bons exemplos são para seguir, ampliando-os e conferindo-lhes um significado mais expressivo porquee territorialmente mais abrangente. Não somos uma "manta de relatalhos" definida pelas fronteiras administrativas dos municípios, mas regiões com coerências próprias que só podem ser devidamente estabelecidas com base em estudos e investigações credíveis.
- Isabel X -
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