PS

O PS ganhou as eleições. Para memória futura:
- nas semanas a seguir às eleições europeias, ninguém parecia acreditar que o Partido Socialista conseguisse recuperar;
- muita gente, do próprio PS, olhava então para o Engº Sócrates como um factor de derrota e não de vitória;
- o único Partido que indicou como objectivo a perda da maioria absoluta do partido do Governo foi o CDS/PP; todos os outros, do PSD ao Bloco de Esquerda, indicaram como objectivo a derrota do PS; não é intelectualmente sério clamarem agora que o povo lhes deu razão; e de facto não deu; 
- a vitória do PS não se fez com a restante esquerda, mas apesar da restante esquerda;
- o PSD partiu para estas eleições convencido de que ganhara as eleições europeias, quando algum bom senso o deveria ter levado a ler com atenção a transferência de votos do PS (que não se fez para o PSD mas sim para o Bloco);
- o Eng.º José Sócrates que chegou à vitória, depois da mais negativa campanha de que me recordo contra um primeiro-ministro, não é o mesmo que ganhou as eleições, em 2005, num contexto de dissolução; esta vitória é mérito exclusivo dele e revelou um novo politico agora muito mais experimentado e posto à prova.

O PS ganhou as eleições. Agora trata-se de formar um governo novo:

- embora existindo ainda umas eleições (importantes!) para travar, conviria encerrar rapidamente o dossier das legislativas para impedir que a campanha anterior contaminasse o processo de formação de governo;

- este é o momento do verdadeiro teste político à cooperação estratégica entre Governo e Presidente, onde se verifica se ela tem os dois sentidos que a expressão exige e é negociada por ambos com o respeito, empenho e imaginação que a situação requer;

- a principal reforma que José Sócrates e o governo novo terão de encarar é o do próprio modelo de governação; num tempo em que da economia pouco vem para redistribuir, há que pensar em redistribuir poder.