O principal alvo desta campanha só podia ser o actual Presidente da República. Quando este tipo de argumentação foi, aliás timidamente, pela primeira vez ensaiado pelo PSD estávamos em 2000 e o Presidente era oriundo da mesma área política do Governo, o PS. Mas agora que o Presidente provém da área política do PSD e foi eleito com o suporte político do PSD e do PP, um tal ataque é duplamente desastrado. A verificar-se uma "asfixia democrática", o responsável só podia ser o Presidente, a quem compete, constitucional e moralmente, garantir o funcionamento das instituições, o respeito pelas regras e preceitos da democracia e as condições para uma alternância governativa.
A primeira vítima de uma campanha estrategicamente errónea do PSD foi o Presidente. O desgaste do Presidente visava limitar a sua margem de manobra no pós 27 de Setembro. Essa finalidade parece atingida. Quem ganhou com isso? Já ouço aquelas vozes do costume a falar de 4ª República.
Espero que o PS não se deixe enredar neste jogo perigoso. Eu gostaria de parafrasear um antigo dito célebre: é preciso que o PS ajude o Presidente a acabar bem o seu mandato.
3 comentários:
Inteiramente de acordo.Análise sábia, avisada e experiente.....como de costume.
NB
Viva João Serra.
É um assunto que começa a complicar-se, realmente. É inquietante imaginar que estas matérias decorrem a este nível e, muito francamente, ninguém percebe as razões para tanta "espionagem" entre dois órgãos de soberania num país que vive em democracia. E é uma pena: tantos problemas e os seus principais actores a dedicam o seu nobre tempo a tarefas deste género.
Vamos aguardar pelos desenvolvimentos.
Abraço.
Tudo o que andamos a falar sobre a "Asfixia" tem origem numa noticia do jornal o Público. A fuga de documentos para o Diário de Noticias e o publicar do documento que parece ter dado origem à primeira noticia é que nos leva a tentar descobrir como tudo foi manipulado.
Após as declarações de Presidentes anteriores, de que era rotina no Palácio de Belém, fazer-se detecção e limpeza de possíveis escutas, sinto-me perplexo ao ouvir estas notícias, na medida em que apesar de a detecção e limpeza ser hábito já anterior nunca vir a público.
Pergunta-se, o actual Presidente não segue o que vinha sendo uma rotina nas anteriores Presidências? Não creio…
Alguém torna esta rotina em notícia, na época eleitoral é mais crédulo para mim… O sentido de "asfixia democrática" era mensagem que queriam fazer passar, mas como devemos compreender de todos factos analisados até ao momento, não passou…
João Ramos Franco
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