Dezoito anos passados sobre a estreia, vi agora o filme de Luís Galvão Telles. Lembro-me de como a critica foi implacável com este A Vida é Bela?! Tanto quanto a distancia temporal nos permite ser eventualmente mais justos, o filme não ganhou, para mim, entretanto, nenhum motivo de interesse. Se, em 1982, o filme não passava de uma revisitação forçada do teatro de revista, agora o cariz burlesco de toda a encenação ainda mais sobressai.
Aparentemente, os autores do guião acharam na peça de João Verdades (pseudónimo do jornalista José Augusto Tito Gonçalves Martins), Hipólito do Ó (1938), virtualidades que hoje decididamente não é mais possível detectar. A visão de um Hipólito do Ó que chega a Ministro sem saber como, acumulando as pastas da Instrução e do Comércio em 1925, que se lança, em 1927, na aventura reviralhista e acaba rendido aos “vícios” do salazarismo não passa de uma caricatura medíocre.
O cinema português lida mal com a história e este filme nem sequer aspira a contar uma história. Como explicaram, na sessão de comentário e debate da passada sexta-feira em Guimarães, Luís Farinha e Alice Samara, não há nenhum nexo razoável entre a interpretação simplista e distorcida que o filme transmite e o que foi a história da República nos anos 20.
domingo, 24 de outubro de 2010
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2 comentários:
Não conheço o filme, não tenho opinião própria sobre ele.
Escrevo apenas para registar uma tendência (muito nossa) ao nível da criação literária, por exemplo, a de as personagens serem caricaturas.
Se houver génio, o resultado é óptimo como é o caso de Eça de Queirós.
Quando não há, é um desastre...
- Isabel X -
sempre me fez confusão que realizadores inteligentes realizem filmes mediocres.
uma das explicações, que não explica tudo, é eles nunca conseguirem os meios necessários para fazer os filmes que queriam.
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