José Pacheco Pereira, hoje na Assembleia da República:
É verdade que houve de 1910 a 1926, instabilidade, violência política, guerra civil, intolerância, repressão, manipulação eleitoral, actuação anti-operária e anti-sindical, censura, mas também é verdade que muitos republicanos, depois de afastados do poder, mostraram o melhor de si próprios.
Quando, depois de 1926, foram perseguidos, exilados, presos, impedidos de exercer a sua profissão, afastados das forças armadas, desempregados, insultados e agredidos, muitos republicanos, incluindo os chefes partidários, permaneceram fiéis a uma resistência tenaz, tanto mais valorosa quanto durou quatro décadas, em que muitos podiam ter-se acomodado e desistido. Em muitas terras de Portugal, e não só nas cidades, eles fizeram sempre a melhor propaganda que há, a propaganda pelo exemplo.
Talvez por isso, mais do que a Primeira República de 1910 a 1926, comemoramos hoje a sua imagem na resistência nos anos do salazarismo e do marcelismo, quando se via, como eu vi, nas romagens aos túmulos das vítimas do 31 de Janeiro no Porto, alguns velhos a chorarem quando gritavam emocionados “viva a República”. A revolução republicana já pouco dizia à minha geração, mas essa emoção dizia quase tudo. Esse “viva à República” era um puro acto de liberdade em tempos de servidão. E esse grito de liberdade merece todas as comemorações.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
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4 comentários:
Esse grito, em qualquer momento histórico, merece sempre todas as comemorações - quando é, verdadeiramente, um grito de liberdade.
O Pacheco Pereira emociona-se com gritos de liberdade. Eu também. Mas é também um homem de retórica.
Gritos de viva a república num regime que a negava podem ser e serão gritos de liberdade. E esses gritos devem ser celebrados. Por isso celebre-se o 25 de Abril que é a resposta a esses gritos, porque o 5 de Outubro de 1910 foi a negação dessa liberdade.
Duvido de que se seja contra a comemoração do centenário da República em nome da comemoração do 25 de Abril de 1974.
Aliás, comemorar o centenário do 25de Abril de 1974 já não vai ser para nós.
As comemorações do centenário da República servem para melhor conhecer um período da História de Portugal particularmente "em branco" na consciência dos portugueses.
Os valores republicanos em que os revolucionários do 5 de Outubro de 1910 acreditavam ocupam um lugar mais significativo na nossa História do que julgamos.
Pacheco Pereira chamou a atenção de um dos seus aspectos.
- Isabel X -
Parafraseando Mário Soares, uma república é uma república. Uma ditadura não é republica.
A Isabel X poderá duvidar do quiser. Eu não consigo comemorar uma data que representou tudo aquilo que não quero para o meu país. A perda da liberdade, em nome de ideais com que se enchem a boca. É tão simples como isso. O resto é retórica.
Lembrar a data é uma coisa, comemorá-la, outra.
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