O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúpia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.
Luisa Neto Jorge (1939-1989)
Quinze Poetas Portugueses do Século XX. Selecção e Prefácio de Gastão Cruz. Lisboa, Assírio & Alvim, 2004. p. 456
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
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3 comentários:
" O poema é a régua com que Deus mede a humanidade ".
Qual é a distância entre você e o objeto, quando o objeto é você?
Como agravante a poesia vesti um ser que não pertence ao poeta, mas, a quem assume sua realidade.
Esta fuligem me consome
sou apenas mais um nome
entre Marias e Josés
que da cadeira são os pés...
"como se perde os sentidos
numa queda de amor (...)
até à queda vinda
da lenta volúpia de cair"
Há frases que precisam de ser copiadas por nós e nós de as copiarmos, para melhor nos absorvermos delas e elas de nós.
- Isabel X -
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