Chama-se desavinho o aborto das flores que caem sem vingar seu fructo. Este fenomeno é algumas vezes o resultado de má conformação da flôr, adstricta a certas castas de vides; em tal caso está naturalmente indicado o abandonar essas castas, substituindo-as por outras, ou seja empregando a enxertia ou o bacello. Na maioria dos casos, porém, o desavinho é o resultado de circumstâncias atmosphericas diversas, taes como um abaixamento sensivel de temperatura, uma humidade prolongada, alternativas de orvalho e insolação ardente, ou ventos dessecantes no momento da floração.
Tem-se proposto contra o desavinho o emprego do desponte e da incisão annular, que teem uma verdadeira efficacia em certos casos, mas que são de uma applicação diffícil nas vinhas extensas e muitas vezes perigosas sob o clima meridional. As enxofrações dadas no cêdo, uma alguns dias antes da abertura das flores (ultima quinzena de maio), a outra nos meiados de junho, parecem ser o meio mais efficaz e mais prátco de impedir o desavinho.
Gustavo Foëx, Manuel Prático de Viticultura Para a Reconstituição dos Vinhedos Meridionaes. Vides Americanas. Submersão e Plantação nas Areias. Versão da 3ª edição Seguida de Varias Notas sobre Estudos feitos em Portugal por Alves Torgo. Porto, Livraria Civilização, 1886. p. 200-201.
Nota: esta transcrição não passou pelo corrector ortográfico do novo acordo!
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
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1 comentário:
Ainda bem que não passou pelo corrector ortográfico do novo acordo. Assim tudo soa mais genuíno, com palavras que eu não conhecia, mas às quais adiro de imediato, sem reservas, como "desavinho": lindo!...
Quanto a alternarem "orvalho" e "insolação ardente", com consequências nas vinhas ou onde quer que seja, hoje isso já pouco importa. O tempo está inclemente, tal como os tempos: chove, faz vento!...
Há uma linguagem figurada em tudo isto, mas também isso importa pouco. Estamos sujeitos, isso sim. Tudo nos ultrapassa e nós no meio de tudo, sem sabermos como aí fomos parar...
- Isabel X -
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