Uma reapropriação da tradição republicana, a par com o desenvolvimento de uma visão neo-republicana adapatada à política contemporânea, deverá implicar mais do que uma mera recuperação do catecismo republicano tradicional, evitando aplicar mecanicamente as suas receitas ao Estado moderno. Onde a república foi historicamente um regime que privilegiava as elites ou os proprietários, terá hoje de ser um regime inclusivo. Onde foi, tradicionalmente, um regime dominado por homens, hoje terá de se abrir a ambos os sexos. Onde foi homogénea no plano cultural, destinando-se apenas a um tipo de pertença étnica ou religiosa, deverá hoje preencher espaços frequentemente multiculturais. Onde dispôs de uma estrutura suficientemente simples para permitir a todos os cidadãos seguir os factos e os gestos, deverá hoje prever que a sua complexidade seja acompanhada por uma vigilância assente numa divisão de trabalho cívica. Onde os cidadãos eram suficientemnete fortes para experimentar apenas a necessidade de se protegerem uns dos outros e dos inimigos externos, hoje é necessário reforçar os seus poderes e assegurar-lhes protecção para que possam escapar à dominação.
Philip Pettit, « Remanier le républicanisme », Revue du MAUSS permanente, 27 novembre 2007 [en ligne]. http://www.journaldumauss.net/spip.php?article216
domingo, 17 de outubro de 2010
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