Recorda Fitoussi o tempo de Reagan e Thatcher que desmantelaram a "tenda", criando condições para que a lei bancária se impusesse à lei do mercado. O resultado foi uma mentira global, a "promessa de que seria possível dar a ganhar a todos mais do que a média dos lucros" (de facto, "uma impossibilidade aritmética").
E agora? Como a "tenda de oxigénio" foi destruída, o capitalismo deu entrada na "sala de reanimação".
Mais uma vez é a Democracia, com a sua "tendência para se ocupar de tudo" que se apresta a abrir a porta, equipar a sala e garantir o funcionamento. É realmente uma jovem, conclui Fitoussi. Tem o síndroma do "bébé ao colo".
2 comentários:
Se desta crise não sair o primado da política e da discussão ideológica, o regresso do confronto ideológico entre os diversos modelos de construção de uma forma mais justa de organização social, teremos pago os desmandos dos vigaristas em vão.
Será isto possível sem que a "arrogância tecnocrática" da direita nem a "superioridade moral" da esquerda impeçam este debate e esta reflexão/? Ou estaremos ainda dependentes da dimensão do desastre neo-liberal?
Uma boa pergunta para a qual não há (ainda?) uma boa resposta.
Fitoussi, neste texto de hoje, explicando com a sua clareza habitual quais as leis de que as instituições financeiras se "esqueceram", observa que a singularidade desta crise assenta no facto de ser a primeira crise de compreensão do sistema por parte de um sector que foi e continua a ser o maior consumidor de inteligência das nossas sociedades.
Ou seja, não estão criadas as condições para um debate que todavia nao pode ser adiado.
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