terça-feira, 21 de outubro de 2008

Cinderelo dos pés grandes

Perdeu-se o rasto de "Cinderfella". O passo, o olhar, a respiração. O improviso. 
Quem o viu, o quer, o espera?


10 comentários:

Margarida Araújo disse...

Fotografia plena de erotismo e de ternura também. Aqueles enormes sapatos almolgados de andar em busca acolhem como num abraço os sapatos vermelhos, frágeis que de cerâmica são, intensos de vermelho apaixonado. Quem encenou? Para mim é um encontro, de amor, claro.

Anónimo disse...

Haverá um Jerry Lewis em todos nós?...esperando por um Ed Wynn, milagreiro, tresloucado, mágico padrinho???

João B. Serra disse...

A história destes dois pares de sapatos não está toda contada nem terminada. Há episódios anteriores e, quem sabe, se futuro. Este end pode não ser happy e nem sequer end.
Voltarei ao tema, se me permitiem, com a vossa exuberante cumplicidade.
Mas que Jerry Lewis marcou as nossas vidas, lá isso é verdade! E que revê-lo - seja num C130 a caminho do outro lado do mundo, ou na "casa de campo" da Elis Regina, à beira de uma barragem - nos faz mais perspicazes e divertidos, não é menos verdade!

Anónimo disse...

Trata-se da dança aprisionada.... os dois pares de sapatos são-me familiares......por isso, trata-se, sem dúvida, de uma provocação integrante de um folhetim que está longe do seu fim.
Numa outra perspectiva, trata-se de uma obra de arte bem contemporânea, ou a prova provada de que a arte é sempre provocatória e provocadora.
Um par de sapatos refém de um par de sapatos, ou a cerâmica aprisonada num colete de forças de cabedal e borracha.
Um par de sapatos que cumpriu a sua função, utilitária, e que agora se transformou, por apropriação, em obra de arte(diga-se, prima); um outro, que começava agora a brilhar, que foi cativado pela silenciosa existência de um espaço ajustado.
Quanto a qualquer leitura de cariz psicanítica sexual é pura coincidência.
Crie-se uma movimento peticionário de apoio à libertação do par de sapatos da Ana Sobral.
Libertem a dança e o "pecado" do ritmo.....
NB

João B. Serra disse...

Não tem razão, NB, porque a obra de arte não pode ser aprisionada - não se deixa aprisionar. Provavelmente é da sua natureza. Que um velho par de sapatos, suficientemente largos para serem tudo menos um colete de forças, possa por momentos ter acolhido o brilho vivo de um par de sapatos vermelhos é porventura digno de registo. Posso sossegá-lo,porém, NB. Ambos já recuperaram os seus destinos: a função utilitária um, o livre voo de pássaro outro.
Se em vez da psicanálise, desse mais atenção a Jerry Lewis teria sido mais generoso para com esta alegoria.

Anónimo disse...

Os psicanalistas (que me perdoem...) têm a "mania" que explicam tudo! Um par de sapatos pode aprisionar-nos os pés, o PENSAMEMTO, esse...

Anónimo disse...

A mim tudo me parece bem mais simples. Um maravilhoso par de sapatos saltou um dia da caixa onde se achava fechado e foi atraido por um velho, mas talvez ainda não decrépito, par de sandálias. A dúvida reside apenas em saber se, numa próxima aparição, surgem lado a lado e caminhando no mesmo sentido.
MT

Anónimo disse...

Antevendo que aos delicados "sapatos vermelhos" (que já saltaram da caixa, se encaixaram nas sandálias, a que não chamaria velhas)espera uma caminhada, lado a lado, dedico-lhes este belo poema de António Machado:

"Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

Nunca persequí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...

Nunca perseguí la gloria.

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

João B. Serra disse...

Obrigado, Manuela, por nos relembrar este magnífico poema de um extraordinário poeta. "O caminho faz-se caminhando".

Anónimo disse...

Uma opinião pessoal ....

http://www.youtube.com/watch?v=7v92LHHgJoI#t=0m18